Capítulo único.

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Primeiro que já havia começado errado, pois era Natal, e é claro que o Ministério sequer deveria ter cogitado a ideia de “arranjar” - Hermione havia apelidado desta forma, quer dizer, como diabos alguém arranja trabalho para outra pessoa na Véspera de Natal?! -, missão para os aurores neste dia. Óbvio, era um teste. A nova turma, a sua turma, tinha se formado recentemente então o ministério pensou que seria super apropriado que eles fossem testados em pleno Natal. Infernos e caralhos, e tantos outros palavrões que geralmente ela mantinha somente para si, rondavam a língua dela implorando por liberdade. Ela estava realmente chateada. Porque? Oras, ela amava o clima natalino, amava como todo aquele vapor de ódio se dissipava um pouco, como as conversas e discussões sobre política tornavam-se perguntas recentes de onde passaria a ceia, e se era a favor ou contra as passas no arroz e nas outras comidas natalinas. Hermione era a favor das passas, só pra constar. Ela gostava dos enfeites, de como a cidade toda se acendia e brilhava durante todo aquele período e como as pessoas ao redor esqueciam só por um momento suas chateações e se tornavam mais empáticas, ou fingiam ser mais tolerantes, em alguns casos deixavam de ser tão egoístas e olhar além de seus próprios umbigos. Natal era sua época favorita do ano, somente!
Então, quando sentada em sua escrivaninha, num escritório compartilhado e apertado, cheio de homens chatos e perfeitos idiotas exibicionistas e machistas, e Kingsley apareceu com a notícia da “missão” ela não poderia ter ficado mais possessa. “Eu pensei que fôssemos amigos”, ela pensou olhando fixamente para o Ministro enquanto ele repassava como seriam as pequenas missões que ela julgava do fundo de sua alma que fosse forjada, em seu âmago ela o amaldiçoava de coisas realmente ruins, que talvez a fizessem se arrepender depois.

— Aposto cinco galeões que ele nos fará seguir essa missão em duplas. - Draco Malfoy chegou perto dela e sussurrou em seu ouvido, fazendo-a assustar-se e pular no lugar.

É, o inferno de provações vinha muito antes de ter sido aceita no Departamento de Aurores afinal, havia se iniciado no dia do treinamento quando ela deu de cara com quem? Draco demônio Malfoy. Claro que ele viveu para atazanar a sua vida, durante todo o processo, e depois também. Eles dois no mesmo espaço nunca seria algo certo de fazer, ou fácil de conviver, eles tentaram se matar e de verdade, por muitas vezes no treinamento, e até mesmo quando tinha uma reunião de happy hour para relaxar de toda aquela barra que era tentar se formar para ser Auror, mas no final, depois de passarem por tantas coisas juntos até serem aprovados, tornaram-se mais tolerante com a presença um do outro, obviamente, ela revirou seus olhos para ele quando o focalizou, mas já não tinha mais aquela vontade de socar a cara dele quando o via, não sempre como outrora.

— Isso é muito clichê, você pensa que está num livro de adolescentes? - ela inquiriu quando retomou a postura olhou para ele sem qualquer reação - Aposto cinco galeões que a missão é irmos em algum desses bailes de ricos procurar por alguém que roubou alguma coisa e blá, blá, blá. - ela suspirou - Vou logo pensar onde deixei meu vestido vermelho de festa.

— Quem está sendo clichê agora? - Draco perguntou de forma sarcástica e ela deu de ombros - Vermelho é o clichê dos clichês. De repente você chama mais atenção que todo mundo quando deveríamos ser discretos e blá, blá, blá. - Draco foi quem revirou os olhos e sorriu de forma depreciativa - Use verde para variar e quem sabe as coisas funcionem melhor. - ofereceu ele simplesmente ancorando ao lado dela -

— É sempre assim nos filmes de ação. E verde não é uma cor ruim, eu até gosto, mas se é pra ser clichê o vermelho tá aí pra isso. - retrucou Hermione e voltou a olhar para Kingsley - E aí vamos fechar a aposta? - ela perguntou, confiante -

— Se coce e me dê logo meus galeões, espertinha. - anunciou Draco piscando para ela -

Ela deu um meio sorriso afetado, claro que aquelas moedas já eram dela, numa escala de clichês de natal, o do baile e vestido vermelho sempre ganhava de lavada. Deu a ele uma piscadela de quem diz; é você quem tem que se coçar no fim das contas, e voltou sua atenção para o Ministro que estavam finalizando algo sobre a importância daquela missão. “Babaca fodido do caralho!” ela pensou.

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