" Um cruzeiro ? " Eu disse surpresa olhando para o Barco Gourmet que nos esperava " É... Eu fiz reservas pro almoço, na verdade eu tive que dar uma mexida nos horarios devido ao seu pequeno imprevisto fashionista " ele disse rindo e fazendo aspas com os dedos quando disse "fashionista", senti meu rosto se iluminar e provavelmente ele também sentiu, pois o sorriso que ele carregava no rosto era incrivelmente intenso, ele pegou na minha mão e me ajudou a embarcar, fomos recebidos por Maurice, o garçom que nos acompanharia durante o tour, ele nos conduziu até nossa mesa e eu mal podia acreditar, haviam outros casais no barco, afinal era um tour muito famoso em Paris. David puxou a cadeira pra eu me sentar e a ajeitou, eu tirei o óculos e guardei na bolsinha que eu levava, ele sentou na minha frente sorrindo e Maurice logo nos deu os cardápios " S'il vous plaît, Monsieur ... Madame " ele disse elegantemente nos entregando o Menu, " Merci " o David falou acenando com a cabeça para Maurice e eu não conseguia parar de sorrir " O que foi ? " ele disse me olhando com um sorriso suave no rosto " Nada... É que... Você " eu respirei fundo " Eu te amo " eu falei relaxando os ombros enquanto David acariciava minha mão que estava na mesa, ele piscou pra mim e mandou um beijinho " Vai pedir o que? " Ele me perguntou " To entre Salmão Poché e Coq au vin " eu disse olhando o cardápio " Você ta muito chique, o que é isso aí o ultimo " ele falou procurando no cardápio " É Frango ao Vinho, traduzindo... Acho que vai ser esse mesmo... S'il vous plaît Monsier Maurice un Coq au Vin " eu disse pedindo meu prato, olhei para o David e ele sinalizou que também queria e Maurice nos deixou " Eu preciso melhorar meu Francês, sempre fico com Brasileiros e acabo não praticando " ele falou sorrindo " Mas me encanta te ouvir com esse sotaque tão lindo, fazendo biquinho " ele continuou dizendo enquanto me olhava nos olhos " Eu não falo biquinho " eu respondi sem graça e ele acenou com a cabeça que eu fazia sim.
A vista era linda, estávamos vendo Paris do Rio Sena, os nossos pratos chegaram trazidos por Maurice e a banda que estava a bordo começou a tocar La Mer de Charles Trenet, era tão lindo e tão sereno, eu me sentia em um filme antigo pariense, David e eu conversávamos animados sobre mil coisas enquanto comiamos, de repente ele se levantou e me deu a mão " Eu sei que vai parecer clichê mas... Me concede essa dança? " eu coloquei mão direita sobre o colo como se fosse uma das moças dos filmes dos anos cinquenta e dei minha mão pra ele, sorrindo ele começou a me conduzir ali perto da mesa mesmo numa dança tímida e meio desajeitada, mas eu não importava, eramos só eu e ele naquele momento, sem interferencias. " Je t'aime, et je ne peux pas vivre sans toi " eu sussurrei contra o ombro dele, ele sorriu e olhou pra mim " O que isso quer dizer ? " eu olhei no findo dos olhos dele " Eu te amo e não posso viver sem você ". Os olhos dele brilharam e nós fomos parando com os passos de dança aos poucos, nos olhando fixamente, minha mão descansava em seu peito sendo segurada pela mão dele, enquanto a outra envolvia minha cintura, ele me puxou levemente pra um pouco mais perto e me deu um selinho longo com um pequena mordida no meu lábio inferior no fim do beijo que coincidiu com o fim da música, todos aplaudiam, não somente a banda que fez um incrível trabalho, mas a nós dois pelo show de romantismo, algumas mulheres estavam visivelmente emocionadas com o que tinham presenciado, sorriam largamente com os olhos marejados, David cumprimentou a todos timidamente e fomos andar pelo barco, caminhamos até a proa e uma brisa suave nos acalentava naquele momento, ele encostou nas ferragens e me puxou pra ele, mordeu meu labio iniciando uma beijo lento e profundo, me transportando pra uma outra dimensão, ele me abraçava com os dois braços pela cintura e meus dois braços envolviam seu pescoço, eu dava leves chupões no labio inferior dele e nada conseguia o distrair da missão que ele tinha naquele momento que era me amar. Paramos o beijo e ficamos abraçados sentindo a brisa sobre nós, nossos cachinhos balançavam sutilmente e não precisavam palavras pra descrever aquele momento, e nem para expressar o que sentiamos um pelo outro ali. O Sol começou a se por e ele respirou fundo afrouxando um pouco o abraço " Esses são meus momentos preferidos sabia ? " eu disse pra ele " A é? Por que? " Ele disse tirando um cacho meu do meu olho " Porque os seus olhos ficam diferentes, como se você encontrasse paz, como se o Por-Do-Sol refletisse o que você carrega na alma, a cor deles é inexplicável, e eu adoro " eu falei passando a mão no rosto dele, o Sol iluminou diretamente seu rosto, fazendo parte de seus olhos ficarem num tom esverdeado fora do comum, ele me olhava sereno, os olhos dele brilhavam, ele respirava compassadamente como sempre e calmo " Eu encontrei a paz de fato, em você. E se os meus olhos dizem alguma coisa é só que eu te amo de um jeito estranho até mesmo pra mim " ele falou acariciando meus braços " E isso é bom ? " eu perguntei e ele acenou com a cabeça que sim " Qualquer coisa que você me faça sentir é a melhor possível " ele me deu um selinho e o meu coração disparou, eu sorri e tirei o celular da bolsa e tirei uma foto do por do sol. Voltamos pra mesa e pedimos a sobremesa, fui bem tradicional e pedi Profiterólis, e o David sorvete, acabamos que misturamos tudo, eu sujei o nariz ele, ele sujou o meu e nos divertimos muito, nos ultimos minutos do por do sol David pediu para que Maurice tirasse uma foto nossa, " A gente precisa registrar esse dia tão incrível " ele falou pra mim olhando nos meus olhos e segurando minhas mãos, David se posicionou do meu lado e Maurice tirou a foto, lindissima por sinal, e o nosso Domingo foi acabando, o melhor Domingo da minha vida.