many of me

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Hey minhas doces fleur, como estão??

Suadades??

Curtam e comentem muitooo e prestem atenção nos detalhes.

Nos vemos nas notas finais.
Boa leitura!

[212 days]


O salto agulha tintilava pelos ladrilhos da rua cinza, ela andava com elegância e desconforto pelo lugar. Deslocada. Poderia ser percebido pela sua echarpe vinho ou pelo seu elegante anel de brilhantes que a bela senhora não pertencia aos subúrbios da Irlanda. Talvez da alta sociedade francesa. Ele arriscaria dizer.

Os olhos felinos acompanharam seus movimentos até o portão mais enferrujado do que branco que dispunha da entrada de sua humilde casa – ou algum cortiço que caia pelos pedaços, fosse pela infiltração que causava as goteiras incessantes ou devido a pintura descascada. E ele nem estava reparando na fiação totalmente horripilante que detalhava os rodapés.

"Onde está?" Perguntou a si mesmo, desviando sua atenção da janela onde observava a doce senhora se aproximar. Rodou pelo pequeno cômodo que era sua sala de estar, jogando os travesseiros para o chão a fim de tentar encontrar seu precioso isqueiro.

Inútil.

Lá estava o retângulo branco com algumas estrelas em cima da cômoda que abrigava suas poucas peças de roupa. O pegou sem pensar e retirou de trás da sua orelha o  "Uol" como ele denominava todos os seus cigarros.

O acendeu e o tragou intensamente, deixando que a fumaça abrigasse seus pulmões e que os corroesse sem demora ou piedade. A morte tortuosa lhe parecia mais atraente. A chantagem de uma vida doente sob os outros as vezes poderia ser bom. Dependendo do ponto de vista, ele não ligava muito para sua vida nem para as outras que dependiam dele.

A porta tocou pela primeira vez.

Já poderia imaginar a cena, a elegante senhora batendo em sua porta que tinha mais cupins do que madeira e em seguida se afastando, segurando firmemente sua bolsa de couro e de alguma marca cara que ele não ligava.

Ele riu.

Risada de escarnio.

Abriu a porta para a senhora ruiva de cabelos alinhados e perfume francês – ora, ele havia cismado com o francês.

"Stuart." O saudou, simples. Com seu típico sorriso acolhedor de mãe que o deixava acalentado por dentro, ou alguma merda assim. Não conhecia muito de sentimentos.

"Não sou o Stuart" Respondeu rudemente.

A senhora franziu minimamente o cenho, o brilho de seus olhos lhe parecia cortante como os de um gato arisco pronto para entrar em uma briga. Mas ela se recuperou no segundo depois.

Admirável madame.

Seu interior sorriu, no entanto, o externo ainda permaneceria como uma rocha. Duro. Intacto. Impossível de mover.

"Então com quem falo?" Ela perguntou, a voz era calma. Não estava sendo implicante ou o tentando intimida-lo. Nem conseguiria. Se a mulher se parecia com um gato arisco, ele incorporaria o guardião do submundo.

Free Me / l.sOnde histórias criam vida. Descubra agora