Capítulo 1

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Washington, Estados Unidos. 


A lua brilhava lindamente naquela noite, e então suspirei pela segunda vez, pelo serviço, teria que ir ao Brasil ficar por um tempo, que nem mesmo sei qual exatamente seria, depois de um tempo trabalhando no FBI, você até mesmo esquece que tem vida, havia me destacado por conta do meu raciocínio em entender as pistas deixadas pelos criminosos, então acabei ficando como investigadora chefe do caso de um assassinato em série, logo após o investigador chefe do caso ter se tornado vítima do próprio caso. Já procurávamos o "Strangler" há três anos, nome dado pelos investigadores ao assassino, que se tornará o maior serial killer que o FBI investigava.


Já tínhamos tido vários indícios de quem ele seria, mas sem nada conclusivo, havia períodos, ele estar pior, chegava a matar uma pessoa por semana, e após uma longa tortura, ele concluía o crime, estrangulando a vítima. Ele já havia escolhido muitos métodos de atrair cada uma daquelas pessoas que foram cruelmente assassinadas, e depois de dois anos sem uma notícia, ele está de volta, desta vez no Brasil, e eu estaria indo para lá, em colaboração conjunta para capturarmos o Strangler.


Suspirei mais uma vez e voltei para dentro de casa, estava esfriando e provavelmente a noite seria ainda pior, nos últimos quatro anos tenho morado sozinha, minha casa e minha vida foram viradas de cabeça para baixo, até mesmo perdi meu noivo para aquele assassino. Minha família era pequena, além de mim, era somente meu pai Michel e minha mãe Barbara. Meu pai, que é americano e deputado, no princípio não concordou comigo liderando o caso, mas eu não poderia deixar passar a chance de capturar o Strangler com minhas próprias mãos, era como se estivéssemos perseguindo um ao outro, por isso sei que as duas mortes acontecidas no Brasil no último mês eram um aviso, ele queria de alguma forma me atrair para aquele país, que fui tão poucas vezes enquanto minha mãe, que era brasileira, era viva.


O Brasil não me traz boas lembranças, principalmente quando lembro que foi lá que meu pai se envolveu com outra mulher, e teve uma filha, que eu vi apenas uma vez, porque mamãe não queria nunca que tivéssemos contato algum. Papai após tantas brigas abandonou as duas, mãe e filha, minha irmã, que muitas vezes cheguei a me compadecer da situação, mesmo sem saber como ela vivia. Sempre que eu tocava no assunto com meu pai, ele se irritava e acabávamos brigando, no fim o ser humano é uma caixa de surpresas.


Prometi a mim mesma que estando no Brasil, iria procurar pela minha meia irmã, que estava desaparecida há um ano e as investigações não andaram muito, mesmo tendo feito a minha própria investigação sem que papai soubesse, nada foi muito conclusivo. Não sei se seria aceita ou não pela minha única irmã, e muito menos como merecia que eu fosse tratada, mas uma coisa tinha certeza, Laura não tinha culpa de nada do que se passou com nossos pais, e nem mesmo eu, então quem sabe pelo menos nós duas poderíamos nos entender, e deixar as brigas dos mais velhos para eles resolverem, gostaria muito de tentar, tinha esperanças de achala e nos entendermos.


Desembarquei no Brasil numa terça-feira, vim tranquila após deixar orientações na minha divisão, e claro, deixar alguém de olho no meu pai. Assim que me instalei em um hotel, fui de encontro com o Ministro de Segurança Pública, para poder acertar os detalhes de como procederia à parceria para a investigação dali para frente, enquanto isso começa a chover, e eu podia sentir que aquilo era um sinal, deveria me preparar, a chuva não me trazia boas lembranças. Pelo que eu soube quem estava responsável pela investigação, era o Estado de São Paulo, que foi onde encontraram as três vítimas, a terceira havia morrido naquela noite, e eu sentia que era uma forma do Strangler me dar às boas vindas naquele novo país.

Strangler - O verdadeiro sentidoOnde histórias criam vida. Descubra agora