Todos nós temos receio das quedas, literalmente ou figurativamente, e criamos nossas próprias políticas de segurança para encarar o mundo. Muitas delas consistem em nos tornarmos cada vez mais reféns da racionalidade, assim impedindo sonhos mais altos do que a mão alcança.
Todo herói tem um medo
Na hora do medo
Ranger os dentes
Estalar o dedo
Caímos diversas vezes sem a garantia de que pelo menos algo ou alguém estaria ali para nos levantar, despencamos pelo simples fato de deixar que a emoção agisse. O fato é que ela só deseja entrar em cena quando percebemos ter perdido todo o controle, acidentalmente nos permitimos amar — e cair — de novo e de novo, e precisamos criar nossa própria armadura. Voamos sem asas do andar mais alto como a louca chamada Esperança, renascemos cheios de forças e com uma nova armadura sobre o corpo.
A segurança está no desafio de demonstrar o mínimo possível de afeto àqueles que tentem ultrapassar a barreira, não por gosto mas por receio de mais uma queda. Vivemos num mundo onde restringir sonhos se faz necessário
E revelar para o mundo
Um pequeno descuido
De meio segundo
Estranho segredo
Nos fazemos indestrutíveis pelo simples fato de que ninguém está preparado o bastante pra receber tanto, muito menos para dar tanto de si, mesmo que por muitas vezes se desejasse tão pouco.
Que não pode te contar
A verdade é que o herói
Tem medo
De amar tem medo
A verdade é que o herói
Tem medo
A verdade é que a todo momento tentamos fugir do inevitável, tememos tudo aquilo sobre o que não temos controle e tentamos a todo custo fazer do sentimentalismo algo banal, ou até mesmo inexistente. Com o tempo somos ensinados a agir dessa forma, humanos petrificados por dentro mesmo que vitoriosos por fora.
Nem o calor mais profundo
Derrete este chumbo
Que é o coração
Do homem de aço
Gira em torno do mundo
Em meio segundo
Mas algo lhe causa embaraço
E então vivemos, escondidos em nosso escudo de falsa proteção, damos cada dia mais passos e esquecemos totalmente das mil possibilidades de picos de emoção. Até que um dia nos levantamos em meio a rotina e percebemos que algo está fora do lugar. A casa está em ordem mas não pode se dizer o mesmo sobre o coração, a armadura imaginária teve sua primeira grande falha, e os sentimentos tomaram cada qual uma mesma direção.
Gira em torno do mundo
Em meio segundo
Mas algo lhe causa embaraço
Que não pode te contar
A verdade é que o herói
Tem medo
A verdade é que precisamos de proteção pois estamos especialmente habituados a propagar que demonstrar e receber amor é algo terrivelmente tóxico a longo prazo, fechamos os olhos e deixamos que nossos sentimentos sejam representados por uma pessoa, de pé, gritando em meio a uma sala lotada de outras pessoas sem que ninguém a ouça. O amor no senso comum muitas vezes se resume a ouvir a felicidade chamando seu nome atrás de uma porta trancada, mas nunca poder abrir.
Afinal vale a pena arriscar, tirar a armadura e deixar o coração agir?
De amar tem medo
A verdade é que o herói
Tem medo
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Devaneie!
Short StoryRealidade ou ficção? Tudo depende dos olhos e da alma de quem passa por essas páginas. Uma série de experiências, aprendizados, sonhos e marés cheias compõem cada palavra aqui colocada, intensidade é a sensação de cada leitor que as têm. E então, vo...
