Capitulo⏺26

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POV Camila Cabello.
20 de junho.
Quinta-feira
 
- O que você está fazendo? – questiono entrando no quarto que seria de nossa filha.
 
- Vou ajudar você a pintar. – responde amarrando os cabelos em um rabo de cavalo.
 
- Nada disso, você vai pro quarto e vai ficar quietinha lá.
 
- Ah não Camz, eu já estou bem. – resmunga manhosa.
 
Hoje ela acordou se sentindo mal e mais uma vez com enxaqueca, e como ela não podia tomar qualquer remédio, ligamos pra Ally que aconselhou apenas descanso, já que Lauren anda trabalhando muito. Mas quem disse que ela obedece? Mesmo de folga ela fica procurando o que fazer.
 
- O cheiro pode fazer mal a vocês Lern. – explico.
 
Mesmo tendo o cuidado de comprar tintas de secagem rápida e pouco cheiro, eu não iria pintar com ela no mesmo ambiente, precauções nunca são demais.
Era sexta feira e por um milagre eu estava de folga, claro que fui obrigada a ficar em casa, já que os Mendes mandaram então eu aproveitaria para pintar o quarto da minha pequena. Claro, se Lauren deixasse.
 
- Eu não quero ficar sozinha Camz. – resmunga.
 
- Que sozinha Lauren? Eu vou estar aqui do lado.
 
- Mesmo assim. - rebate impaciente, como uma criança birrenta batendo o pé no chão.

 
Como eu fui arrumar uma mulher teimosa dessa? Ela é pior que eu.
 

- Você está tão carente hoje... – comento.
 
- Estou com saudades do Theo, e você fica arrumando desculpas pra não ficar comigo. – cruza os braços emburrada.
 
- Mas ele saiu não tem nem uma hora meu anjo. E eu não estou arrumando desculpas, você mesmo falou que precisávamos começar a arrumar o quarto.
 
Theo saiu pra almoçar com meus futuros sogros... Lauren e eu não tínhamos um compromisso firmado, mas qual é? Eu podia sonhar um pouquinho.
 
- Ugh, mas eu pensei que iriamos fazer juntas. – diz me analisando.
 
- Meu anjo, você não pode carregar móveis pesados e a tinta pode fazer mal a vocês, assim que terminar o serviço pesado, nós iremos fazer todo o restante juntas, ok? – tento explicar pacientemente. Lauren tem passado por constantes mudanças de humor, e eu tento me policiar para não falar nada de errado e acabar a magoando ou irritando mais.
 
- Estou sendo chata, não é? Eu sei. Pode pintar aí, vou pro quarto. – suspira frustrada, saindo porta a fora.

 
Pelo visto hoje eu não pinto esse quarto de novo.
 

- Lern espera, vamos assistir a um filme. – chamo, correndo para alcançá-la.
 
- Eu não quero atrapalhar você. – fala com um bico fofo.
 
Engraçado como em diversas situações invertemos os papéis, hoje, por exemplo, ela parece uma adolescente com constantes mudanças de humor e insegurança.
 
- Está tudo bem, temos tempo pra pintar ainda, prefiro ficar com você agora. – digo abraçando seu corpo e encostando meu rosto na curva do seu pescoço, sentindo seu cheiro e deixando leves beijos.
 
- Okay. Você é muito fofa. – beija minha bochecha. Mas eu queria mais, então segurei seu rosto e selei nossos lábios em um beijo calmo e sem língua.

 
Se tinha uma coisa que eu adorava, isso era beijar Lauren, era bom demais.
 

- Escolhe o filme que eu vou fazer algo pra comermos enquanto assistimos. – digo e ela concorda.
 
Eu tinha liberdade pra fazer as coisas aqui, claro que a maioria das vezes eu verificava com ela se realmente podia, afinal não estava em minha casa. Mas como sabia que logo sentiríamos fome, tomei a liberdade de fazer alguma coisa, já que dispensando Marie por hoje.
 
- Tudo bem, não demore. –  me dá um selinho rápido e seguindo animada para o seu quarto.
 
(...)
 
- Minha mãe quer porque quer um chá de bebê Camz, então domingo estamos intimadas a ir até lá. – informa Lern assim que entro em seu quarto segurando biscoitos recheados de chocolate e leite gelado para acompanhar.
 
