Quando os dois voltaram a entrar no grande e luxuoso apartamento, encontraram-no vazio. John a informou que Sean provavelmente estava tirando uma soneca da tarde e aconselhou-a a se fazer à vontade, seguindo em direção à cozinha em seguida.
Suspendendo a respiração, Rachel apertou a mão em dois punhos e seguiu-o até o interior do recinto.
- Você precisa de alguma coisa? – ele perguntou, ao perceber a presença dela.
- Ahn... – ela hesitou, procurando pelas palavras certas freneticamente, mas elas pareciam fugir do alcance de seu cérebro; soltou o ar lentamente, num suspiro trêmulo – Posso me sentar? – ela perguntou, com um sorriso receoso, indicando a mesa redonda de madeira branca, contornada por quatro cadeiras que combinavam com ela em material e cor.
- Claro. Quer mais chá? Talvez uma coca? Leite? Água? – ele ofereceu, enquanto abria a geladeira e inspecionava o interior. Para Rachel, aquele era o tipo de eletrodoméstico que se encontraria numa loja de velharias, mas imaginava que John devia ter pagado uma fortuna nela.
- Eu estou bem... eu... – novamente, seu cérebro pareceu ficar em branco e, diversas vezes, ela pensou em desistir.
Qual era o ponto?
Ele certamente não acreditaria nela. Ela quase não conseguia acreditar em si mesma!
Talvez estivesse louca.
Ela estava inquieta, remexendo-se na cadeira, quando John se sentou de frente para ela e, gentilmente, fez com que um copo roxo de vidro cheio de água gelada deslizasse pela mesa até chegar perto dela.
Rachel ergueu lentamente os olhos castanhos e encontrou o rosto dele. John sorriu levemente, com seus dentes tortos, seu nariz adunco e seu rosto tão familiar, mas tão desconhecido.
Ali estava ele, cuidando dela, tudo isso porque ela havia sem querer salvado Sean de ser sequestrado ou machucado por um estranho mal intencionado.
Rachel havia lido livros sobre John Lennon e sabia que ele era uma pessoa temperamental e difícil de lidar. Era um artista, afinal de contas. Mas ali, sentado do outro lado da mesa, ele parecia apenas um homem gentil e atencioso.
Um homem gentil, atencioso e talentoso, que o mundo inteiro idolatrava.
Perdida em pensamentos, Rachel se perguntou se as coisas seriam diferentes se John Lennon não tivesse sido assassinado. Assim como Paul McCartney, ele era um homem influente e, talvez, se ele ainda estivesse vivo, o mundo seria um pouco menos terrível e cruel e um pouco mais próximo do que ele havia sugerido em “Imagine”.
Era possível que esse fosse o propósito de tudo aquilo.
Mais vinte e quatro anos de John Lennon? O mundo obviamente se beneficiaria com isso, não era?
Inflada com um senso de propósito, ela abriu a boca e permitiu que as palavras escapulissem:
- Eu preciso ser sincera – sentiu as bochechas pinicando ao sentir os olhos dele fixos sobre ela, intrigados – Não que eu tenha mentido, eu só... Eu não fui cem por cento honesta. Eu nasci em 19 de setembro... de 1998 – percebeu a expressão confusa dele, mas continuou antes que ele tivesse tempo de fazer perguntas ou que ela perdesse a coragem de continuar com aquela loucura – E o endereço que eu te dei? Eu realmente moro lá. Vão construir um prédio naquele terreno baldio, John. Daqui a... – ela fez alguns cálculos mentais – dez anos, mais ou menos, meus pais vão comprar o apartamento 127C e é lá que eu moro. Eu estava deitada na minha cama, nesse apartamento, há cerca de três horas atrás e acordei no parque. Eu não sei porquê. Eu não sei o que aconteceu. Eu só sei que eu fui dormir e era 4 de setembro de 2014, e acordei em 1980.
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Imagine - A John Lennon Fanfic
FanfictionRachel acorda em 1980 e se depara com ninguém menos do que o próprio John Lennon. Sem saber como poderia ter voltado quase 25 anos no passado, a garota se vê num grande dilema: contar ou não ao astro da música que ele será vítima de um assassinato?