Navalha

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A vida toda eu fui preparada, tolhida e moldada na lâmina fina da navalha. Lascavam pedaços da minha alma e lapidavam minhas emoções e minhas opiniões com o rigor do mesmo aço. Lágrimas e sentimentos atrapalhavam o caminho da razão e fui ensinada que meus sentimentos davam as mãos à loucura. E que ser louca em um mundo que diziam são atrapalharia eu conquistar o que queria. Mas não me disseram que o que eu queria não era o que eu queria, mas o que queriam para mim. Também não me disseram que a loucura era o berço da minha sanidade, autenticidade e independência. Muito menos me disseram que eram minhas emoções e meus sentimentos que melhor poderiam orientar meu caminho. Jamais meu cérebro poderia escolher o caminho da felicidade se é meu coração que acredita em sonhos e segura minha mão quando dele preciso. Foi preciso de amor para costurar minha carne e de fé para restaurar minha alma. Foi preciso de bondade para restaurar meus erros e meus caminhos tortos. E de coragem para seguir adiante sem certeza de mais nada. Foi preciso de mais amor para perdoar o mundo por tantas certezas e verdades. E sabedoria sempre para continuar tão tola a ponto de acreditar em sonhos e contos de fada.

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