-A gente se vê amanhã! - O Netell, normalmente ele é atento ao mundo ao seu redor, mas dessa vez o seu foco estava inteiramente na escola, e seus olhos mostravam os pensamentos que divagavam pela sua mente.
-Tchau Tell! - Disse (não gritando, mas em voz alta) Maigne, porem ele não pareceu ter ouvido, pelo menos não reagiu de maneira alguma.
-Tcha... Tell? Essa é nova – Eu concordo que esse apelido também me deixou sobressaltada.
-Até... - Também me despedi
Pessoalmente devo admitir que não gosto de despedidas, não por ser triste, mas por eu não saber o que falar. Nem toda despedida é correta para uma determinada situação
Conforme tomávamos distância do "Tell", as duas crianças retomavam sua discussão baseada no achismo; que por acaso me deu tempo para refletir... Dentre nós quatro eu sou a única que tem um nome comum, o que, ironicamente é incomum. E isso levantou em minha cabeça, algumas perguntas como:
1.porque esses nomes?
2.onde acharam?
3.Foi pela simples vontade de ser diferente?
-Ingrid!! - quase dei um salto de susto – Ta brisando ai, ou o que? estou te chamando! - A Mai fez questão de deixar bem claro o fato de estar irritada, por ter sido ignorada.
-Há, desculpa eu estava distraída...
-Percebes – me interrompeu
-Então o que você queria dizer? - tentei parecer o mais gentil e calma possível (era o único jeito dela parar de "falar alto").
-Eu queria dizer tchau... caso não tenha percebido já estamos na minha rua. – Ela estava claramente sendo sarcástica.
Estávamos em uma encruzilhada, onde a nossa esquerda havia um bar pequeno e simples – Ele vivia imundo – mas possuía uma clientela fixa, que sempre que passávamos estavam lá; cruzando a rua tinha uma farmácia local relativamente grande (o que não incomum), em dias normais a drogaria era meio vazia, com no máximo duas a três pessoas frequentando ao mesmo tempo. O caminho para a casa da Maigne seguia por entre esses dois comércios, enquanto eu e o Canviz continuávamos reto ao longo de uma rua residencial.
-Deixa de birra, coisa... Eu tenho mais o que fazer – disse o Viz
-Em nenhum momento eu pedi para você se despedir, na verdade eu preferia nem te cumprimentar, estou apenas tentando me despedir da minha amiga INGRID! - Às vezes a briga dos dois parecia autossustentável, porque eles nunca perdiam a energia para brigar.
-Calma vocês dois – comecei a empurrar o Canviz, para o nosso rumo – Tchau Mai! A gente se vê amanhã.
Em quanto nos distanciávamos, os olhos da Maigne perdiam aos poucos a raiva que sentia de ter sido ignorada (fora as discussões com o viz), e esses espaços vazios criados eram pouco a pouco preenchidos de uma alegria leve causada por uma ansiedade – igual a de querer saber a continuação de uma história - E com um simples gesto ela se despediu, sem dizer nada.
-Já pode parar de me empurrar... - falou, enquanto tentava olhar para trás.
-ta bem – tirei as mãos de suas costas e dei um passo para lado
Quando retirei a força que estava aplicando em seu dorso, seu equilíbrio desapareceu por apenas 1 segundo, mas ainda o suficiente para ele quase cair de bunda no chão.
-Hei! não precisava ser tão brusca, parecia até que queria me derrubar.
- "Nunca tive essa intenção".
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A ilha da serpente
Science FictionA história é uma narrativa em primeira pessoa que acompanha um grupo de amigos que estão prestes a tomar uma decisão que vai tira-los da zona de conforto e trazer a tona partes que nem mesmo conheciam sobre si.