Pov Bella
Os raios de sol que entravam pela cortina e queimavam levemente minha pele, dando aquele formigamento gostoso, ao abrir os olhos me deparei com aquela luz dourada e senti a alegria subir pelo meu corpo abismada com o bom tempo em Londres. O meu ânimo em dias quentes melhorava consideravelmente, afinal, um pouco de vitamina D nessa cidade cinza era um grande prêmio da loteria. Olhei o horário no celular e decidi ir fazer minha higiene o quanto antes para evitar uma ranzinza Alice gritando na porta do banheiro e estragando o meu humor, fazendo com que Charlie, nosso pai, tivesse que intervir.
Meus pais se separaram já fazia alguns pares de anos, no divórcio Charlie acabou com nossa guarda e minha mãe... Bem, minha mãe praticamente esqueceu que tinha filhas e mandava e-mails esporádicos para não nos deixar esquecer da sua existência e essa era a única intenção dela, porque ela só nos atualizava das notícias de sua vida e em hipótese nenhuma perguntava como estávamos. A relação entre Charlie e Renée não era das piores, afinal, se ela não lembrava das filhas, quem dirá do seu ex-marido. A única coisa que importava para ela era sua grife.
- Isabella Marie Swan você poderia fazer o favor de sair logo desse banheiro? – a voz irritada de Alice encheu meus ouvidos e soltei um suspiro frustrado por não ter conseguido evitar sua voz nasalada.
Acelerei meu banho e não demorou muito para que eu chegasse à mesa e Charlie já se encontrava lá devidamente vestido para mais um dia no escritório. Charlie fez um ótimo trabalho sendo um pai presente na medida do possível, porém, ele nunca deixou sua carreira como advogado de lado e se tornou extremamente bem sucedido ao longo dos anos, sendo seu escritório um dos mais famosos da Grã Bretanha e eu não poderia ter mais orgulho dele.
- E as cartas das faculdades? – o bigode de Charlie se remexeu enquanto ele tentava soar descontraído e tomava um gole do seu fumegante café.
- Recebi a da Columbia essa semana – tentei parecer desinteressada, mas acho que fui muito mal sucedida no meu objetivo porque eu já via as pontas do bigode levantando – Fui aceita – praticamente gritei e ele logo veio me parabenizar – Mas, quero ficar no Reino Unido, então vou esperar as últimas cartas chegarem – finalizei após me recompor do surto de alegria
- E com certeza você vai entrar em todas as universidades possíveis daqui – Alice afirmou, beijando minha bochecha enquanto sentava em seu lugar.
Alice era uma pequena fada irritante que veio ao mundo 1 ano depois de mim, na época Charlie e Renée já não estavam bem e por algum motivo egocêntrico acharam que um filho seria a solução, mesmo tendo uma bebê de em casa, bem... Não foi uma boa solução, mas pelo menos ganhei aquela que seria minha parceira pelos próximos anos de discussões e depois seria meu bote salva vidas durante o divórcio dos nossos pais. Infelizmente iríamos ter que nos afastar por conta da faculdade, ainda faltava um semestre para ela sair do Ensino Médio, com seus cabelos escuros espetados e meio metro de altura, ela era admirada por onde passava, mas segundo a mesma, nenhum menino a merecia.
Não demorou muito para todo mundo se dispersar, Alice foi para escola, assim como Charlie foi para o escritório, e fiquei sem muito o que fazer em casa, fui olhar a caixa do correio, um hábito que peguei nos meses de espera por cartas de aceitação das faculdades, as últimas estavam para chegar e só conseguia pensar no alívio que seria tirar toda essa ansiedade de dentro de mim. Contas, propagandas, carta da universidade de St. Andrews. Encarei a carta com as mãos tremendo, parecia que aquele simples pedaço de papel pesava quilos, essa era a mais importante de todas as cartas, sempre sonhei em ir para St. Andrews e agora poderia ter a resposta da minha vida ou a decepção desta, voltei para a casa o mais rápido que pude e logo abri a carta e li aquela frase que mudaria minha vida:
"É com grande prazer que informamos que a senhorita foi aceita para o curso de medicina na nossa universidade"
Pov Edward
O cheiro de hospital sempre me incomodou muito, era como se eu revivesse o dia em que minha mãe se foi, mas como príncipe eu tinha uma série de deveres a serem cumpridas e hoje era uma presença no hospital do câncer infantil de Londres junto de minha avó Elizabeth. O título de príncipe não era algo que me agradava muito, o mundo todo estava a espera do menor dos erros para que pudessem falar, mas quando você cresce nessa realidade, se torna algo automático, nunca fácil, somente automático.
