Quarttions - Uma Breve História Sobre O Passado

Os espíritos e a criação do mundo

No início, somente Kírüs existia. Ele era uma entidade cósmica que vagava silenciosamente pelo vazio. Porém, em um determinado momento, ele se sentiu só.
Com a vontade de ter uma companhia, ele criou Jhize, que veio à tornar-se mais tarde, seu ajudante na criação do universo infinito.
O primeiro filho de Kírüs sugeriu que eles criassem um lugar, para ser habitado por mais seres semelhantes á eles, e Kírüs viu que aquilo era bom.
Sentado em seu majestoso trono flutuante, ele levantou um de seus dedos, fazendo surgir as galáxias e nelas nasceram as estrelas, os satélites naturais, buracos negros ferozes e por fim, o primeiro mundo, lar dos que viriam a povoa-lo mais tarde.

Kírüs levantou-se de seu trono e falou a Jhize:

- Veja, meu filho. Sua vontade tomou forma, e agora, tudo isso pertence a ti!

Por um tempo, Jhize contemplou admirado a vastidão do universo. No entanto, ao olhar mais além, para o primeiro mundo, notou que este era diferente do que havia imaginado, pois em seus pensamentos, naquele lugar haviam muitas cores e variedades de vida.
Kírüs notou uma energia melancólica que emanava do espírito de seu filho e ele já sabia o porquê.

- Eu te criei, Jhize. Tu saistes de mim, portanto, teus pensamentos são ouvidos por todo o meu ser. Eu te dei este Reino, desta forma incompleta, porque não cabe a mim finaliza-la.

O primogênito da entidade partiu então para o primeiro mundo, voltando toda sua atenção e pensamentos para a criação do lar ideal para os Terúlians, que até então só existiam em seu pensamento.

Ao contrário do que contam os sábios, no início Jhize não possuía uma forma física que andava sobre Quarttions.

Dessa forma procederam-se os acontecimentos, desde o surgimento físico do primogênito, à criação da vasta vegetação verde no mundo.

Contudo, a passagem do tempo fazia toda a vida desfalecer. Isso entristecia o primeiro filho.

Então, Jhize sentiu que sozinho não conseguiria finalizar sua obra, e por isso, criou os "Artesãos", uma raça feita a sua imagem, composta por quatro seres. Eles também tomaram formas físicas gigantes.

Um dos artesãos chamava-se Mullosous.
Este criou o lençol aquático que cobriu o planeta, fazendo nascer então todas as criaturas marinhas. Já seu irmão mais próximo, que se chamava Shannom, ficou responsável pela geometria de Quarttions. Ele levantou montanhas, dividiu continentes, criou as planícies e os planaltos, ergueu enormes chapadas e nunca se contentou com seu trabalho, pondo-se então, a sempre criar algo novo.

Enquanto os dois irmãos trabalhavam no Leste, sua irmã, Válleriz, espalhava do oeste para o resto do mundo, sua essência poderosa, conhecida desde o início como a esperança e a persistência em realizar feitos com as próprias mãos, enchendo então todo o planeta de uma energia alegre e ao mesmo tempo revigorante.

No extremo Norte de Quarttions, um dos artesãos chamado Vanír, ostentava de um vasto poder, quase que sem limites, concedido à ele pelo primogênito de Kírüs.
Ele tinha conhecimento sobre o futuro do mundo, e viu em um determinado momento do tempo, as trevas engolfarem o brilhante planeta solitário. E viu também que os Terúlyans não tiveram forças para iluminar seus destinos. Desta forma, ele percebeu que uma tristeza incomum se manifestava involuntariamente em seu interior. De maneira alguma ele queria ver aqueles pequenos seres passarem por tudo o que havia visto, então ele decidiu dar um presente aos que viriam.

Percebendo que aquele mundo não poderia comportar o que ele queria lhe dar, Vanír decidiu sair de Quarttions, passando a vagar por muito tempo sobre as estrelas, até que encontrou, em meio ao infinito universo, o lugar perfeito para preparar o presente.

Juntando todo o seu poder, ele criou uma árvore colossal, que brilhava como a glória de Kírüs. Ela flutuava sobre o nada, emanando para todo o universo o poder de seu criador. Assim, aquele que quisesse, poderia usar a energia de Vanír, do jeito que bem entendesse.

Logo após, milhões de anos haviam passado e Jhize e seus companheiros repousavam em Quarttions, no templo que haviam levantado em Bassárus, para que descansassem, pois estavam exaustos por conta de seus árduos trabalhos.

Muito distante dalí, a entidade Kírüs viu a luz de seus filhos cessarem e aquilo só poderia significar que o trabalho deles estava quase terminado.
Ele se levantou do seu trono e partiu do seu palácio, onde estava criando algo novo.

Chegou de surpresa em Quarttions, na forma do espectro de um Cervo.
A entidade passeou um tempo sobre o planeta rico em vida, visitou as terras de Gugdan, seguiu os ventos até chegar ao leste, nas montanhas enevoadas que separavam a terra de Zuridan do resto do mundo e nadou sobre as correntezas violentas dos mares, que levaram-lhe até às Ilhas de Borian, onde encontrou Jhize e os Artesãos, descansando em uma clareira, rodeada de carvalhos.

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