Netell 02

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Durante o resto do dia ficou difícil me concentrar em qualquer atividade que se passasse no quadro negro, já que durante o resquício de luz do dia, eu fiquei pensativo com a proposta, o que me motivou a tentar decidir logo...

Mas antes de ir para casa e determinar a minha ida – ou não - eu tinha que ter certeza se estaria sozinho - ou não - nesse projeto.

-Então vocês tem interesse de participar? - perguntei com a voz da "representante do estado".

-Se você estiver falando do projeto... Sim eu tenho interesse – respondeu Canviz, com sua melhor determinação.

-Do que mais ele estaria falando? cachinhos dourados. – A Mai sendo "gentil" como sempre – Mas eu também fiquei curiosa, principalmente sobre este novo método de ensino que aquela senhora citou.

-Bem não importa muito o que vocês vão fazer em relação a isso, porque primeiro terão de convencer os seus pais. - A Ingrid falou de uma maneira que parecia que ela já era maior de idade

-Verdade tinha me esquecido desse detalhe, não sei se meus pais vão deixar eu ir para um internato, em uma ilha. – eu não cheguei a conhecer os pais de Viz mas pelo jeito que ele falava pareciam ser responsáveis e preocupados com o filho.

-Ok, podem ir pensando nisso pelo caminho, enquanto isso eu vou para casa; valeu falou. – acenei em despedida e segui o meu caminho de volta para o lar.

Estava eu voltando para casa sozinho (o Canviz, a Maigni e a Ingrid moravam para o lado oposto ao da minha casa), e isso me deu o tempo de refletir, refletir se isso era uma oportunidade ou uma das armadilhas que a vida nos prega.

Sabe eu sempre tive o desejo de causar a diferença "de que as pessoas das próximas gerações ouvissem o meu nome, como o de alguém que mudou o mundo" - esse é o sonho de muitas pessoas da minha idade - E essa escola me dava uma chance de ser importante, e isso criava esse dilema de ir ou não, marcando cada vez mais as palavras "Eu vou?" Em minha cabeça...

-Nos vamos? - A voz distante e infantil, se alastrou pela minha mente como se fosse o eco de uma caverna.

Oque? Tem alguém ai? - virei meu corpo em um movimento espontâneo que retratava bem o instinto de "luta ou fuga". Mas não havia ninguém, o que ainda assim já era estranho para uma rua movimentada como aquela. -Se acalme! é só sua imaginação, provavelmente algum receio de tentar coisas novas, como qualquer outro adolescente – expliquei para mim mesmo, na tentativa de me acalmar.

Dei mais alguns passos e já estava no portão do conjunto habitacional no qual eu morava, de lá dava para ver uma fábrica que parecia estar voltando ao funcionamento – depois de vários anos abandonada – mas a minha cabeça não estava em condições de reparar nisso.

-Nossa! Estava tão distraído que cheguei em casa sem nem perceber – tentei colocar um tom humorado na minha própria voz, na tentativa de me animar (não funcionou muito bem).

Minha casa era simples... um apartamento no segundo andar de um prédio de meia idade, com 5 andares e sem nenhum elevador; por dentro as paredes são cobertas por um branco desgastado que varia entre diversos tons; chegando na porta de minha casa, via se uma porta nova cercada pelas paredes corroídas pelo tempo (a madeira da antiga porta tinha apodrecido, então tivemos de trocar), mesmo sendo nova ainda era simples (branca sem detalhes e com uma maçanete redonda); ao entrar na residência se percebia que não se tinha nada propriamente novo, mas tudo muito bem cuidado, a frente da abertura da porta tinha um sofá em formato de L alinhado e encostado na parede, já do lado oposto uma Tv de tubo com antenas apontadas no ângulo de 45°, os quartos eram ainda mais simples com somente uma cama próxima a janela e um pequeno guarda roupa a sua esquerda.

A ilha da serpenteOnde histórias criam vida. Descubra agora