Capítulo 5 (final do primeiro conto)

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Na escola aconteceu o inevitável: no meu horário vago a diretora me chamou para conversar. Fui com o coração na mão, fechei a porta e respirei fundo, já imaginava a bronca. Mas ela não me deu broncas.

A diretora na época era uma professora não muito jovem, de fala tranquila, mas muito esperta. Ela me olhou por alguns minutos sem dizer nada, depois pegou uns papeis.

— Fiquei sabendo que o Gustavo te procurou aqui na frente da escola, falou que ia na sua casa. É verdade?

Assenti e ela continuou.

— Ele te ameaçou?

— Não, não.

— Olha isso aqui, recebi essa mensagem dias atrás, alguém me avisou que o Gustavo estava vindo para a escola armado, que tem uns moleques daqui planejando matar ele. Chamei para conversar, ele veio de boa, me mostrou a arma e tudo, mas prometeu não aparecer mais na escola, para o bem de todos, inclusive o dele. Ele ainda é um bom rapaz, mas acho que já está perdido, já anda escoltado pela turminha do terror. Ele já é maior e nem estuda mais, mas mesmo assim, não é uma boa ideia você se relacionar com ele, ele pode vir aqui e ameaçar os alunos. Dizem que ele é ciumento. Não se engane com a beleza e com a lábia do Gustavo.

A diretora ia falando e eu concordando com tudo. Realmente o Gustavo era bonito e bom de conversa. Olhando a carinha de inocente e ouvindo o papo dele eu só pensava num rapaz sofrido, não conseguia imaginar uma pessoa perigosa. E eu não tinha ideia de como me livrar dele.

— Vocês já estão namorando? — ela perguntou.

— Não! Quer dizer, ele foi onde eu moro e aí, bem, a gente ficou. Para mim ele ia esquecer isso, mas não, ele me liga o tempo todo, fala em me levar para a casa dele, que me quer para ele. Não sei o que fazer — confessei.

A diretora ficou me olhando, esperando que eu dissesse mais alguma coisa, e rabiscando um papel já rabiscado. Nesse momento recebi uma mensagem no celular; olhei e era do Gustavo. Na mensagem ele dizia que amava, que estava pensando em mim e que já estava indo me buscar na escola. Fiquei preocupada com o teor da mensagem e a mostrei à diretora. Eu não sabia o que fazer a respeito, mas ela tomou uma atitude rápida. Se levantou e me puxou para fora da sala.

— Pegue o meu carro e vá para longe, fique longe daqui até que eu resolva isso.

Não me movi, ao invés disso fiquei na dúvida. A mensagem do Gustavo, apesar do autoritarismo, era fofa. Tinha uma foto dele me mandando um beijo, e era linda. Não achei que já fosse o caso de fugir e de entrega-lo à polícia.

— O que você vai fazer com ele? — perguntei e a diretora ficou desconfiada.

— Nem pense em proteger esse jovem bandido, viu? Me empresta aqui o seu celular. — Entreguei e ela o colocou no bolso. — Vou mandar alguém com você. Quanto ao Gustavo, quando ele chegar aqui, vai ter uma surpresa esperando por ele. Pode estar ciente de que ele virá armado e com a segurança particular. Mas, de coração, não seja tola de voltar a falar com ele, nem passe pela área dele. Fique num lugar seguro.

— Por que você acha que é uma ameaça para mim? Ele não está ameaçando.

— Porque isso é uma ameaça para todo mundo aqui. Ele não está podendo entrar aqui no bairro, está marcado para morrer e por isso quer te levar para a área dele. Não caia na besteira de fazer isso. Se você for, não vai poder mais voltar. É isso o que você quer?

— Não — admiti. — Eu não quero isso. Estou com muito medo.

Um rapaz que estava trabalhando numa reforma foi chamado para me acompanhar, e saímos com o carro da diretora. Fomos para uma cidade vizinha, onde entrei em contato com uma amiga. Fui até a loja onde ela trabalhava e me escondi no estoque. Estava muito assustada e com uma sensação ruim. À noite, fomos para a casa de outra pessoa.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2019 ⏰

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