CAPÍTULO 4: REALIDADES

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CAPÍTULO 4: REALIDADES

(Kael)

Os dias e as noites passam, custou no início, mas pouco a pouco soube dar valor as minhas novas habilidades. Comecei a perder um pouco o medo de andar sozinho, podia dar conta de mim mesmo, me defender, mas não tinha coragem de ficar perto de alguem, preferia a solidão pelo bem estar de todos; consegui inventar uma desculpa para sair da cidade, nunca tive muitos amigos, nem família, ou quem perguntasse por mim. Renunciar o trabalho era quase uma regra, desaparecer era mais que necessário. Aquela besta me seguia por onde eu ia, tanto que nas noites frias dormindo debaixo de alguma ponte ou parque, terminávamos tendo algum papo para logo me dar conta que parecia um doido conversando com uma voz que só eu ouvia.

O estranho e o perdido se voltou tão casual na minha vida, não entendo quem sou agora, um lobisomem? A próxima lua cheia está perto, deveria ficar com medo? Quanto menos pessoas (humanos) estivessem por perto, acredito que menores seriam as possibilidades de que faza algum mal, que tipo de criatura sou agora? Não entendo o que eu sou? ...

  -Não é nada em especial, apenas alguém com poder agora... – Me responde de novo a voz na minha cabeça, acredito que ele estar por perto novamente...

  - Sempre estou, pra dizer a verdade sempre estive, mas ao voce pode me  perceber e escutar com mais clareza.

  - Quem é voce? - Volto a perguntar intrigado.

  - E quem é você? – Me devolve a mesma resposta.

  - Não evite de novo...

  - Não estou evitando Kael, as respostas sempre te levaram a mais perguntas... quanto tempo mais pensa ficar fugindo? Você não pode fugir de si mesmo... não pode – ­disse com um sentimento estranho na sua voz... como se estivesse sendo chateado por algo.

Os dias e os quilômetros passam conforme avançávamos, o ideal pra mim era me afastar da cidade, mas sempre tinha outra cidade no caminho e mais pessoas, possíveis vítimas do que sou agora. A voz parecia se divertir com a minha preocupação pois emitia alguns sons agudos perto das pessoas, mesmo que só eu ouvisse, não era fácil tentar ficar relaxado em determinados lugares, bem nos lugares onde haviam mais pessoas além de mim e “ele”.

   -Estamos nessa cidade a mais de quatro horas e você não me disse nenhuma palavra, vai dizer que gostou desse lugar?  - Não ouço nenhum som na minha cabeça... de repente um cachorro preto se aproxima por trás, uma versão menor daquele do meu sonho, avança pelas minhas mãos me permitindo acariciar suas costas... – me faz parecer estúpido se eu acaricio um cão que ninguém mais vê...  –ele me olha e eu jurava que entre suas presas via um sorriso sínico.

   -Mas que lindo cachorro, não tinha visto uma assim fazia muito tempo.

Disse uma menina que se aproximou para acaricia-lo, não era muito alta, mais ou menos 1.65 de altura, tinha o cabelo longo e preto, pele branca, olhos escuros como a noite mas com um brilho do amanhecer, magra e de linda aparência, não parecia ter mais do que dezessete anos e o que mais aparecia era aquele grande sorriso alegre enquanto acariciava aquele cachorro que durante semanas não se atreveu a ficar na sua forma física, so ficando me torturando na minha cabeça.

                - Como se chama lindo? – Perguntou enquanto acariciava debaixo de suas orelhas e na pata  até seu dorso.

Fiquei surpreso, foi a primeira vez que o via de uma forma tão “inofensiva”, aquela criatura deixou ser visto por aquela menina e ainda permitiu acaricia-lo, enquanto que em outros lugares me mantinha bem distante das pessoas, O que está acontecendo?

Requiem : Cronica  I Azrael  ( Versão em português)Onde histórias criam vida. Descubra agora