. morbid desire .

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aquele em que louis recebe uma carta. a viagem de trem é uma merda e ele encontra niall horan no ápice calorento de londres.

Todos os problemas da vida de Louis começaram quando ele decidiu — em um lapso nervoso do ensino médio quando não tinha muitas opções além do curso de Inglês — que amava escrever. E, ele jura por Deus que pelo menos metade dos seus problemas proviam do fato de odiar amar fazer algo como aquilo.

Ele poderia morrer, é sério. Mesmo que aquele, exatamente aquele, ainda fosse seu relacionamento mais duradouro durante os seus vinte e cinco anos da pura e mais singela decadência humana. Falando sério, Louis estava o mais próximo do que alguém poderia chamar de fundo do poço. E não foi diferente naquele ano. 2017 queria arrancar seu couro. A carta na sua frente queria arrancar seu couro. E, não tendo nada além de tigelas de danone e repolho na geladeira, Louis também voltou a recorrer ao seu pequeno e prazeroso ódio mundano: ele escreveu.

Escreveu o mais estranho e estapafúrdio acontecimento que acabará de lhe ocorrer e, se fosse sincero, a maior novidade dos seus últimos dois anos infurnado em um apartamento no sul de Oxford com nada além de meio parágrafos para ideias que nunca saiam no papel, seu editor pegando no seu pé para que os seus parágrafos virassem livros best-seller (sem chance) e pápeis de contas atrasadas pregadas com imãs de vegetais na sua geladeira.

Sinceramente, Louis era um desastre de ser humano. E sabia disso. A carta a sua frente era só mais uma prova óbvia do quanto poderia surtar ao simples ato de ter que revirar seu passado como uma doninha cavando areia e constatar aquilo pela milionésima sexta vez. Pelo amor de Deus, ele poderia morrer muito bem sozinho sem precisar de contato social, muito obrigado. Ele poderia muito bem viver uma boa — uma relativamente boa — vida sem a ideia do surto que as letras miúdas lhe sugeriam. Mas Stein, mesmo morto, ainda revirava seus pauzinhos do túmulo para poder ferrar com Louis. Aquele era o problema.

"Brisa, você nota o quão a mente humana pode ser malvada?" Ele falou, olhando para a gata siamês lambendo suas partes no sofá de frente para Louis com um olhar rabugento demais para um felino tão assombrosamente fofo. "Não, não espero que você entenda, é sério. Lamber a si mesma deve ser algo muito interessante, mas o que você acha disso?" Louis ergue o papel até a frente da gata com desespero. Ok. Ele ama escrever, mas nem sempre isso lhe ajuda realmente. Até seu próprio notebook lhe olhava com tanto escárnio quanto a gata fazia. "Ruim, não é? É o tipo de coisa que a gente só vê em filmes com o Adam Sandler ou livros da Marian Keys." 

E estava certo. Meu Deus, se Louis já teve alguma chance de estar certo na sua vida, foi bem ali, com Brisa pulando por cima dele indo até seu pote de ração enquanto ele resmungava sozinho olhando para a coleção de chaveiros pendurados na parade da sala. Afinal de contas, fazia exatamente oito anos desde a última vez que vira a Merect High School. Desde que vira Zayn, Liam, Niall e Harry Styles. E ver Harry Styles na TV não contava mais, porque ele nem parecia mais o cara que Louis gostava de beijar nos intervalos do treino de futebol de botão. Harry na TV era todo mundo, menos o que um dia foi dele. E isso o fazia se sentir um merda. Stein, embora o amasse muito, também fazia Louis se sentir um merda.

Porque Harry estava bem, pelo amor de Deus. Liam e Zayn tinham um casamento digno de novela (o convite de sete anos e meio atrás insinuava bastante isso) e Niall, o garoto-prodígio genial, também conseguiu sumir do mapa como uma cidade fantasma. E aquele era o problema.

Quando a carta apareceu no seu apartamento com a letra de Stein e o jeito sutil com o qual ele sempre falava com Louis, tudo que ele quis foi sumir, sinceramente. Porque, afinal de contas, o diretor sabia que ia morrer de câncer nos pulmões tanto quanto Louis sabia que iria morrer de um infarto do miocárdio um dia e o seu sonho de moribundo — porque todo mundo tem um sonho assim antes da morte, como um desejo mórbido e secreto — era que o Clube dos Cinco da Merect High School se encontrasse outra vez em seu solo sagrado.

The Zombie Hunter's Club | L. S. Onde histórias criam vida. Descubra agora