III

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Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasil.
15 de outubro de 1994.

Já é fim do dia. Eu decidi sentar para te escrever e deixar meus sentimentos transbordarem um pouquinho mais, Rafa.

O Gabe insistiu que fôssemos para a praia hoje. Você tinha que ver o sorrisinho dele enquanto sentava na areia e fazia o castelo com aquelas mãozinhas.

Você teria amado o sorriso dele.

E ele tem a sua paciência, Rafa. A água insistiu em destruiu algumas partes do castelo várias vezes, e tudo que o Gabe fazia era soltar uma risada gostosa e recomeçar. Ele disse que tinha que terminar o castelo pra mim, porque, nas palavras dele, "a mamãe é uma rainha e plecisa de um castelo".

Você imagina isso? Nosso filho é um príncipe, Rafa, como você me disse incontáveis vezes durante a gravidez.

Ficamos um bom tempo ali e só saímos quando ele quis assistir o pôr do Sol lá nas rochas. Eu tentei segurar as lágrimas, mas ver o Gabe sentado do meu lado como você fazia quando ele ainda estava na minha barriga foi simplesmente demais. Ele tem os seus olhos verdes e vê o mundo com a mesma esperança que você via, Rafa.

Ele é perfeito.

Você me deu o maior presente do mundo, meu amor, e só Deus sabe como eu gostaria que você estivesse aqui compartilhando ele comigo.

Eu adoraria ver você fazendo cosquinhas nele pela casa e tirando risadas como fazia comigo. Eu adoraria ver você o abraçando quando ele dissesse que estava com medo. Eu adoraria ter você aqui com a gente, Rafa.

Agora, tudo que eu posso pedir é que Deus cuide bem de você aí em cima, meu amor.

                           —Julia D.

Sinto sua falta Onde histórias criam vida. Descubra agora