1 - Prazer, Jake.

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                             Vivendo em meio a nossa sociedade, posso afirmar que tenho força e coragem para enfrentar certas situações que a vida me apresenta de cabeça erguida. Hoje, posso dizer que encontrei em mim mesmo a única razão que precisava para poder seguir em frente e levantar a cada queda. 

                           Essa história aconteceu numa época que eu já era assumido. Eu nunca fiz questão de esconder o que sentia ou tentar ser discreto, nem tentava me encaixar no padrão "garoto hétero" que as pessoas tem em mente, eu sempre fui eu mesmo, me vestia como queria e penteava meu cabelo da forma que queria, nunca fui afeminado e muito menos me vestia de forma feminina, o que não seria problema algum, mas não era o meu estilo. Mas ainda assim, não me faltaram apelidos como "viadinho" "bixa" "Jaygay"... enfim, coisas que não me incomodavam. Então, desde cedo, resolvi expor minha realidade e deixar claro que me chamar desses nomes jamais seria uma ofensa.

                          Eu estudava numa escola muito conhecida na minha cidade, era a maior que tinha ali, a única melhor era numa cidade próxima, que inclusive competia com a gente nos campeonatos e coisas do tipo. Havia uma rivalidade, sim! Coisas de cidade pequena.

                          Estávamos na época de provas finais, e logo entraríamos para o ensino médio, eu não estava tão ansioso, pois sabia que não era nada daquilo que víamos nos filmes. Mas o que me deixava realmente triste era que o Eric estava indo embora. Ele era do último ano e eu sempre tive uma queda por ele. Mas sempre fui muito tímido com questões de paquera e namoro, já fiquei com alguns garotos, mas eles sempre chegavam em mim, eu nunca tive essa coragem. 

                        O Eric não era do tipo popular e isso me atrai muito, não gosto de garotos que se acham e posam de machões e desejados. Ele era na dele, bem estudioso e era dono de uma beleza que deixava qualquer um louco. Seu cabelo era cacheado, bem curto, sua pele negra dava um destaque para seus olhos castanhos mel. Alguns o apelidaram de "chocolate", não sei se foi com intenção de ser ofensivo ou não, mas eu sei que daquele chocolate eu estava doido pra provar.

                       Como toda manhã, acordei, tomei café junto com minha mãe e fui me arrumar para ir à escola. Eu sempre ia com minha melhor amiga Rute, ela morava em frente à minha casa e a gente se encontrava todos os dias para irmos à escola juntos.

- Bom dia, lindão!!! - disse Rute gritando do outro lado da rua.

- Bom dia, gatona!!! - respondi também gritando.

                   Atravessei e segui com ela o caminho até a escola.

- E aí, como foi o final de semana? - perguntou Rute - Pegou muita mulher?

- Nossa... muuuitas. - falei com ironia - Não consegue sentir o cheiro de vagina da minha boca?

- Aiii, que nojoo. - disse Rute - Nunca mais diga isso.

- Que foi? - perguntei rindo. - Isso não te atrai?

- Nem um pouco. - disse ela - E isso nem faz o seu estilo. Não é disso que você gosta.

- Ainda bem que você sabe, lembre disse antes de me perguntar esses absurdos.

- E o seu final de semana, como foi? - perguntei a ela.

- Péssimo. - disse ela - Quando é que ficar em casa com meu pai é bom?

- Ele fez merda de novo?

- Sempre faz. - disse ela - Não sei como minha mãe ainda aguenta.

- Complicado. 

- Mas me fale. - disse Rute - Como você está?

Contos do JakeOnde histórias criam vida. Descubra agora