capítulo 3- A definhar

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loisenoeminobre @Amanda ZelitaNascimento2309 FernandaSpier  a vocês minhas irmãs, obrigada pelo apoio, carinho, amizade.
Este capítulo é para vocês.


Madie

- Já te disse que não vou para casa, eu vou ficar aqui a teu lado. Quando vais aceitar que eu não te vou deixar? - disse eu cansada. Todos os dias era a mesma conversa.

- só não gosto de te ver aqui a sofreres ao meu lado, temos que aceitar que já não vou sair deste hospital. - Janine falou com a lágrima a cair.

Durante o último mês de Julho, o estado de saúde da minha querida Janine piorou muito, o câncer cresceu um pouco, tinha desmaios, vomitava muito devido a quimioterapia e o organismo estava a começar a rejeitar a medicação nova. Os médicos estavam a ponderar uma operação para tentar tirar um pouco do câncer. Explicou-nos os riscos dessa operação mas tanto os pais como a Janine optaram por querer essa operação, operação essa será feita pra semana(já estamos no final da primeira semana de Agosto). Admito que eu estou um pouco medrosa do que possa acontecer.

- Para de pensar nisso amiga, eu estou bem e tenho a certeza que  a operação vai correr bem, tens que ter fé.- disse ela.

- agora também sabes o que eu penso? - perguntei irónica.

- conheço te bem demais, por isso sei o que estás a pensar e a sentir,  e já te disse que não tens que te preocupar.

- eu sei, prometo ficar mais calma. O teu namorado tem te ligado?

- acabei com ele.

- o quê? Porquê? Mas vocês já estavam bem, não entendo.

- eu não quero que ele esteja longe e preocupado comigo, quero que se divirta e conheça outras pessoas.

- mas porquê? Tu vais melhorar e quando as aulas começarem tu podes voltar pra ele.

Entretanto a mãe dela entrou e mudámos de assunto. Falamos de coisas banais.

4dias depois

tas nervosa mana? Ou com medo?- perguntei eu tentado soar calma,mas com o coração tão aflito.

- não, nada disso. Tou preparada para me tirarem isto e eu vou ficar boa outra vez e depois podemos ir curtir á grande as duas.

- combinado.

Vimos a porta a ser aberta e o médico com uma enfermeira entraram e levaram na pra outra maca e levaram-na pra sala de operações.

Deixei-me ficar com os pais dela no quarto dela, a ansiedade e o medo fizeram me desabar nos braços da mãe dela, tinha um aperto no coração, sentia me impotente por não poder fazer nada.
Ao fim de algumas horas o médico veio falar connosco, disse que infelizmente o que conseguiram tirar era mínimo, porque o maior estava numa zona inoperável, que lamentava muito, mas teriam que arriscar novos medicamentos pra ir retraindo o avanço, mas que não podiam fazer mais nada.
E ali ficamos os três a chorar.  Ela veio ainda a dormir para o quarto, ao fim da tarde, o pai de Janine levou-me para casa, voltando para o hospital.

Infelizmente durante 2 dias não pude ir, mas ao falar por telefone com a mãe dela soube que ela não estava a melhorar, que já não queria tomar os medicamentos que só queria me ver e dormir, as dores de cabeça estavam a destruí-la.
Sexta-feira voltei ao hospital e pude ficar com ela, pude passar o fim de semana com ela, convenci-a a tomar os medicamentos, e comer, apesar de ser pouco o que comia, sempre ajudava.
O fim de semana foi passando entre muito choros e mimos, ambas sentiamos que todos os segundos seriam necessários.
Estávamos a entrar na 3. Semana de Agosto, e via ela cada vez mais debilitada, eu tava a começar a perder as minhas forças, tentava dar-lhe forças, esperança e coragem, mas quando estava sozinha no meu quarto chorava.
Lá no quarto do hospital tinhamos um rádio de cassetes, e passávamos o tempo todo a ouvir os Backstreet boys, éramos doidas e todas as alturas eram sempre boas para ouvi-los.

No início da última semana de Agosto, eu tinha acabado de chegar ao quarto dela, e os pais dela estavam abraçados a chorar com ela, ela assim que  me viu sorriu, ela pediu aos pais que a deixassem sozinha comigo e eles vieram abraçar-me e disseram pra eu ter muita força. Eu não entendi o porquê. Sentei-me na cama dela, e abraçei-a e perguntei o que se passava.

- sabes que te amo como se fosses minha irmã não sabes?- perguntou e eu acenei positivamente.- e quero que tu sejas muito feliz, por ti e por mim.- disse e começou a tossir e vi que estava a sangrar do nariz.

- mas porque estás a dizer isso? Tu vais ficar boa e vais voltar para casa.

- não madie, eu já não vou melhorar, naqueles dois dias que não vieste o médico teve a falar connosco e disse que o meu " amigo" alastrou e que não teria muito tempo.

- não!- levantei-me da cama a chorar- tu não podes me deixar.

- senta te por favor e escuta.- eu sentei-me outra vez. - eu já tratei do que tinha que tratar e já me despedi dos meus pais e de quem precisava, mas quis que tu ficasses pro fim porque és a última pessoa que quero ver quando fechar os olhos, por isso quero te agradecer por teres sido a melhor amiga/ irmã que alguma vez podia ter tido. Adoro-te muito.
Agora vais por o rádio a tocar, que já está numa das músicas que adoramos e sentas-te aqui em cima pra eu ficar com a minha cabeça no teu ombro ok?

- tens a certeza que é isso que queres?- ela acenou que sim- ok.

Levantei-me liguei o rádio que estava quase a terminar uma das músicas, sabia que a próxima seria " Just to be close to you" sentei-me na cabeceira da cama e coloquei o meu braço em volta do pescoço dela e aconcheguei-a.

Fui cantando ao mesmo tempo que a música, dei-lhe um beijo na cabeça e disse-lhe o quanto a adorava. Ouvi e sentia- a dar um suspiro e corpo a amolecer. Nesse momento soube que ela tinha morrido nos meus braços. Que nesse momento eu perdi um pouco de mim também.

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Queridos leitores, este capítulo foi pequeno,mas infelizmente não me tou a sentir em condições de continuar. Infelizmente ela foi-se de corpo. O próximo capítulo será a última despedida, e um pouquinho da minha vida depois dela. Aviso que o próximo capítulo não será fácil e lágrimas serão derramadas.

Se tens um amigo ou amiga, diz-lhe o quanto o/a adoras, o tempo passa rápido e a vida às vezes é injusta.

Obrigada por acompanhar um pouquinho da minha vida. Beijos a todos.

Nem a morte me fez esquecer VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora