This is (not) funny

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Para a Mag tudo é intenso e complicado, desde as suas amizades aos seus namoros, talvez pelo simples facto dela própria ser intensa e super complicada, tudo para ela tinha que ser perfeitamente planeado e é por isso que todos as conheciam pelas suas vinganças, quando há alguém que ela não suporte ela calcula todos os cenários possíveis e digamos que cria uma confusão que nunca ninguém esquece.

Partilhamos quarto desde que cheguei ao colégio e apesar de hoje sermos melhores amigas, no inicio ela fez-me a vida num inferno. Digamos que Margareth Martin gosta de ser um lobo solitário, ou melhor gostava.

A ultima coisa que ela queria era uma companheira de quarto por isso ela fez uso de todas as aulas de teatro a que a mãe a obrigava a ir quando pequena e conseguiu fazer o papel de doente mental na prefeição. Todas as pessoas achavam que ela era louca e a verdade é que era assim que ela assustava todos os possíveis novos colegas de quarto.Gosto de pensar que ela desistiu de me expulsar quando percebeu que eu era diferente e que podia confiar em mim, ou talvez desistiu quando viu que eu não me ia embora de maneira nenhuma.

Assim que entramos no quarto pudemos ver claramente qual lado pertence a quem, o lado dela parece o inferno, tudo é vermelho desde a decoração aos lençois, nas paredes existem posters de bandas desconhecidas e na mesa junto á cama está colocada uma moldura com uma foto nossa que lhe dei no ano passado.

O meu lado eu posso descrever como desarrumação total, livros espalhados em cima da mesa, roupa que eu ainda não arrumei e que sinceramente não me apetece arrumar e lembranças dos verões em casa dos meus avós e das festas na casa do lago que a Mag insistia em fazer todos os anos.Nas paredes tenho fotos de sítios que gostava de visitar e fotos da minha família e amigos, tínhamos ainda uma estante que eu comprei no meu primeiro ano aqui e que consistia essencialmente em livros de aventura.Uma das prateleiras há muito que é ocupada pelos livros de terror e de literatura feminista da Mag.

Estou deitada na cama da Mag, porque a minha está cheia de coisas em cima, á espera que ela acabe de tomar banho para me conte o que é que está a planear contra a Aubrey.

Para descrever Aubrey Valentine tenho que explicar algumas coisas sobre o Saint Trinity. No nosso colegio a palavra chave é desporto, o colégio é conhecido pela sua famosa equipa de basquetebol, pela qual passaram vários jogadores profissionais incluindo o meu pai, que até tem a sua camisola de equipa emoldurada no ginásio.

Os Falcons, como são chamados têm a sua própria equipa de cheeleaders, as Falcon Girls, a minha mãe em tempo pertenceu á equipa, o que significa que todos esperavam que caso eu nascesse homem jogasse basquete ou se por acaso fosse uma menina, como aconteceu, me tornasse cheerleader. Para tristeza dos meus pais, mais da minha mãe, eu não tinha talento nem para a bola nem para os pompons e eis que aí a maravilhosa Aubrey aparece.

Não é novidade para ninguém que para os nossos pais existe sempre aquela pessoa que de alguma maneira consegue ser o ideal de filha, mesmo sem qualquer laço de sangue, aquela pessoa a que os nossos pais sempre nos comparam fazendo-nos sentir um pouco invisíveis. Bem na minha família essa pessoa é a Aubrey Valentine.

Ela é filha da melhor amiga da minha mãe, com cabelos e olhos claros ela é o sonho de consumo de qualquer rapaz e diferente de mim ela seguiu o caminho da mãe e é hoje líder da equipa das Falcon Girls e é claro o sonho de filha para a minha mãe.

Digamos que ser parte de alguma equipa é um passaporte para a popularidade nesta escola e apesar de ser inteligente a Aubrey consegue ser a pessoa mais mimada, egocêntrica deste mundo e é por tudo isso que a Mag a despreza. Tudo o que a minha amiga odeia a Aubrey tem o que a transforma em alvo a abater.

O ano passado Aubrey decidiu que seria um ano perfeito para irritar a Mag a níveis extremos e depois de muitas partidas dela as vinganças da minha amiga vieram com força, concluindo a diretora descobriu e chamou os nossos pais á escola, para a minha amiga tudo foi resolvido de uma boa forma, mas digamos que a minha mãe não achou tanta piada como a Senhora Martin principalmente quando o alvo das nossas partidas foi a querida filha da sua melhor amiga.

Bem no final do ano eu fiquei de castigo, então decidi simplesmente ir passar o verão com a minha avó, a Mag ficou tão zangada que prometeu transformar a vida da Aubrey num inferno no ano seguinte. E agora aqui estou eu á espera que a minha amiga finalmente saia da casa de banho depois de quase três milhões de anos e me diga o que está a planear para ver se consigo travá-la.

-Já não tomava um banho há séculos. Acreditas que a minha mãe entrou num novo estilo de vida? Agora tudo tem de ser sustentável, desde a comida até á roupa que usamos. A sério Annie como é que é suposto tomar banho em meia hora? Não entendo. – a cara de frustrada da minha amiga era excelente , a senhora Martin ou apenas Lydia como gosta que a chamem está sempre a inventar dietas e estilos de vida que enlouquecem a filha.

-Amiga sabes que a tua mãe gosta de inovar acho que nunca vi ninguém como ela, parece que é eternamente jovem.

-As pessoas se vivessem com a minha mãe percebiam porque é que eu sou louca. Juro que ás vezes penso que entrei numa dimensão paralela, ou então que estou a viver em África como é o caso- ela deixou um risinho escapar, provavelmente ao pensar na mãe, apesar da Dona Lydia ser assim elas adoram-se e de uma certa forma até que são bastante parecidas.

-Então Mag é este ano que te inscreves nas Falcons?

-Claro amiga eu decidi que este ano vou concretizar esse meu sonho de infância sabes? Vou agitar os pompons até não poder mais, passo a ser burra e egocêntrica aliás, talvez vá mesmo ao extremo e comece a andar com aquele sorrisinho parvo na cara o tempo todo.

- Não te esqueças do uniforme e do namorado da equipa de futebol, alto e forte porque tu definitivamente precisas de proteção e para além disso uma cheerleader tem que arranjar sempre forma de chegar ao topo da cadeias de popularidade.

-Estás a ver aquela ponte pequena no lago, aquela que nós costumava-mos passar quando íamos para casa do Leo?- perguntou com um olhar pensativo.

-Sim o que tem essa ponte não me digas que é lá sob as luas das estrelas que te vais declarar ao teu amado jogador?

-Não amiga, é la que me vou suicidar se alguma vez na vida me tornar uma Aubrey e por falar nessa avestruz o que é dela está planeado há meses e agora eu vou precisar da minha melhor amiga para executar o plano- a Mag fez um ar diabólico e apesar de não saber o que ela tinha em mente uma coisa eu já sabia, ela e eu íamos estar metidas em sarilhos e é claro que a minha mãe não ia achar piada nenhuma.

A grande aventuraWhere stories live. Discover now