O eleitor romântico

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O eleitor romântico é aquela pessoa de boa-fé, que realmente pensa estar fazendo o melhor para o país, mas que decide seu voto essencialmente por meio da paixão e não pela razão. Um tipo comum. É o eleitor que se transforma e facilmente adere ao discurso que mais o seduz. Quando menos espera, seu comportamento fica parecido com o do torcedor fanático por futebol, que vê no outro time um "inimigo" e não um adversário, e considera o árbitro um tirano cujo propósito de vida é fazer com que o time dele perca. O eleitor romântico está em todas as ideologias, não se engane, muda-se apenas o time escolhido. Coloca seu coração nas coisas da política e grita alto para sua torcida. Quem gritar mais alto vence — esse é o lema. Se o seu time perde, mesmo sabendo que os jogadores do seu time são ruins, ele arranca os elementos convenientes para deturpar o fato. Dane-se a razão! Se o time perdeu, não é porque é ruim, mas porque o juiz roubou, porque o campo era irregular, porque o campeonato não era justo — afinal, campeonato justo é apenas aquele no qual seu time ganha. E ponto! O eleitor romântico é esperançoso, xinga os realistas, pois julga serem estes um bando de covardes que não ousam sonhar. E grita, esperneia, chora e diz que você torce para o time adversário e que não está do "lado certo". Isso porque, na cabeça dele, ao questioná-lo, você demonstra automaticamente que é torcedor do time adversário, demonstra que você também é um eleitor romântico, um inimigo. Sem espaço para razão, a polarização se torna palavra de ordem, pois tal como disse um escritor certa vez: "odiar é mais fácil". Por fim, pode-se dizer que o eleitor romântico é como o cliente apaixonado do bordel, que se casa com a garota de programa certo de que a moça é virgem... O eleitor romântico sepulta a racionalidade com generosas pás de terra.


Pílulas de acidez políticaWhere stories live. Discover now