Capítulo 5

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QUATRO ANOS DEPOIS!!!!





-Papai, eu te amo até o céu. - Helena falou, enquanto esperávamos o milk-shake

-E eu te amo até infinito, até Marte - Me declarei, fazendo carinho em seus cabelos.

-Até parece. Eu amo mais. – disse, me encarando, fazendo bico.

-Não. Eu amo muito, muito, muito mais.

Ela riu das minhas caras e bocas.

-Acho que você ganhou, papai.

Aquela discussão era a melhor da vida. Aquele momento era tudo pra mim. Minha menina estava com quatro anos e uma verdadeira princesa. Era meiga e super carinhosa, mas sabia ser mandona também. Eu me tornei um pai completamente babão, apaixonado e cuidadoso, eu fazia de tudo pra Helena não se sentir abandonada pela mãe, coisa que acontecia diariamente.

Durante a gestação eu e Nádia tivemos muitos problemas. Ela não fez questão nenhuma de se cuidar, eu tinha que ficar atrás dela sempre, já tive que buscá-la em festas dentro de favela com o tiro rolando solto. Foi muito complicado, eu não tive paz uma noite sequer. Quando Helena nasceu, os problemas continuaram, Nádia não assumiu seu papel de mãe, após sair da maternidade ela foi comemorar em um baile, deixando a menina completamente de lado, e eu ainda me iludi achando que após o nascimento ela mudaria. Mudou sim, ficou ainda pior. Não quis amamentar, dizia ser dolorido e que não fazia questão de aprender.

Aí de mim se não fosse minha mãe a me ajudar, afinal eu também fiquei perdido. Eu precisava trabalhar e tinha uma vida que dependia totalmente de mim, que eu mal sabia cuidar. Fui aprendendo, me empenhei e aquele amor foi só crescendo. Quanto mais a mãe a deixava de lado, mais eu me desdobrava pra fazer o papel de dois pra ela. No início era extremamente cansativo, pois quando Helena nasceu eu estava dando entrada no meu próprio negócio e ainda trabalhava com meu pai, eu precisava correr atrás de fornecedores, máquinas, investidores, lógico que na maioria das coisas tinha um empurrão do meu coroa, que me ajudava em tudo, mas era muita coisa pra mim. Muitas noites me peguei dormindo ainda de roupa social e sapato... Pois eu chegava e queria ficar com Helena o máximo, eu dava banho, janta e colocava pra dormir. Quando minha menina ficava doente, eu praticamente não dormia. Nádia nunca fez nada disso, nem quis participar de certas fases como os primeiros passos ou primeiro dentinho. Na verdade, ela sumia por longos dias e só aparecia pra pedir dinheiro, mal olhava nossa filha. Os pais de Nádia também não faziam a menor questão de ver a neta, a filha tinha a quem puxar, pois seus pais não davam a mínima pra ela e não eram amorosos. Nunca forcei nenhuma situação ou pedi algo a eles, sempre respeitei essa distância que eles criaram. Eu só queria perto de Helena, pessoas que a amassem de verdade.

Eu só tinha olhos para meu trabalho e para minha filha e por isso não me envolvi sentimentalmente após meu término com Gabi. Não conseguia ir a fundo com ninguém, apenas alguns casos, sem grande importância.

E por falar em Gabi, como eu sentia sua falta! Eu já não sofria como antigamente, mas a saudade volta e meia me rondava. Após aquela briga feia, onde tudo veio á tona, eu tive que levantar a cabeça e seguir, contei com o apoio de amigos e principalmente da minha melhor amiga, que sofreu junto comigo, vendo o quanto fiquei abalado com nossa separação.

-Sabe, filho, você era pequenininho quando teve suas primeiras cólicas, eu lembro como se fosse hoje. Eu fiquei desesperada, eu não sabia o que fazer, eu só queria que você parasse de chorar, porque doía  ver você sentindo aquela dor, eu sentia junto. Depois você cresceu, vieram seus primeiros tombos, teve o joelho ralado, era tão levado que até ponto na testa já levou. Em todas as situações eu chorei junto, porque eu sempre senti a sua dor. E agora não está sendo diferente, eu sei exatamente como você está se sentindo, mas eu preciso te dizer: Eu estou aqui com você. Vai ficar tudo bem, acredita em mim. E mesmo que a Gabi realmente tome a decisão dela de se afastar, nós vamos superar isso juntos. - Minha mãe segurou delicadamente meu rosto. - Eu estou contigo pra tudo. Nunca se esqueça.

E agora, Miguel?Onde histórias criam vida. Descubra agora