Capítulo 4

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Para minhas gêmeas lindas. Graziele e Graziela, eu desejo um lindo e muito cheio de amor aniversário. Adoro vocês, que sejam sempre assim, unidas e especiais, toda sorte e amor do mundo. Parabéns!!! Um FELIZ ANIVERSÁRIO!!!!


      Alfonso

Ela tem uma ar doce e inocente, não acho que seja uma garota fraca, ninguém que dança na rua para comer pode ser fraca, nem de longe. Ela vive sozinha, se sustenta. Eu estive em muitos lugares e convivi com muitas garotas e Cristal não se parece com nenhuma delas, ao contrário, ela é única, uma lutadora como nunca vi antes.

Não posso ignorar sua inocência, ela parece se recusar a ver o mundo como ele é. Quem vive como ela, pelas ruas, já deve ter enfrentado tanta maldade, ainda assim, inocência e doçura.

O cara a explora e ela simplesmente aceita, foi preciso dois minutos para perceber isso. Está aqui comigo, um desconhecido, está desarmada, vestida de honestidade apenas. Fazia tempo que não encontrava alguém assim. Simples e verdadeira. Ela me lembra Kira.

Aceitar o convite para aulas de dança é prova de que estou mesmo perdido em Sevilha, voltar não foi boa ideia, aquela pequena abelha me enrolou direitinho. Não fosse a promessa, estaria a quilômetros de distancia, mas não, estou aqui me matriculando nas aulas de flamenco da linda cigana Cristal.

— Sou boa professora, você vai ver, o Juan não sabia dançar também, só tocava, mas eu ensinei e as vezes ele se apresenta comigo, é bonito. Já viu?

—Sim. Realmente é bonito. Prometo tentar aprender, mas eu não tenho talento para isso. Além disso, te ver dançar parece sempre muito melhor. – Ela parece feliz, dá um sorriso desses sorrisos honestos que tem. Um pouco de molho do sanduiche marca seu queixo, uso o dedo para limpar, nem sei direito o que estou fazendo, é quase que uma reação instintiva, ela não se importa, passa a mão em seguida.

— Me sujei toda? Sempre faço isso. Esse lanche está uma delicia, eu estava cheia de fome, se você não aparecesse ainda caminharia até em casa para comer. – Ela se aproxima de mim se curvando sobre a mesa para falar baixo. – Guardo minhas economias em casa, eu gasto pouco, Juan não sabe que tenho um pouquinho de dinheiro guardado, emergências acontecem.

Eu me dobro sobre a mesa como ela, para falar também perto e baixo, imitando seu comportamento.

— Não me conte onde está seu dinheiro, não me conhece e não se deixe enganar por Juan.

— Ele é muito esperto. – Ela ri. – Não sou muito boba, sei que ele sempre fica com mais, mas eu sou grata, porque eu estava desesperada e ele me ajudou.

— Talvez... não quero me meter nisso. – Desisto de contesta-la, a conheço há pouco, não sei o que realmente aconteceu ou como, ela deve saber o que fala.

— Melhor, muito ajuda quem não atrapalha. – Minha risada a assusta, ela derrama um pouco da bebida na roupa, usa a ponta da toalha da mesa para limpar, também para secar as mãos e mesmo a boca. – Que lambança eu fiz, culpa sua, nem falei nada engraçado.

—É que me lembrei da minha sobrinha, ela que diz coisas como essa.

— Essas "frase" boa eu aprendi com meu pai, ele é... era muito inteligente. É no aniversário dela que vai me levar?

— Não, mas ela vai estar lá. – Reparo no olhar das pessoas, ela gesticula quando fala, as vezes a voz sai alta demais e as pessoas também se surpreenderam com ela se limpando com a toalha de mesa tendo guardanapos de papel sobre a mesa. Realmente será um estrondo sua ida a casa da família Aragón.

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⏰ Última atualização: Mar 13, 2019 ⏰

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