CAPÍTULO 5: DESPERTAR

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CAPÍTULO 5: DESPERTAR

(Kael)

Não posso me mover, sinto que me falta ar, meu corpo treme, é tão pesado o ambiente.

Esse lugar, estou certo que era a mesma rua onde estávamos, só que ao mesmo tempo diferente, os prédios estavam muito escuros, todos totalmente retorcidos, em todo lugar havia uma densa névoa esverdeada, por aquelas ruas limpas, agora cheias de pó, se podia ver esqueletos por toda parte, uma cheiro de morte preenchia o lugar, no céu apesar de alguns segundos atrás fazer um forte sol, reinava a escuridão e três grandes luas estranhas, uma lilás maior, uma roxa e outra azul, não havia estrelas no céu, as pessoas que por um momento estavam caminhando pela rua não estavam em seu lugar, se viam umas espécies de brisa se movendo, sem alguma forma exata.

  - Que lugar é esse? – Dificilmente penso.

  - Plano espiritual, não deveria estar aqui, é meio perigoso – escuto de novo a voz – temos que encontrar a forma de sair, esqueça, a garota está condenada, eles são capangas.

Observo essas criaturas, cada vez mais tomavam forma de seres de carne apodrecida, nos braços longos ossos afiados como garras, presas pra fora, pés curtos mostrando os ossos, enquanto isso o guarda-costas de Helena ganhava uma aparência um pouco mais musculosa, chifres no seu rosto, uma calda saindo por trás dele e cascos no lugar dos sapatos, a roupa rasgada pelo tamanho que ficou, tenho certeza que essa criatura que ao mesmo tempo se transformava, lutava contra os capangas. Era muito parecido com os minotauros dos livros, dava fortes golpes contra os capangas jogando-os contra a parede. Este pego um dos capangas, o pegou pelo pescoço com uma mão enquanto a outra lhe arrancava selvagemente uma de suas extremidades que logo usou como arma contra os outros, emitia rosnados ferozes contra eles. Estes começaram a duvidar do seu avanço, Helena só permanecia atrás, jogada no chão contra a parede talvez ferida por algum deles.

    -Se afaste Taurus, esta não é sua batalha.-                           

Se escutou uma voz se aproximando, era outra criatura, era quase do tamanho de Drull, muito parecido mas ao mesmo tempo seus chifres eram mais longos com uma barba longa em volta do seu rosto, as pernas como de um bezerro, trazia consigo uma longa foice que arrastava com uma de suas mãos, o olhar era direcionado ao Drull. Quanto mais se aproximava de mim, mais tremia de medo, me faltava ainda mais ar, não podia respirar, estava ficando louco de todos os sentimentos de terror que me cercavam. Junto com ele, saíram muitos mais capangas da névoa.

    -Você precisa se acalmar, isso é um Baphomet e o guardião da menina é um Taurus, precisa respirar tranquilamente, o ambiente te matará, -escutava a Belial, mas meu corpo não respondia-Vamos! Se levante, precisa sair daqui...

    -Eu protegerei a senhorita, se afaste ou não sairão vivos.  –Disse Drull com duro olhar para o Baphomet.

   -Palavras valentes, mas inúteis para a situação...  –Drull escolheu os outros capangas próximos que sobraram e lhes arranco a cabeça com a parte das mãos que ainda tinha.

-Não tenho medo, sei quem você é e não temerei jamais. Dedrid filho da puta traidor!

-Pobre criatura, sua ingenuidade é interessante para mim, isso é maior do que espera. -

Ele faz um sinal e três capangas começam a atacar o guardião, Drull sem hesitar arranca o primeiro pela cabeça e o joga por inercia contra o chão, ao mesmo tempo em que sua outra mão esperava pela cabeça do segundo que o jogou sem piedade sobre a do terceiro, para logo arrancar as pernas do ultimo e usa-las como arma, emitindo um rugido brutal que se sentiu em todo lugar, enquanto corre freneticamente contra a criatura da foice, tentando aplicar-lhe um golpe com sua nova arma improvisada, este imutável, detém seu ataque com uma mão, seus olhos se encheram de fogo e uma risada maléfica deu ao seu rival.   