- Não acho necessário, já começamos a comprar algumas coisas do enxoval e iremos aproveitar o que foi do Theo. – expresso minha opinião.
 
Gostava do fato de Lauren não ser apegada ao luxo, tanto que iríamos aproveitar o berço que foi de Theo, e várias roupinhas que estavam encaixotadas no porão, daria uma trabalheira limpar e lavar tudo, mas valeria a pena.
 
- Foi o que eu falei, mas quem disse que ela me escuta? E quando dona Clara põe uma coisa na cabeça, não nos dá outra saída a não ser sequer às suas vontades. O bom é que você conhecerá meus outros amigos. – fala enquanto procurava algo pra assistimos.
 
Não vou negar, estava nervosa pelo pouco que ela já tinha falado dos amigos, sabia que todos eram protetores com ela. Conquistar seu pai, Demi e Ally não foi nada fácil, espero não seja assim com os outros. Torço para que sejam como a Mani, ela sempre foi compreensiva e tentou me ajudar desde o início, foi ela quem incentivou Lauren a me procurar para anunciar a gravidez, o que eu serei imensamente agradecida. Por isso decidimos que não teria pessoa melhor para ser madrinha da nossa filha junto de Dinah. Óbvio que nenhuma das duas sabiam, só contaríamos quando nossa pequena nascesse.
 
- Espero que não queiram me assassinar, como seu pai quis da primeira vez, foi difícil conquistar um pouquinho de confiança dele. – confesso.
 
- Ainda não entendi essa sua aproximação tão repentina com meu pai. – comenta e me olha de forma questionadora.
 
- Nós não nos aproximamos, ele só está percebendo que vai ter que me engolir, já que não vou sair de perto de você duas. – dou de ombros. Não era como se Michael e eu fôssemos os melhores amigos do mundo, ele só entendeu que eu estaria ao lado de sua filha independente de qualquer coisa.
 
- Hum... Sei. Ainda vou descobrir o que o velho aprontou e o que conversaram naquela cafeteria.
 
- Posso convidar Dinah e Shawn? – pergunto.
 
- Claro Camz, são seus amigos, merecem estarem presentes. – responde.
 
Só espero que Shawn compareça. Eu não havia contado sobre minha discussão com meu amigo a Lauren, acho que ela não iria gostar nada, por isso mantive apenas pra mim. Uma hora teríamos que nos entender, eu queria ter o apoio e a presença dele nessa nova fase da minha vida.
 
- Ótimo anjo. Agora vamos assistir. – me ajeito ao melhor ao seu lado – Sério Lauren? Grey's Anatomy?
 
- Sim, não gosta? – fala de forma inocente.
 
- Você sai do hospital, mas o hospital não sai de você. – digo rindo.
 
- Ah Camz, não tenho culpa. – resmunga, mas sorrindo de volta.
 
- Ser médica está no seu sangue mesmo, não tem jeito.
 
- Desde nova eu sempre quis ser cirurgiã, mas a pediatria me encantou também. Poderia ter tentado ser cirurgiã pediatra, mas a residência me deixaria completamente sem tempo e eu tinha Theo, então acabei decidindo apenas clinicar, o que já me afasta bastante dele durante a semana. – confessa algo que eu ainda não sabia a seu respeito. E tudo o que era relacionado a ela, me despertava interesse.
 
- Mas você ainda pode tentar ser cirurgiã Laur.
 
- Estou grávida Camz. Além de ter mais um bebê irá dependente de mim, eu teria que me dedicar aos estudos e trabalhar ainda mais. Estou bem assim, estou feliz com meu trabalho, com minha vida. – responde de forma natural.
 
- Mas se você quiser tentar eu apoio e irei ajudá-la no que estiver ao meu alcance. – eu não sabia se era algo natural de Lauren, ou se era coisa da minha mente, mas como em câmera lenta de alta precisão, ela virou em minha direção, me olhou e sorriu. Não sei o que brilhara mais, seus olhos ou o sorriso. E sim, eu certamente faria o que fosse preciso para sempre receber esse sorriso de volta.
 
- Obrigada Camz, realmente é bom saber disso. Na gravidez de Theo me senti muito sozinha, por mais que meus pais e meus amigos estivessem ao meu lado, não ter alguém pra dividir as alegrias do dia-a-dia e responsabilidades igualmente, me fez falta. Com você parece tudo estar completo. – dessa vez que sorriu abobalhada fui eu.
 
