Strangler - O verdadeiro sentido

Prólogo

Era um dia chuvoso como qualquer outro, eu não gosto de dias chuvosos, me lembrava o dia do acidente da minha mãe, dias assim me deixava com uma sensação ruim, tentei não pensar nisso, o dia havia sido cansativo no FBI, o novo assassino em série estava deixando as coisas agitadas, ainda nem decidimos qual nome usaria para chamar o caso, mas provavelmente seria Strangler, um estrangulador que tortura suas vítimas, e eu havia sido designada para a equipe responsável pelo caso, mas não era isso que eu queria pensar naquela noite, tinha um jantar com o Brian, meu noivo e resolvi focar nesse pensamento até chegar no restaurante por ele escolhido.

- Você está linda Lívia – Disse Brian assim que cheguei.

- Você e seus galanteios para que eu não fique brava! – Brinquei após o cumprimento.

- Desculpa não ter ido buscar você em casa, surgiu um imprevisto e eu precisava checar umas coisas – Explicou Brian.

- Checar algumas coisas? Não me diga que é sobre o Strangler.

- Vamos pedir primeiro? Além do mais não quero falar sobre trabalho no nosso jantar, estamos aqui para falar sobre o nosso casamento que está chegando, e por conta dessa onda de assassinato não temos tido tempo de resolver nada, daqui a pouco chega o dia e vamos ter que casar com nosso uniforme do FBI – Brincou Brian.

Brian me fez rir com a ideia de casar com o uniforme, sei que no fundo ele só queria me distrair para que não perguntasse demais sobre o caso, mas ele também sabia que eu não desistiria, minha curiosidade era grande.

- Então... se eu perguntar amanhã no serviço, você vai me contar?

- Você não tem jeito, não é? Bom, não consigo dizer não para você, então amanhã quando me perguntar eu conto, feliz? – Respondeu Brian enquanto chamava o garçom para fazer o pedido.

Brian trabalhava no FBI antes de mim, quando o conheci não foi difícil de me apaixonar por ele, agora nessa nova equipe ele era meu chefe, liderava a equipe responsável pelo caso do Strangler, e eu sabia que isso estava mexendo demais com ele. Estávamos noivos a pouco tempo, no dia em que ele me pediu em casamento também estava chovendo, e isso me fazia sentir bem.

- E porque você quis jantar fora hoje?

- Você sempre apressada né? Tenho uma surpresa para você – Respondeu Brian pegando uma sacola pequena na cadeira ao lado da sua – Sua aliança ficou pronta, espero que dessa vez sirva...

Sorri, Brian não era de falar muito, mas eu sabia que ele havia comprado as alianças já fazia algum tempo, quando ele propôs eu já havia perdido alguns kilos estando na nova equipe com o caso Strangler, ele não deixava ninguém respirar, olhei para o dedo do Brian, eu gostava de vê-lo usando a aliança que mostrava que ele era meu. O jantar transcorreu tranquilamente, acertamos muitas coisas para o casamento e a chuva não cessava e havia esfriado ainda mais quando saímos do restaurante, correr para o carro foi a solução. Em frente à minha casa, Brian segurou a minha mão com a aliança e beijou, eu não podia imaginar minha vida sem ele.

- Tem certeza que não quer ficar mais um pouco?

- Como essa mulher é apressada, falta pouco para nosso casamento, além do mais, se eu ficar mais um pouco, não vou conseguir me segurar – Brincou Brian.

Rimos da brincadeira dele, passei a outra mão no rosto dele e nos beijamos.

- Eu te amo!

- Eu também te amo minha loira, sonhe comigo esta noite hein? – Respondeu Brian.

Se eu soubesse o que estaria por vir, não teria deixado Brian ir embora, mas isso me faria ficar arrependida pelo resto da minha vida. Já estava de pijama quando recebi a ligação do Artur, um amigo e que trabalha comigo no FBI, na hora pensei que seria Strangler havia feito mais alguma coisa, e eu não estava errada, mas o que eu não sabia eram quem seria a nova vítima. Cheguei o mais rápido que pude no local, estava cercado pela polícia, ainda chovia, uma chuva fina, mas que doía na alma cada gota sentida, passei pela fita amarela e caminhei até próximo da corpo da vítima, que já estava coberto, eu parei e respirei, a vista ficou embaçada com as lágrimas que caiam quentes e se misturavam com a chuva, não conseguia andar, eu tinha corrido até ali, mas agora eu não tinha forças para prosseguir, foi quando vi o relógio no pulso esquerdo da vítima que insistia em ficar exposto.

Era ele, era o Brian, e eu não conseguia acreditar que aquilo estava acontecendo, passei a mão no cabelo tentando me confortar, tentando me fazer acreditar que aquilo não era verdade, mas agora que tive a certeza que era ele, dei um passo a frente, as pessoas passavam a minha volta sem eu reconhece-las, e elas nem mesmo prestavam atenção na minha dor, na dor que aquela chuva voltava a marcar minha vida, dei mais um passo e fui parada pelo Artur.

- Lívia, seria melhor você não olhar! – Disse Artur.

Tentei me soltar dele, só enxergava o corpo da vítima, mesmo assim o Artur insistiu em me segurar.

- Primeiro vamos sair daqui, aí podemos conversar... – Continuou Artur tentando me afastar.

- ME SOLTA! – Respondi empurrando Artur para afastar de perto de mim e fazendo alguns investigadores olharem – Eu preciso ver com os meus próprios olhos! O Artur respirou fundo e colocou a mão na cintura como se não soubesse o que fazer comigo, eu segui andando cegamente até o corpo da vítima, todos pararam para me assistir, quando cheguei próximo cai de joelhos e me apoie com as mãos no chão para chorar, para colocar para fora o que estava sentindo, segurei a mão do Brian e levei até meu rosto, já estava gelada, afastei tudo que estava cobrindo ele e pude chorar abraçada a ele, juntamente com a chuva que insistiu em não parar, aumentando a intensidade juntamente com as minhas lágrimas. Podia ver a tortura por todo o corpo do Brian, foi quando reparei que o dedo que ele usava nossa aliança havia sido tirado, Artur veio ao meu encontro, tentou me consolar ficando ao meu lado, eu não queria acreditar que aquilo estava acontecendo comigo, pegar esse assassino seria meu único objetivo de vida, e não descansaria até descobrir toda a verdade por trás série de assassinatos.