 -Te disse que era em vão.

-Você?, Como pôde ser capaz de se rebaixar tanto, bebeu seu sangue! –Lhe responde um surpreendido e furioso Drull.

-É tarde pra você... -

Imediatamente move sua foice contra ele, tentando corta-lo no primeiro golpe, mas este o deteve com dificuldade, ficando com a mão direita gravemente ferida, os capangas se aproveitaram de sua debilidade e loucos sedentos de sangue voltaram ao ataque do gigante, que dificilmente com seu braço conseguia se defender.

   -Agora... meu troféu- olha diretamente para Helena, se aproxima lentamente ainda arrastando sua foice.

“Tenho que ajuda-la” penso uma e outra vez, meu corpo pouco a pouco responde, mas o terror me domina, mordo a língua tão forte que sinto o gosto de sangue nela, pouco a pouco me levanto, vejo como ele se aproxima de Helena, “devo protege-la”, “devo protege-la” repito muitas vezes na minha cabeça, olho fixamente para Dedrid,

   -Merda, merda, merda, merda, MERDA- digo muitas vezes, ate finalmente estar em pé,

“Eu sei que sou forte, lembro da enfermeira, como sarei rápido, como cai daquele prédio, tenho esse poder agora, toda essa força e só use-a para fugir, ao menos desta vez quero proteger alguém”, encontro uma das partes que Drull usou, posso pega-lo com uma mão sem problema, já estou quase adaptado ao ambiente, volto a olhar Baphomet se aproximando de Helena, respiro fundo.

 -Não faça isso, você tem que fugir- escuto Belial me dizer, -Não tem opção contra ele, ainda não, não dessa maneira-

Voltou a me dizer, finjo ignorar suas advertências, respiro profundamente, pego com as duas mãos, agora minha nova arma, e arremesso contra Dedrid, ele não percebe minha chegada, está a ponto de pegar Helena, me concentro em acertar o golpe mais forte possível em sua cabeça, desde aquele dia não me atrevi usar a minha força, incluindo tocar alguém, desde esse dia tudo me parece frágil.

Muito tarde Dedrid se da conta do meu movimento, recebe o golpe direto no seu rosto, mesmo que ele volte com a cabeça inclinada para lateral, me olha com muito mais ódio, da um rugido para o céu, seus olhos novamente em chamas se dirige com toda sua fúria a mim, faz um rápido movimento com sua foice contra mim, por um simples instinto o esquivo jogando-me no chão. Tento golpeá-lo novamente no rosto, mas dessa vez ele me pega pela mão e me lança como chicote contra o chão, sinto vários ossos dentro de mim se romperem, logo me empurra contra a parede agarrando meu pescoço. Olhando-me diretamente, sentindo sua respiração, o calor das chamas em seu olhar.

  -Seu pequeno inseto maldito, como se atreve! Como se atreveu seu maldito de merda!

Grita sobre mim, imediatamente sinto um forte movimento como se meu braço tivesse rompido cair sem vida do meu lado, grito desesperadamente de dor. Dar um forte golpe no meu estômago e novamente a dor em meu peito, vejo sangue escorrer por todo meu rosto e pelo meu corpo, não sei de onde sai, mas sinto seu calor por todo meu corpo...

   -Não morra, lute, não morra, acorde, acorde... –escuto novamente a voz, não consigo entender o que ela me disse, as fortes garras de Dedrid agarram meu pescoço, pressionando cada vez mais, sinto como me quebrasse por dentro com seus golpes e como tenta arrancar minha cabeça, tanto dor de novo.

  -“morrerei, outra vez não...”

O sentimento daquela vez que vi Belial pela primeira vez, voltou a sensação de morrer, de perder, o cheiro do sangue, a dor em meu corpo, a impotência... meu coração bate forte, sinto que sairá do meu corpo, novamente escuto um som familiar dentro de mim que percorre todo meu corpo, enche o lugar e tudo começa a se tonar escuro ao liberar aquele uivo...

Requiem : Cronica  I Azrael  ( Versão em português)Onde histórias criam vida. Descubra agora