5. Um anjo à beira da estrada

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PALAVRAS DE MÁRCIO FERRARI.

Valeska e eu optamos por pedir ajuda quando chegássemos no Rio de Janeiro. Para quem, ainda não sabíamos. Eu estava carregando sozinho toda a bagagem, inclusive a dela e a das outras meninas.

— Eu vou processar aquele motorista por ter me deixado longe das minhas amigas. — dizia Valeska enquanto andávamos na rodoviária para pegar o ônibus que nos levaria para a Cidade do Rock.

— Você deveria levantar as mãos para os céus e agradecer a Deus pelo motorista não ter te jogado pra fora do ônibus também. Principalmente naquela hora que você começou a cantar aquelas músicas de forró. — falei.

— Forró uma vírgula. Forró antigo, Márcio.

— Não vejo diferença. — opinei. Isso fez com que ela cantasse bem alto na rodoviária.

"Eu faço tudo por você; ponho um anúncio na TV, boto meu coração pra todo mundo ver, porque eu amo você!" — cantava ela.

— Isso, Valeska, canta Calcinha Preta quando a gente estiver perto dos fãs de Slipknot. Você nunca vai sentir tanta adrenalina na sua vida. Agora cala a boca e vamos encontrar um lugar pra ficar e alguém pra pedir ajuda.

PALAVRAS DE LARA PACHECO.


Perguntamos o nome do rapaz que nos dava carona. Ele nos disse para chamarmos de "Anjo". Estava tudo muito estranho: ele, com seu velho Chevette preto, dirigia muito mal. Logo descobrimos sua idade: dezessete. Gabi e ele cantavam uma música da nossa banda favorita, mas eu já estava estressada e só não pedi pra descer porque eu precisava ligar para o celular da Valeska, já que o nerd do Márcio não usava celular. Eu estava no banco de trás e Gabi no do passageiro, mexendo no porta-luvas do carro do garoto.

— Sua amiga é muito calada, não? — disse "Anjo" para Gabi.

— A Lara tá de bode. — respondeu minha adorável amiga.

— Gabriela, porque não coloca no jornal que eu tô menstruada? Porra, tem que ficar falando sempre!

Hello, filhinha! Pra que serve Facebook?

Não briguem! — disse "Anjo". — Eu tô com uma impressão de que conheço vocês de algum lugar.

— Impossível. Viemos de Fortaleza. Porém, eu também acho que já te vi antes, já que tocou no assunto. — respondi. — por que você não nos diz seu nome verdadeiro?

Anjo virou a cabeça e olhou para mim, no banco traseiro. Ao olhar nos seus olhos, verdes, brilhantes, lindos, meu coração bateu mais forte, como nunca havia batido há quase dez anos. Por Douglas.

— Minha identidade. — ele me entregou. — Agora entende porque eu não quero falar meu nome, né?

— Josivaldo Aquino Pinto? — li em voz alta. — Isso é brincadeira, né?

Gabriela começou a rir. Ria aquelas risadas de doer a barriga. Realmente era um nome bem engraçado. E sacana. Como o sorriso dele.

— Lara, é a mais pura verdade. — Anjo sorriu.

Entreguei-lhe de volta sua identidade.

PALAVRAS DE GABRIELA CARVALHO.

Quando Lara finalmente conseguiu falar com Valeska e Márcio, já estávamos quase chegando à Cidade do Rock. O hotel onde Anjo (ou, segundo sua identidade, Josivaldo) ficaria, era perto do nosso. Por isso, ganhamos carona até lá. Descemos do Chevette e nos despedimos do rapaz.

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⏰ Última atualização: Mar 06, 2019 ⏰

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