Prólogo

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Quando o arco toca as cordas e pressiono os dedos nelas, fazendo a primeira nota ressoar pelo rescinto, o rosto da garota se contorce em uma expressão de enfermo e agonia.
Sangue brota de seus olhos e sua cabeça se lança para trás em um grito de tormenta. Enquanto o som que sai do violino vai penetrando em seu corpo, despertando a anomalia que se hospedou dentro dele.
A risada entre os gritos de dor anuncia a chega de seu hospedeiro.
---Malditas freiras!
Sua cabeça é lançada para à frente e seus olhos, manchados pelo sangue, me encaram.
---Maldição! Pare de tocar, freira maldita! Pare! Pare!
Suas mãos passam pelo rosto, arranhando as bochechas e couro cabeludo. Vejo os filetes de sangue mancharem os belos cabelos loiros da jovem, embora esteja imunda.
---Leodor, Kanna, prepare-se.---anuncio.
As gêmeas elevam suas vozes, o som que me parece angelical, faz o demônio berrar em agonia.
---Desgraçadas! Malditas freiras!
Suas mãos pressionam a cabeça e as unhas começam a perfurar a pele. Ela se levanta e corre em minha direção, mas dá de cara com a muralha translúcida erguida por Karah.
---Meredith, por favor, nos presentei com sua melodia.
Os dedos finos e gentis da jovem freira deslizam pelas cordas douradas de sua harpa, gerando uma melodiosa  canção, que logo se entrelaça a minha.
---Queimem no inferno, suas aberrações! Parem com este barulho! Ah!---sangue vasa por entre seus lábios e mancha os dentes alvos, deixando-os rubros. Mas nem por isso o demônio se cala---Vou comer cada órgão deste corpo! Vou matar essa carcaça em segundos se não pararem!
---Zimir, finalize.
A última freira toma uma profunda lufada de ar, antes de soprar a sua flauta, que por fim, faz o demônio dobrar os joelhos e implorar por misericórdia.
Fecho meus olhos e caminho em direção a muralha que lhe mantém sob controle. Quando paro em sua frente, abaixo o arco e o violino, e enquanto lhe observo ajoelhada e implorando de tal forma, sussurro.
---Ad tempestas. Daemon nocte.
Os olhos da garota se inflamam em ira, antes de seu rosto empalidecer e seu corpo desabar  no chão do rescinto.
Merinda choca sua lança contra o mármore e cria ecos por todo o espaço e elevando a sua voz, despacha o corpo da jovem camponesa.
---Próximo!

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