Epílogo: Um Dia Qualquer

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Hinata desembarcou no aeroporto internacional de Tóquio às 8:00 da manhã. Finalmente estava de volta à sua terra natal. Poucos passos antes de alcançar o portão de desembarque, parou e respirou fundo. De onde havia tirado forças para fazer aquilo? Só Deus saberia dizer! A verdade é que as palavras de Sasuke, mesmo ditas há mais de um ano, ainda estavam frescas em sua memória:

"Então, não deixe de fazer algo por falta de coragem. Nossos atos ecoam na eternidade. Tudo bem errar, mas um erro não remediado, será um erro por toda a eternidade..."

Tendo isso em mente, meses atrás havia decidido procurar por sua família, seu tio e primo que haviam ficado no Japão. Com o auxílio de algumas informações que encontrou em meio aos documentos de seus pais e após várias horas de pesquisas na internet, conseguiu localizá-los. Na primeira ligação, surpreendeu-se ao ser atendida com tanta alegria por seu tio que lhe contou que há tempos também ansiava por notícias das duas irmãs. Descobriu os que dois ainda moravam em Tóquio, na mesma casa de antes e que seu tio, após a morte de seus pais, havia ido diversas vezes à Coreia na tentativa de encontra-las, mas nunca obteve sucesso.

Neji, que obviamente já era um homem crescido, havia se tornado professor em uma das melhores universidades de estudos estrangeiros de todo o Japão e era especialista em língua e literatura coreana. Durante uma das longas conversas que tiveram por telefone ele contou que, ainda criança, havia começado a estudar o idioma da península porque, em sua mente infantil, estava decidido a, um dia, ir morar no país vizinho e cuidar da prima que lhe era como uma irmã caçula. Mais tarde, alguns anos mais velho e com entendimento maior da vida, o segundo idioma virou ferramenta de trabalho. Depois de vários meses de trocas de telefonemas e emails, combinaram que Hinata iria passar 3 semanas hospedada na casa da família em seu país natal. Hanabi iria outra vez, pois estava no meio do ano letivo e Hinata queria ir à frente para saber o que poderiam encontrar depois de tantos anos longe.

Agora, lá estava ela, prestes a reencontrar uma parte de seu passado há muito esquecido. Há quanto tempo não se sentia parte de algo como uma família? Nem saberia mais dizer! Desde que seus pais se foram, ela lutava contra tudo para defender Hanabi, mas nunca parou para pensar em quem a defenderia. Apertou a alça da mala lilás que carregava e, após um breve momento de hesitação, seguiu em frente. Passou pelo portão de desembarque e viu várias pessoas esperando por outras. Algumas com cartazes com nomes escritos, algumas acenando sorrindo, outras sérias e formais...

'Será que vou reconhecer o Nii-san?' pensou para si mesma enquanto procurava na multidão algum sinal do primo. Caminhou olhando para todas aquelas pessoas sem encontrá-lo. Chegou mesmo a imaginar se ele poderia ter confundido o horário de seu voou...

"Hinata san..." Uma voz grave lhe chamou a atenção.

Na verdade, não precisaria de cartazes ou qualquer outra coisa para reconhecê-lo. O rapaz tinha nos olhos a confirmação de quem era. O tempo havia tornado aquele menininho gentil em um homem alto e muito bonito, com longos cabelos castanhos e um porte atlético. Hinata sentiu o coração acelerar. Neji parecia uma cópia mais jovem de seu pai... Após alguns passos Hinata ficou frente a frente com o primo. Algo dentro dela se contraía com uma força violenta, parecia que a qualquer momento explodiria. Sua garganta estava apertada e ela não conseguia dizer nada. Foi então que ouviu novamente a bela voz do rapaz lhe dizendo com um leve sorriso:

"Okaeri..."

Há quanto tempo sonhava em ouvir essas palavras novamente. A expressão do rosto de seu primo era tão terna, mas ele também parecia estar firmemente segurando o choro. Foi quando aquela coisa dentro do peito da jovem explodiu, tornando-se lágrimas que rolaram assim que ela respondeu:

"Tadaima... Neji nii san"

Durante o caminho de volta os dois conversaram empolgados sobre todas as coisas que fariam juntos: Passeios por Tóquio, visitas os parentes mais distantes e etc. Neji contou como sua tia-avó estava louca para ver Hinata depois de adulta.

Três dias com o Sr. ArroganteOnde histórias criam vida. Descubra agora