❝ Madalena ON ❞
Quintas-feiras são aqueles dias que ninguém gosta porque ainda não é sexta, mas hoje o dia é bom. Vou almoçar com o Rúben e depois de tudo o que aconteceu na tarde de segunda-feira acho que merecemos mesmo ver aquilo que somos um para o outro e como casal, se é que se pode chamar isso já.
O resto da tarde foi passada entre brincadeiras e caminhadas pela capital. Não falamos do que podemos ser e sinceramente as minhas inseguranças começam a fazer-se sentir cada vez com mais intensidade e começo a pensar "e se ele encontra alguém?" "e se alguma cantora ou modelo o convida para sair?", sabemos bem como as mulheres são hoje em dia e não me admirava nada que isso acontecesse. Não o iria prender de ser feliz, nunca.
São quase onze horas e sinto que passei mais tempo a pensar no que poderá acontecer no futuro que a trabalhar, sei que este dia foi uma nulidade quando vejo o meu chefe de divisão vir ter comigo.
"Olá Madalena" disse simpático
"Olá Luís"
"Hoje não estás nos teus dias pois não?"
"Eu sei que podia estar mais atenta mas hoje não está a se rum bom dia realmente" digo suspirando as ultimas palavras
"Queres sair mais cedo e amanhã ou outro dia fazes mais uma hora?" disse sorrindo
"Não, só falta uma hora e tenho que acabar esta tradução"
"Como queiras, se mudares de opinião sabes onde estou" sorriu e voltou para o seu posto
O resto do tempo passou rápido, concentrei-me demasiado no texto que tinha para traduzir e deixei que o tempo rolasse. Rapidamente chegou as 12h e o meu relógio da secretária apitou, dando a conhecer que o meu dia tinha acabado.
Arrumei as minhas coisas e deixei o manuscrito, já terminado, em cima da mesa do Luís. Sai da empresa e desci para a rua. Peguei no telemóvel e vi que o Rúben tinha mandado uma mensagem e dizer que tinha saído do Seixal fazia 10 minutos.
Passados 5 minutos lá apareceu ele, não esperei e entrei logo no carro pois sabia que ele não poderia parra ali no meio da estrada.
"Olá" sorri e vi que ele estava bastante sério, fiquei com medo claro
"Olá" disse simplesmente sem qualquer reação aparente no rosto
Olhei pela janela durante o percurso e nem mesmo a música me enchia a cabeça, que naquela altura só pensava "o que é que eu fiz?".
Chegamos rapidamente à zona do Restelo onde íamos almoçar e sai do carro indo para o restaurante sem esperar por ele, que rapidamente me apanhou.
Entrámos e Rúben deu o seu nome e o empregado levou-nos até à mesa reservada, mesa essa que ficava mais afastada do centro do restaurante e com uma vista fantástica sobre o rio, como ambos gostávamos.
O empregado deixou os menus em cima da mesa e ele pousou o dele em cima do prato e foi folheando o mesmo. Tapei a cara com o meu e senti que estava prestes a chorar isso não podia acontecer.
❝ Madalena OFF ❞
Sem dizer nada Madalena levantou-se e foi para a casa de banho, fazendo com que o rapaz semicerra-se os olhos e a seguisse com os olhos, chamando-se nomes a si próprio. Estava mal, zangado e triste, mas tudo se devia a uma discussão com Francisco Ferreira "Ferro", seu colega, no treino e pelo facto de não terem conversado no balneário nem fora do centro de treinos para se resolverem, nada tinha a ver com a menina dos seus olhos.
Levantou-se da mesa e pediu ao empregado que trouxesse o prato que escolhera para si e para a rapariga o que ela sempre pedia.
Foi até à casa de banho das senhoras e depois de falar com a empregada sobre o que estava a acontecer, este pediu à senhora que já estava despachada para sair e fechou a porta com Rúben lá dentro. Este aproximou-se da porta onde se escondia Madalena e bateu duas vezes na mesma.
"Está tudo bem" disse a rapariga sem perceber porque estavam a bater na porta
"Lena ..." suspirou o jovem fazendo a rapariga esconder a cara entre as mãos "Abre-me a porta princesa"
"Não podes estar aqui" disse
"Abre a porta" disse cruzando os braços "A culpa não é tua"
Foi apenas o que bastou para o coração da rapariga se voltar a juntar e abrir a porta ao moreno que logo lhe pegou num braço e praticamente a enfiou dentro do seu peito, afagando o cabelo da rapariga enquanto esta se tentava acalmar.
"Foi no treino, não tens culpa e eu fui estúpido"
"Eu é que sou insegura tu não tens culpa de eu ser assim" disse olhando para o rapaz
"Eu percebo tudo o que tu sentes, sinto o mesmo acredita"
"Como assim?!" perguntou confusa
"Achas que eu também não tenho medo que tu arranjes outra pessoa?" perguntou "Que aches que já não temos volta e tentes encontrar alguém que não eu?"
"Isso não irá acontecer" disse segura
"Como podes ter tanta certeza?"
"Porque te amo" sorriu
Num impulso o rapaz pegou na cara da morena e beijou-a como já queria fazer há muito tempo. Foi um beijo perfeito como aqueles que só acontecem nos filmes românticos entre os protagonistas.
Pararam o beijo apenas pela falta de ar e com um sorriso enorme no rosto.
"Desculpa se me precipitei mas já não aguentava mais" disse sorrindo ainda
"Eu também não, acho que só estava a enganar-me a mim e a nós" disse a rapariga também de sorriso no rosto
Saíram ambos da casa de banho com um sorriso no rosto e sentaram-se novamente à mesa onde aproveitaram o almoço de uma forma diferente. Depois das saudades o que imperava naquela mesa era agora a tensão sexual acumulada pelos dois, mas que ambos sabiam que tinha que ser superada, para já.
