Capítulo 1: A mudança

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88...89...90, faltava praticamente cem passos do aeroporto para a casa de minha vó, podem achar isso bem idiota mas, Acho melhor contar passos para passar o tempo. Não quero ficar relembrando sobre coisas ruins que aconteceram no passado... E as coisas mais ruins, normalmente são as mais difíceis de esquecer.

O estado de meus pais, ver eles no hospital foi algo difícil de esquecer. . .

Lembro como se fosse ontem, o quanto de lágrimas eu derramei no colo de minha tia, enquanto ela acariciava meus cabelos, falando que estava tudo bem. Que eles iriam melhorar...

• • •

"Calma Querida, vai ficar tudo bem..."

"...N...não vai!"

"Becky, eu estou aqui... Eu sempre estarei aqui"

E ela acreditou, Becky sorriu enquanto uma lágrima escorreu em seus olhos.


-

Faz tanto tempo que não vejo a vovó. Meus pais não deixavam eu ir a visitar... E agora cá estou, em Florência, indo para a casa da mesma... Clichê não é? Mas é a verdade.

-

As pessoas dizem que a Florência é uma das cidades mais belas que tem, Mas para mim, não é uma notícia exatamente agradável. Tirando o fato de passar as férias de verão na casa de minha avó, penso que pode acontecer outro acidente...

Minha mãe e meus pais, eles sofreram este acidente indo para cá... Talvez esse seja um dos motivos por minha tia não deixar a visitar... Depois que meu avô desapareceu, minha vó ficou Paranóica, eles me afastaram dela... Foi difícil, amava tanto meus avós... Pensei que nunca mais iria sentir o cheiro de terra molhada, o doce aroma de uma torta de amora, com pitadas de morango em cima... Meu avô contar histórias para mim, com seres mágicos... E cá estou, contando meus passos para ir a visitar.

Não sei como, não sei por quê, mas minha tia deixou passar estas férias. Fiquei feliz com a notícia, mas triste em saber que nunca mais ouvirei a voz de meu avô, me contando histórias.

[...]

100...101, disse, faltavam poucos passos. E eu cheguei, vi exatamente a minha avó. Estranho, ela parece estar conversando com alguém, mas, não tem ninguem além dela mesma aí.

Quando pude ver aquele rosto, não pude deixar de dar um sorriso, quando ela se virou e me viu.

- Becky! Quanto tempo querida. - A mesma me deposita um abraço apertado, quando seus lábios deslizam formando um pequeno sorriso. - E como você cresceu!

- Heh... Pois é! - Sorri. - Eu senti sua falta, vó. - Retribui seu abraço.

- Venha! Entre. - A mesma abriu a porta de casa e eu fui entrando, no mesmo momento pude sentir o doce aroma de uma torta de amora com uma pitada de morango. Para mim, esse é o melhor cheiro que tem, só faltava meu avô em uma cadeira de balanço, segurando um livro levemente empoeirado em suas palmas das mãos com um olhar sorridente. - Querida, quando soube da sua volta tive que lhe fazer essa torta, Elas são...

- São as minhas prediletas! - Sorri, segurando firmemente a alça de minha mala. Quando minha avó viu que a segurava, pronunciou:

- Quer que eu as guarde? Parece bem pesado.

- Não, Eu mesma a guardo. Fica no sótão aonde irei dormir, Não? - Minha avó concordou com a cabeça, e fui em direção ao sótão. Enquanto encarava alguns quadros aonde tinha eu, minha avó, minha mãe, meu pai e meu avó.

• • •

Becky, uma garota aparentemente normal, cabelos loiros parcialmente curtos e olhos verdes, com leves sardas. Óculos com lentes quadradas, com um vestido indo até seus joelhos.


-

Abri a porta do sótão, pude ver exatamente tudo de madeira, o chão de madeira, teto. Me aproximei a uma cama feita de madeira maciça, colocando minha mala ao seu lado. Já iria ir embora, quando um baú em especial me chamou a atenção. Pude ver um livro levemente empoeirado, escrito "Mundo Místico" com um unicórnio alado junto a uma espécie de fada o montando.

O segurei analisando com detalhes, quando vi no fundo do baú um caderno de desenhos completamente vazio, igual o livro. Uma idéia em especial surgiu em minha mente; Coloquei o livro e o caderno de desenhos em uma criado-mudo que estava ao lado de minha cama.

Peguei um lápis grafite e comecei a fazer linhas sem sentido, quando vi, parecia com um espécie de... Elfo? Uma coisa parecida com isso...

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Cabelos ruivos, pele clara, olhos esverdeados, era pra ser um elfo... Porem Becky esqueceu de adicionar asas... Então, é um duende.

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Quando percebi, havia desenhado vários personagens diferentes. Lembrando das histórias que meu avó contava, das características marcantes que cada um tinha. Um fragmento de iria surgiu em minha cabeça, pegando o livro que estava em branco e escrevendo uma história...

"A mundo tempo, aproximadamente mil anos atrás... [...]"

- Hm? - Pisquei, quando notei, não estava mais presente naquele cômodo, arregalei os olhos. O lugar tinha uma textura diferente, me aproximei a um lago, onde estava ao meu lado. - Ah? O que aconteceu comigo?! - Falei bem alto olhando ao redor.

Uma bela floresta, é tão mágico, tão angelical...parece que estou a sonhar!

• • •

A garotinha normal, agora estava diferente. Orelhas pontudas, cabelos cresceram magicamente? Asas surgiram? O que Becky se tornou?

-

Olhei-me para trás.

- O que são isso? Asas? Eu tenho asas? - Falei um pouco chocada.

- CUIDADO! - Fui surpreendida por um garoto ruivo que estava a cair de uma árvore. - AI!

- Ahhh? O...O quê? - Arregalei os olhos dando um passo para trás.

- Eu caí da arvore. - Ele fez uma cara de tristeza.

- Ah... Eu percebi... O que estava fazendo em cima dessa árvore? - Falei com tom de dúvida.

- Eu queria pegar maçãs. - Ele apontou para a árvore, com um sorriso largo em seu rosto.

- Mas, Não Tem nenhuma maçã ai...

- É, Eu subi na árvore errada. - Ele colocou a mão em seu coração.

- Aaaawww... - Dei um sorriso bobo no rosto, logo ele se aproximou de mim.

- Qual é seu nome?

- Becky! E o seu?

- Thomas, mas pode me chamar de Tom! Não é daqui, não é moça?

- Na verdade... - Olhei o local. - Não sei exatamente onde é "aqui". - Logo, o olhei de cima a baixo. - Espera!

- O que? Por acaso o Zé tacou fogo em mim? - Ele se aproximou do lago para ver seu eu.

- Ah... Quem é Zé? - Levantei a sombrancelha. O mesmo sorriu desajeitado, como se fosse um "deixe para lá...", mas, Olhando bem para ele...É como se ele fosse...

...Exatamente...

...igual aquele Elfo sem asas que eu desenhei...

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Um significado:

Elfos são criaturas que contém orelhas pontudas, e asas que se rastejam pelo chão, ou na maioria das vezes. Tom, Não possuí asas, pois então. Elfo sem asas, não é nada mais, nada menos, que um duende.

-

[...] Continua?

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