Pílulas de acidez política

Era uma vez um deus...

Era uma vez um deus. E era uma vez um deus que nomeou um humano para cuidar do Planeta Verde e Amarelo. Esse deus, em sua sabedoria, deixou que o humano governasse livremente o Planeta Verde e Amarelo. Como primeira medida administrativa, o humano providenciou a escolha dos Cinco Ministros dos elementos do Planeta Verde e Amarelo. Eram eles a Água, o Fogo, a Terra, a Madeira e o Metal.

Para cuidar da Água, o humano nomeou o Senhor do fogo, que vivia dentro de um vulcão; para governar o Fogo, escolheu um morador dos oceanos, que jamais deixara as águas de Atlântida; para lidar com a Terra, escolheu o Mestre das Nuvens, que jamais tocara o chão; para gerenciar a Madeira, providenciou o Capitão Cupim, um ser faminto e ávido por novos sabores de madeira; e, por fim, para lidar com o Metal, escolheu o Revolucionário General Ferrugem.

Verificando o caos que se instalara nos primeiros momentos de governo e um tanto curioso por saber os motivos pelos quais o humano fizera tais escolhas tão paradoxais, o deus se perguntava qual a lógica que teria motivado as nomeações. "Seria mau-caratismo? Um ato de loucura? Alguma enfermidade mental severa? Ou uma vontade de provocar o seu criador?". Então, o deus resolveu entrar na mente do sujeito para verificar o que se apresentava.

Logo que ingressou, obteve uma grande surpresa, pois se constatou imerso em um imenso e retumbante vácuo, pois nada havia na mente do sujeito. Resolveu, assim mesmo, empreender nova pesquisa, em outras partes do cérebro. No entanto, nada encontrava, senão apenas alguns anúncios publicitários de armas de fogo, alguns cartazes de apoio ao AI-5, umas pichações com as indicações "Prendam o barbudinho", a estátua da liberdade de uma loja de departamentos com o lembrete, em post-it, em que se lia "Bater continência", "Donaldo Trampo é meudeuso mais lindo!" entre outras providências de mesmo teor.

Desapontado por não achar respostas acerca do porquê de tantas incoerências, o deus finalmente compreendera que o motivo para as ações do humano era porque não havia dado a ele um cérebro (havia esquecido deste detalhe), mas, sim, apenas alguns post-its perdidos no vácuo. No entanto, ao perceber que os habitantes do Planeta Verde e Amarelo não reclamavam do humano que os governava, resolveu mantê-lo no poder, mesmo que isso significasse o caos, mesmo que isso significasse dar um martelo com sacola de pregos a um menino entusiasmado para acertar os próprios dedos. "Eles aplaudem o governante que têm", concluiu o deus. E assim se manteve o Planeta Verde e Amarelo. FIM.