Eu não sabia bem o que sentia por Lauren, não posso dizer que amo ou que estou apaixonada, afinal nunca sentir isso na vida, mas eu gostava da sensação de ter ela por perto. Sei lá, me aquecia por dentro. Seja lá o que for, é bom e não pretendo abrir mão.

 
Ela faz um bem imenso pra mim.
 
_______&_______
 

POV Lauren Jauregui.
 
Estranho o silêncio ao entrar mesmo com Theo e Camila em casa. Esses dois juntos, em silêncio, é sinônimo de que estão aprontando algo. Assim que passo pelo hall de entrada vejo o motivo da quietude...
 
- Karla Camila e Nicolas Theodore, venham já aqui!
 
Caos. Era o estado em que se encontrava minha sala.
 
- Ferrou. – escuto Theo falar, saindo de mansinho de onde estava escondido.
 
- Eu posso explicar. – escuto Camila atrás de mim, olho pra trás e a vejo saindo de dentro do armário de casacos.
 
- E acho bom ser uma boa explicação, pois estou a ponto de te encher de tapas! – a mais nova levanta as mãos em rendição, ameaçando entrar no armário novamente.
 
Desde quando ela ficou tão solta assim? As evoluções de Camila eram nítidas, ela estava mais animada, mais espontânea, o que me aquecia meu coração.
 
- Nem pense nisso. – alerto e ela volta dessa vez pra perto de mim.
 
- Por que está tão brava mommy? Só estamos brincando... – justifica Theo ficando na minha frente, levantando os braços para que o pegasse no colo.
 
- Theo querido, sua mãe não pode carregá-lo já falamos sobre isso. – intervém Camila, me fazendo bufar.
 
Fazia tempo que não pegava meu pequeno no colo, sinto falta, mas também sabia que Camz estava certa, Theo poderia parecer pequeno, porém pesava e isso poderia prejudicar a gravidez.
 
Ela tira meu jaleco e bolsa que estavam pendurados no meu ombro e leva até o armário.
 
- Ah é mesmo, esqueci tia Camz, desculpa. – respondeu conformado.
 
- Ok, agora me expliquem por que essa sala está uma zona?
 
- Como Theo disse estávamos brincando e nos empolgamos... – fala com uma carinha de culpada – Iríamos arrumar antes que você chegasse, não sabíamos que você chegaria mais cedo e nos pegaria de surpresa.
 
Porque ela tem que ser tão fofa? Ou eu estou muito trouxa por essa garota?
 
- E quando irão começar a limpar? – questiono sentando no único espaço do sofá sem brinquedos.
 
- Agora? – pergunta em dúvida olhando para o meu filho.
 
- O que estão esperando Camila? Vamos os dois. Deixem essa sala um brinco, não me importo que brinquem, desde que deixem as coisas organizadas depois, Marie não poderá vir esses dias e nós quase não temos tempo pra limpar. – Camila concorda.
 
- Dia estressante? – questiona.
 
- Demais.
 
- Tudo bem. Então eu e Theo iremos arrumar tudo, enquanto você vai toma banho e se deita um pouco, vamos pedir comida para o jantar. – se aproxima por trás, segura em meus ombros numa leve carícia, abaixa seu tronco e deposita um selinho em meus lábios.
 
- Por que não apareceu antes na minha vida? – falo manhosa.
 
- Tudo acontece no tempo certo babe. – responde piscando pra mim.
 
Meu pequeno se aproxima para compartilhar aquele momento, mas ele estava mesmo era empolgado com o fato de comer algo diferente naquela noite. Acabo por não resistir e dou um monte de beijos em meu filho, pense em uma criança fofa!
Eu poderia facilmente me acostumar com essa vida. Com Camila ao meu lado, morando aqui de forma definitiva, e com a chegada de nossa filha tudo poderia ficar ainda melhor.

Eu gosto dela e admito isso, só não sei a extensão desse sentimento, então até saber de forma concreta, não direi a ela.

Não tínhamos um relacionamento concreto, não tínhamos cobranças, mas mesmo assim nos respeitamos, respeitamos o que temos. Estávamos bem desse jeito.

E apesar de Camila ter apenas 17 anos, sabia que podia esperar sempre o melhor vindo dela, sabia que não iria me decepcionar.

Grávida de uma adolescente. (intersexual)Onde histórias criam vida. Descubra agora