Irmandade

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Meu relógio de pulso marcava 5:56 da manhã enquanto me encontrava no terraço do prédio em que eu morava. Decidi ver o sol nascer daquele local privilegiado, o que era uma ótima opção pra quem não havia dormido quase nada pensando sobre várias coisas como eu. Uma delas era a que mais ressaltava em meu pensamento: o bilhete do rapaz misterioso que foi até o cinema no dia anterior.

Depois que ele foi embora a noite se estendeu devagar, já que o movimento estava fraco no cinema, o que favoreceu para que minha mente criasse várias teorias do suposto motivo de ele ter me entregado aquele bilhete.

Eu estava um pouco confuso e inquieto, pois queria logo vê-lo e perguntar qual era o sentido de me deixar um bilhete quando nem mesmo trocamos palavras. Mas ao mesmo tempo eu estava empolgado pois aquilo poderia ser um sinal de que ele voltaria ao cinema mais vezes também.

Mark havia me ligado dizendo que estava melhor e que ele estava com um resfriado severo, mas que estava tomando os remédios e hoje se sentia muito melhor, sendo assim acabamos nos encontrando para almoçar.

- Bambam me falou que o movimento estava calmo ontem, mas que um cliente lhe chamou a atenção. É verdade? - diz Mark enquanto deixa seus talheres de lado e pega o copo de suco de uva, seu preferido, para tomar um gole.

- C-como?.... Aah você conhece o Bambam Mark, ele sempre aumenta as coisas.. - falo um pouco surpreso e sem graça, pois não esperava que uma simples encarada - nem tão simples assim - em um belo rapaz no meu expediente fosse gerar um assunto durante nosso almoço.

- Sim, eu o conheço bem.. - fala com um pequeno sorriso - mas como faz tanto tempo que você nem mesmo encarava alguém, sei lá.. isso me deixou entusiasmo. Sabe que gosto de te ver bem. - ele disse enquanto aumentava o sorriso.

- Sei disso amigo, mas é só um rapaz bonito que eu fiquei encarando. Não é como se eu já estivesse namorando. Apesar de eu ter ficado bem interessado nele e principalmente depois do bilhete.. - falo e em seguida me dou conta de que Mark ainda não sabia sobre o bilhete. Eu não ia esconder isso dele pois ele era meu melhor amigo, mas antes que eu começasse explicar ele fez aquela cara.
Mark conseguia ser exageradamente malicioso somente com um olhar.

- Então Bambam não estava tão errado, vocês já até trocam bilhetes? humm.. quando iram trocar saliva? - ele fala enquanto me encara com um sorriso que transborda segundas intenções. No mesmo momento em que ele fala me engasgo com meu suco de morango e acabo tendo uma crise de tosse.

- Mark não fale essas coisas, você nem mesmo me deixou explicar o que havia no bilhete dele. - Falo ainda tentando conter a tosse.

- Pois então fale logo, o que havia nesse bilhete que mexeu com seu coraçãozinho adormecido caro amigo? - Mark no mesmo instante direciona seu olhar para mim, ficando atento ao que eu iria dizer.

- Ele foi bem... misterioso. Parecia um enigma o bilhete, algo como desvendar ele, se referindo a ele mesmo como um mistério. - fiz uma pausa e observei que Mark permanecia atento ao que eu falava - O mais estranho de tudo é que ele não pronunciou ao menos uma palavra para mim.

- É.. isso tá bem enigmático. Foi a primeira vez que ele esteve no cinema? - Mark me pergunta em tom de cautela e reflexão. Parecia que estava temendo algo.

- Isso eu não sei, afinal eu estava no seu lugar. Quem poderá responder isso é você, caso ele volte lá e você se lembre dele. - Mark pensa um pouco e concorda soltando um "é verdade". - Você parece temer algo Mark? Tá tudo bem?

- Está sim. É só que... isso tudo é muito estranho, vai que ele é um psicopata? Vai que ele está te perseguindo para abusar de você? Ou pior, vender seus rins na Deep Web? EU TENHO MEDO, NÃO ME OLHE ASSIM BUMMIE! - Ele me responde sério enquanto reviro os olhos para o mesmo.