Minha mãe morreu em um acidente de carro enquanto era perseguida por alguns paparazzi, na época eu tinha 14 anos e meu irmão, Jasper, havia acabado de completar 12 anos, desde então decidimos nos proteger desses abutres que não agregam em nada em nossa vida, somente mantemos a cordialidade em razão dos nossos títulos. Na época do acidente meus pais passavam por um divórcio, mas mesmo assim Carlisle sofreu muito, porque mesmo o amor tendo acabado, eles ainda eram grandes amigos. Alguns anos depois meu pai se casou novamente com a duquesa Esme e todos esperavam que eu e Jasper fôssemos nos opor, mas a realidade era que estávamos imensamente felizes que Carlisle estava amando de novo, além de Esme ser uma pessoa incrível e que supriu a nossa falta do carinho maternal como ninguém.
- Então querido, já recebeu suas cartas de admissão? - minha vó perguntou com uma voz calma retirando-me dos meus devaneios e sorri pela sua curiosidade.
- Ainda não, acredito que devem chegar essa semana – um sorriso que acredito demonstrar toda minha felicidade e nervosismo preencheu meu rosto e ela apertou minha mão suavemente passando-me tranquilidade.
A idéia de poder me sentir com um jovem normal era extremamente tentadora para mim e inusitada ao mesmo tempo, apesar de ter ido para uma escola ainda foi uma destinada a crianças de grande famílias, filhos de diplomatas, de ministros eram os que dividiam a sala comigo, então tentar ir para uma faculdade e vivenciar cem por cento a experiência foi uma decisão que assustou tão meu pai quanto minha avó, mas ambos me apoiaram, principalmente porque eles sabem que preciso disso, em alguns anos serei rei e antes que eu surte, preciso saborear a normalidade. Me imaginei naqueles verdes campos da Universidade de St.Andrews rodeado de amigos enquanto estudávamos sentados na grama em um ensolarado dia de verão e poderia sentir a crescente ansiedade somente com a imagem formada pela minha mente, eu precisava disso, mas o receio de pessoas se aproximarem de mim apenas pelo título era algo que sondava o íntimo do meu ser, mas tentava não deixar que essa sensação predominasse e me impedisse de ir.
Comumente, passar o dia no palácio de Buckingham não era nada interessante, todos estavam absurdamente atarefados e sempre alguém me encontrava para repassar pela milionésima vez quais seriam minhas aparições futuras, na verdade, viver era como uma casa normal, só que havia empregados para todos os lados, chefes de Estado entravam e saiam e claro, era a minha vó, a rainha, e meu pai, o príncipe, que estavam em reuniões com o primeiro ministro para tomarem decisões pelo país*.
- Senhor Cullen, isso acabou de chegar para o senhor – uma das inúmeras serviçais do palácio falou enquanto adentrava meu quarto com um pequeno envelope em suas mãos e fazia uma leve referência, ato que eu repugnava, mas fui ensinado a desde cedo respeitar as tradições.
Agradeci educadamente segurando para não revirar os olhos com tamanha formalidade e senti meu coração parar uma fração de segundos quando olhei o remetente, foi impossível conter o tremor em minhas mãos bem como o ritmo frenético em que meu coração batia, lá estava, o selo da St.Andrews, estava em minhas mãos a carta que mais almejei durante toda minha vida, era real. Rasguei o envelope de qualquer jeito e comecei a correr meus olhos pelo texto ali contido, o nervosismo corria pelas minhas veias, mesmo eu tendo consciência que dificilmente eu seria recusado, mas aquela sensação tornava tudo mais normal, até que encontrei as tão esperadas palavras:
"É com imenso prazer que viemos por meio desta carta informar que o senhor foi aceito na nossa instituição de ensino. Seja bem vindo".
*Na história a realeza toma decisões pelo país mas,isso não ocorre atualmente, a realeza britânica é de certa forma apenas uma tradição ou apenas uma fachada.
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Meu Querido Príncipe
RomansaEnquanto Isabella crescia de forma normal em Londres, Edward era preparado para herdar o trono da Inglaterra. Realidades tão distintas se cruzam na universidade de St.Andrews e entre as aulas de medicina e o quarto de Emmett McCarty, melhor amigo de...