Para meu pai, um fã adimiravel deste desenho extraordinário.
Certa vez irmão do Jorel estava lá, enxugando as próprias lágrimas enquanto recebia um choque de realidade, o choque de ir para a frente da casa esperar Lara gritar por ele na porta, e lembrar que ela não estava lá, pois tinha se mudado para o Japão, a terra de seu desenho favorito.
Enxugou mais uma lágrima. Havia perdido a única amiga que tinha, que o tratava como amigo mesmo ele sendo um completo fracassado que ficava á sombra do irmão.
As vezes desejava não ser o irmão do Jorel, mas sim ser Jorel, a vida para ele parecia ser muito mais fácil. Todos lhe amavam, lhe consideravam o melhor de todos, cresceu rodeado de admiradores, garotas sonham em se casar com ele, e ele sempre foi bem sucedido. Nunca iria chegar aos pés do irmão, o máximo que poderia era ficar á sombra dele como sempre ficou.
Ele não foi jantar com a família naquele dia, e foi para o quarto de velharias da sua casa, onde sempre encontrava coisas como brinquedos antigos de Jorel e Nico, fotos antigas dos pais e das avós, e todo tipo de recordação da família.
Vasculhou as velharias, procurando o álbum que continha fotos do dia em que ele e Lara se conheceram, mas algo lhe chamou a atenção e lhe distraiu de sua busca.
Era um caderno, um caderno já antigo, com folhas amareladas, e de capa branca levemente encardida, mas ainda assim um caderno, com algo escrito á giz na capa, que ele levou algum tempo para ler: Diário de Jorel.
Ele ouviu passos e escondeu o caderno por baixo de panos, e percebeu que era justamente Jorel que passava na porta do quarto de velharias, calado e inexpressivo como sempre, parecia ir dormir. Não entendia como alguém como ele poderia escrever um diário, ele era o magnífico Jorel, escrever um diário era uma coisa que pessoas solitárias faziam, e Jorel não era, e nunca foi solitário.
Jorel desapareceu em outra porta, e seu irmão por impulso soltou um suspiro aliviado.
Com os olhos brilhando, ele abriu a primeira página do diário.
Meu querido diário, eu não sou muito de escrever e tudo, acho que pessoas como eu não deveriam escrever diários, mas aqui estou, pois mesmo com mil pessoas á minha volta me tratando feito um rei, eu ainda me sinto sozinho.
As vezes eu me pergunto se todas essas pessoas estariam a minha volta se não fosse pelas minhas habilidades, eu me pergunto se essas garotas seriam apaixonadas por mim se não fosse pelo meu cabelo e minha aparência, as vezes eu me pergunto muitas coisas.
Para eles eu sou Jorel, o incrível e magnífico Jorel, que nunca tem problemas, é apenas o garoto popular com vida perfeita, que nasceu perfeito e é perfeito, mas isso não é verdade. Eles veem o que permito que vejam. Não sou perfeito, me sinto sozinho, pois sei que todos eles são falsos.
“Mas você tem uma vida perfeita”
Perfeita até demais. Será que nunca imaginam o quanto viver sem desafios é tedioso e solitário? As vezes tenho inveja do meu irmãozinho, a qual todos chamam de irmão do Jorel, ele nunca fica entediado pois sempre acontecem coisas legais e mirabolantes com ele, eu simplesmente apareço em um lugar e surgem diversas garotas babando, isso não é nada divertido.
Bem, este é meu desabafo, isto sou eu declarando o meu completo tédio causado pela perfeição, e a solidão pelo fato de todos se aproximarem de mim simplesmente por eu ser o “Jorel”. Provavelmente esse diário vai ficar guardado no quarto de velharias e desaparecer para sempre.
Ass: Jorel.
Após ler aquilo, irmão do Jorel saiu do quarto de velharias e correu até o quarto do irmão. Ele estava de frente para o espelho, com o rosto inexpressivo, tentando esconder aqueles sentimentos que ele relatou no diário. O irmão abraçou Jorel, e por seu tamanho só pôde abraçar suas pernas.
Jorel olhou para trás sem entender, porém apenas sorriu.
“As vezes eu queria não sentir tédio como você, maninho...”
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Pensamentos de Jorel
FanfictionONESHOT DE IRMÃO DO JOREL Certa vez em um momento de tristeza, o irmão do Jorel vai para o quarto de velharias, e acha um caderno escrito "Diário de Jorel", onde ele viu um desabafo de Jorel que nunca imaginou existir.