J u l i a n a P O V
Hoje. Hoje é o dia em que estou me mudando pra casa dos meus tios... É o dia em que a minha perda se concretizou bem diante dos meus olhos.
Há exatamente uma semana eu perdi meus pais em um acidente de carro. Há exatamente uma semana o chão foi tirado dos meus pés, e até esse momento chegar, tudo estava inacreditável na minha cabeça, mas agora... A minha vida toda está de cabeça pra baixo e eu não sei o que sentir além das saudades da minha mãe e de meu pai, e um enorme vazio que tem me preenchido a todo tempo.
Meus tios decidiram me acolher já que eu decidi que não estou preparada pra morar sozinha na casa que meus pais deixaram, e também porque nem tenho como me manter já que eu apenas estudo. Graças a Deus faço meu curso como bolsista integral, mas agora as coisas irão mudar um pouco porque além de cursar a faculdade procurarei um emprego. Estou acabando o curso de design de moda, e se puder, já quero estagiar na área e logo seguir carreira, então logo poderei procurar uma nova casa. Não quero ser um peso na vida de ninguém, apesar de estar sendo acolhida de bom coração.
Além de tudo isso, a minha prima Cléo nunca gostou muito de mim apesar de que também nunca entendi o motivo de tamanho desprezo, só que não tenho nada contra ela de qualquer forma. Apenas espero não trazer incômodos na casa por conta disso pois todo esse processo já está sendo muito doloroso pra mim, e eu não gostaria de ter mais coisas pra me preocupar pelo menos por um tempo. Preciso que o meu coração aprenda a bater novamente.
Penso que depois desse episódio turbulento na minha vida, talvez eu consiga me restabelecer e levar uma boa vida, que é o que meus pais queriam para mim.
Não é que eu seja ingrata aos meus tios, mas é que vai chegar a hora em que eu irei precisar voar com as minhas próprias asas, e eu quero que isso aconteça e que eu consiga seguir a minha vida tranquilamente, mesmo com a saudade intensa de meus pais. Espero em Deus que o melhor esteja por vir.
...
N i c o l a s POV
Pensar, pensar e pensar... É tudo o que tenho feito nos últimos dias. Hoje fazem exatamente sete anos do dia em que meu pai foi arrancado de dentro de casa por dois homens desconhecidos e encapuzados, que invadiram nossas vidas na hora do jantar. Lembro de tudo tão perfeitamente como me lembro de qual é a cor do céu. É tudo tão nítido na minha cabeça...
Eu só tinha dezesseis anos. Apenas dezesseis! Fiquei tão assustado! Não consegui agir, não consegui fazer nada que pudesse o salvar, nada que conseguisse impedir todo aquele terror! Lembro dos meus gritos, dos gritos da minha mãe e do meu pai também, lembro do desespero no olhar dele e de um "eu te amo" abafado no meio daquela violência toda.
Ele foi levado, foi tirado da gente. Sei que não está mais vivo, sei que algo aconteceu e tudo o que eu não sei é o porque de tudo isso, mas asseguro que irei descobrir. Irei descobrir sujeira por sujeira, e irei cobrar caro de cada um que esteja envolvido nessa história. Um dia os gritos desesperados irão vir do responsável pelo sangue do meu pai, e eu não terei um pingo de misericórdia.
Depois do que aconteceu, eu mudei minha mentalidade totalmente. Me fechei para sentimentos afetivos, para emoções estúpidas que não irão me levar para lugar algum na vida. Amar? Casar? Ter uma família? Ah, não. Isso nunca foi pra mim.
Tudo o que eu fiz foi focar apenas na minha pessoa. Focar no meu crescimento intelectual, profissional e financeiro, tanto que hoje sou proprietário de uma das maiores empresas do ramo de reciclagem e sustentabilidade do país... E tudo isso com apenas 23 anos. Modéstia a parte sempre fui brilhante mas trabalhei muito pra chegar onde estou atualmente. Por onde quer que eu passe sou respeitado e gosto disso.
Minha mãe e única família, Giselle, é a vice-presidente da minha empresa. Ela é uma das únicas pessoas em quem confio até de olhos fechados.
Hoje, moro sozinho na zona nobre de São Paulo e isso me basta. Estando só não preciso passar por cobranças de ninguém e consigo ficar mais seguro de que meu segredo está devidamente guardado. E o meu segredo é justamente o meu objetivo: a vingança pela morte do meu pai. Eu não me importo de ir até as últimas consequências pra alcançar o que eu quero... Não é a toa que cheguei onde cheguei, e eu vou passar por cima de qualquer um para conseguir.
Qualquer um.
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Contrato de Casamento (1° e 2° TEMP.)
FanficJuliana é uma moça de 20 anos. Recentemente ficou órfã de seus pais, com quem morava, e se viu obrigada a mudar pra casa de seus tios já que não trabalhava ainda, e não conseguiria se sustentar sozinha. A partir disso, Juliana acha que terá uma vida...