Can't run away

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                                                                                              Mariah

Quando acabamos com o primeiro prato e as apresentações de cada estagiário a seu médico titular foram encerradas, fomos avisados de que a sobremesa seria finalmente servida, Harry passou todo o tempo me encarando e tentando puxar algum assunto comigo. Eu ignorei todos e continuei comendo e respondendo as perguntas de Gemma que por acaso é muito simpática e engraçada. Meu primo e Harry conversaram sobre quase tudo e os dois parecem se dar bem. Quando Ben explicou que éramos primos Harry pareceu relaxar e admirou por alguém na família ter cursado medicina.

Após comermos tudo o que o restaurante ofereceu, Gemma já estava cochilando no ombro de Benjamim e eu encarava a banda acústico que tocava no local. Harry parecia interessado em cada lugar que eu olhava, tínhamos tanta coisa para falar e ainda sim aguentamos uma noite inteira um ao lado do outro com poucas palavras e olhares. Eu não estou disposta a ceder por qualquer mínimo de atenção ou apenas um pedido de desculpa. Está tudo sem clareza e algo em mim grita por explicações que eu não sei se virão.

Quando a banda terminou, finalmente nos levantamos, Benjamim era o ponto de apoio para Gemma, ela realmente estava com muito sono. Eu tenho pressa para chegar em casa, eu tenho muita pressa para sair daqui.

"Eu vou deixar ela em casa, você quer vir junto?" Ben me interroga encarando Harry logo atrás.

"Não, eu vou de taxi, não tem problema" Nego pois sei que seria muito inconveniente da minha parte terminar vendo Gemma e Benjamim no maior clima e além do mais prefiro ir direto para casa mesmo.

"Eu a deixo em casa" Ouvi a voz rouca atrás de mim e arrepiei instantaneamente. Droga.

"Pode ser?" Ben perguntou percebendo meu desgosto, eu não queria dar trabalho, nem fazer guerra ali ainda na frente de tantas pessoas.

"Claro" Respondo e me despeço de Gemma enquanto Harry aperta a mão de Benjamim.

Seguimos para o carro e entramos juntos com um certo silêncio assustador. Coloco meu cinto e ele aperta o seu logo depois arrancando com o carro e me encarando algumas vezes sem disfarçar.

"Bom, agora não pode fugir da nossa conversa" Praticamente sussurra esperando minha resposta.

"Por mais que eu queira, realmente não posso" Murmuro mexendo no meu anel.

"Temos muito o que falar, você prefere que eu pare o carro para ser mais seguro?" Sugere e eu concordo com a cabeça. O mais velho estaciona em uma rua qualquer e destrava o cinto virando o máximo que pode para me encarar.

"Quando quiser" Disparo séria, não estou nos meus bons dias.

"Mariah o que te faz não desistir de mim?" O moreno me questiona e eu simplesmente não consigo levantar para encarar seus olhos esverdeados.

"Eu não sei" Respondo sinceramente, eu realmente não sei como ainda não desisti e dei um ponto final a essa história.

"E o que te fez sumir por semanas, me ignorar todos esses dias, simplesmente aparecer com sua ex no mesmo pub que eu, e depois querer conversar ao invés de realmente dar um basta nisso tudo? Eu não quero ouvir desculpas ou um eu estava em um momento mal e por isso te deixei no vácuo por dias, não eu não quero ouvir isso, eu quero algo mais importante para te fazer realmente digno de um motivo real para você ter feito tudo o que fez" Quase sem respirar paro de jogar tudo para fora e baixo o olhar.

"Eu estava trabalhando e cuidando da Eduarda por dias, Júlia teve algumas viagens e eu tive que ficar com ela todos os dias, naquela noite do pub nos encontramos por acaso no estacionamento. Eu iria ali sozinho com Louis" Sua voz parece nervosa e seus dedos tremem quando eu presto atenção em cada palavra.

"Ok, eu entendo sobre o trabalho e sobre sua nova família, mas eu talvez não queira mais fazer parte de tudo isso, eu talvez tenha me cansado de ser sua segunda opção" Engulo a lágrima teimosa que está prestes a cair. Ele não tira o olhar de mim.

"Não, você não pode se cansar assim, é a minha primeira opção, sempre foi" A sua voz embarga, eu ainda não tenho forças para encarar seus olhos novamente.

"Harry eu.. Apenas não quero mais, foram tantos desencontros, eu esperei todos os dias por apenas uma mensagem, mas não recebi nenhuma, eu fiquei horas e horas pensando sobre como tudo isso está bagunçado, você não consegue ver em como estou com tudo?" Agora sim ambos estamos nos entregando ao choro baixo. Abafando os sentimentos em um carro.

"Me perdoa, de verdade, eu sei que não mereço, eu sei o quanto já errei com você desde o dia em que começamos a ter algo. Mas estou disposto a concertar, me deixa concertar" Ele parece implorar por uma outra chance. Eu não quero ceder assim tão fácil, só eu sei o que passei esses dias e com certeza ele merece um pouco do que eu tive questão de viver.

"Eu tenho que pensar, não é tão fácil assim, tudo tem limite e você ultrapassou o seu..Eu só" Pauso para respirar em meio ao choro. "Só desejo boa sorte com sua nova família e seja feliz, de verdade" Retiro o anel do dedo e o entrego.

"Eu quero que guarde, para sabe, lembrar de mim" Prendo o anel na sua mão e ele nega com a cabeça.

"Não Mariah, você não pode fazer isso" Harry parece não acreditar, ele tem os olhos cercados de lágrimas e um ar triste por todo seu rosto.

"Me leva para casa, por favor" Peço, baixinho. Encarando a janela.

"Ela me deu a guarda da criança e foi embora, hoje pela manhã" Sussurra tentando não me olhar e eu me assusto com a informação. Não pode ser.

"O que?" Abafo meu choro e limpo as lágrimas que ainda cercam meu rosto, prestando atenção nele.

"Sim Mariah, eu sou pai solteiro agora, ela se foi, Júlia se foi e deixou a filha comigo e agora você está me deixando, o quanto trágico isso pode ser? O que de pior pode acontecer para completar o dia?" Eu definitivamente nunca vi ele assim, nunca vi o desespero igual na sua voz, se ela estava tentando isso com certeza conseguiu, como alguém consegue ser tão sem noção quanto aquela mulher?

"Calma, eu estou aqui" Destravo o cinto e me aproximo o máximo, não importa nossa situação atual, eu sei que tenho o dever de ajudar, pelo menos com esse breve consolo. Eu ainda sou a mesma garota prestativa que antes.

"Ei, olha pra mim" Ergo seu queixo e aqueles olhos verdes hipnotizantes agora avermelhados me encaram tão docemente. Com uma ponta de esperança.

"Você não está sozinho, eu vou te ajudar" Falo pausadamente para que ele entenda "Como uma amiga ajudaria um amigo" Termino sentindo uma dor no peito, como eu posso ser amiga de alguém que eu tanto amo?

"Não Mariah, você não pode ser só minha amiga" Devagar ele aproxima nossos rostos e deixa um selinho nos meus lábios, eu não fujo, nem tento correr. Apenas permito que isso aconteça, com tanto tempo sem nenhum toque, pareceu como se fosse a primeira vez.

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Estava com saudades de lotar vocês de capítulos novos, estou amando demais escrever essa história e o arrepio na barriga cresce a cada palavra.

Votem e comentem.
 
Por hoje é só. Boa noite.

Bjs
xxMafe

Doctor Styles •hesOnde histórias criam vida. Descubra agora