- Você anda assistindo o filme que está em cartaz ao invés de cuidar das pessoas dentro da sala Mark? - Ele me olha torto - Sério Tuan, se fosse pra ele me fazer algum mal ele teria feito ontem a noite. Eu saí do cinema quando as ruas já estavam desertas. E além disso - paro um pouco procurando as palavras certas para que ele não me interpretasse erroneamente - algo nele, na aura dele... não parecia ser alguém com maldade. - finalizo depositando tanta confiança em minhas palavras que parecia que eu conhecia aquele rapaz misterioso há milênios.

- Tudo bem Bummie, eu só fiquei preocupado. Mas confiarei no que você sente, até porque você é bom em "ler a alma" das pessoas com o olhar. - ele afirma e abre um meio sorriso.

- Eu era amigo, até ver ele. Algo nesse rapaz não foi decifrado por mim ainda, mas será logo. - Mark concorda com um gesto de cabeça e então nós voltamos a almoçar agora que o assunto parecia encerrado.

Mark e eu havíamos escolhido um restaurante no shopping para almoçar, então seguimos para o cinema após terminarmos o almoço. Quando chegamos lá ainda era cedo, então resolvemos ficar na frente do balcão dos caixas conversando um pouco e logo Yugyeom e Bambam também estavam ali.

- Chefebum, Bambam me mostrou o rapaz que você desidratou enquanto encarava. Ele é muito bonito! - Yugy falou animado em minha direção.

- Ahh, o Bambam é? - olho torto para o citado e ele ri baixinho escondendo a boca com uma das mãos. - E vocês conseguiram fofocar e ver o rapaz enquanto deveriam estar limpando a sala ontem? - olho torto novamente, mas para os dois.

- Não, ele me mostrou agora a pouco quando vínhamos para o cinema, o rapaz estava na loj-

- Aonde? Quando? - Acabo interrompendo Yugy e começo a buscar o rapaz misterioso olhando para todos os lados e com a postura ereta.

- Na lojinha de kpop querido chefe, mas ele já foi então pode voltar ao modo sonso e fingir que não está louco para vê-lo. - Diz Bambam com um sorriso debochado nos lábios.

- Não tem ninguém sonso aqui não, eu hein. Eu só queria saber se ele.. não queria.. sei lá... aproveitar o valor promocional de hoje e quem sabe assistir algum filme, oras.. - falo tentando disfarçar o rubor facial e não deixando transparecer meu interesse pelo rapaz. Eu só não tinha tanta certeza se havia conseguido, já que a essa altura os meus três colegas riam de mim.

- Okay, vamos fingir que acreditamos e seguir a rotina de trabalho colegas! - foi a vez do Mark me zoar, porém não durou muito pois começaram a chegar os clientes e fomos dar início ao nosso expediente.

A tarde e a noite haviam sido um caos total como já era de se esperar por ser um dia promocional. Eu estava exausto, mas estava feliz, pois no dia seguinte era minha folga. O que resultou em dois bêbados, eu e Mark, jogados na minha sala depois de algumas cervejas falando coisas aleatórias demais para serem levadas em conta.

- Mark você não tem interesse amoroso em ninguém no momento? - falo enquanto encaro minha quinta garrafa de cerveja em minha mão. Nós estávamos sentados no tapete da sala com nossas costas apoiadas no sofá, o que resultaria em algumas dores que provavelmente não eram sentidas por estarmos sob efeito de álcool.

- Tem um cara.. dono de uma livraria perto do shopping, mas ele está mais para um "crush" do que um possível namorado. Park Jinyoung o nome dele. - ele me olha entusiasmado falando o nome do rapaz.

- Nós poderíamos ir até lá amanhã pela manhã, o que me diz? - olho para ele empolgado, afinal gostaria de ver o Tuan secando seu "crush".

- Essa foi uma das poucas ideias maravilhosas que já ouvi sair de sua boca amigo. - ele ri e concorda.

Terminamos nossa noite planejando quais livros nós estaríamos supostamente procurando na livraria do Park em meio a risadas e garrafas vazias.
Uma bela irmandade.

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OLAAAAAAA anjinhos, espero que tenham curtido o capítulo, estou tentando deixar mais longo pq sei que está pequeno, não desistam de mim :(

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