Nome: Rodrigo Martins / Idade: 37
Livro a ser divulgado: O Zumbi de Punho Único
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1 – Conte um pouco mais sobre o seu livro. Como a ideia dessa história surgiu? Qual foi sua maior dificuldade ao criá-lo? Fale mais sobre ele.
RODRIGO MARTINS: O Zumbi de Punho Único surgiu de uma conversa recorrente que tinha com o Thiago - que está também no projeto - sobre o universo de Tolkien e possíveis continuações. Sempre dizia a ele que se tivesse direitos sobre a obra de Tolkien convidaria Neil Gaiman, Stephen King, Rubem Fonseca, Allan Moore e outros grandes para narrar o que Tolkien apenas descreveu. Então ele sugeriu fazer o que estava ao nosso alcance e assim nasceu As Terras de Ayrin. Depois de uma reunião inicial, apresentei para aprovação dos membros o roteiro com os principais eventos e dessa forma nasceu O Zumbi de Punho Único. A ideia central foi criar um zumbi questionador, dos valores da vida e da morte, um ser que apesar de não estar mais vivo ainda assim tem sentimentos e pode agir diante do que considera certo ou errado. Já a dificuldade é desvincular o personagem da infecção viral, voltá-lo para um conceito mais mitológico e folclórico, usando a magia como fio condutor.
2 – Você escreve há quanto tempo? O que te influenciou a escrever?
RODRIGO MARTINS: Desde criança crio minhas histórias, mas levei mais a sério durante a adolescência quando precisei criar as letras para a banda que tive com os amigos. Foi aí que nasceu o gosto por fantasia. Busquei avidamente Tolkien, Marion Zimmer Bradley, Anne Rice, depois foram os clássicos e estou nisso até hoje.
3 – Qual é o gênero do seu livro? Tem algum gênero favorito para escrever? Qual gênero jamais escreveria? Por quê?
RODRIGO MARTINS: Classifico O Zumbi de Punho Único como Dark Fantasy, mas também como Alta Fantasia por se tratar de um universo fictício sem qualquer relação com o nosso mundo. Me sinto mais a vontade escrevendo fantasia, gosto de usar seus elementos para contrapor o que acontece em nossas vidas. Não sei se há algum gênero que não escreveria, mas certamente não aquelas ficções científicas cheias de genética, ciência de materiais ou física quântica por não ter o substancial para isso, mas admiro quem o faça.
4 – Qual é a maior dificuldade, como escritor, que você passa/passou? (Ao desenvolver a história, alguma pesquisa para o livro, etc).
RODRIGO MARTINS: A criação de mundo sempre é bastante difícil na fantasia, mas como é ela quem torna possível que tudo na história aconteça, é necessário gastar boa parte do tempo desenvolvendo-a. E ela exige muita pesquisa. O mais nojento que tive de pesquisar foi o tempo de decomposição de corpos humanos levando em consideração o ambiente. Confesso que gostaria de ter pego apenas os dados.
5 – No ambiente em que está inserido há uma dificuldade em receber reconhecimento pelo seu trabalho? Como lida com isso?
RODRIGO MARTINS: Sim, vejo o mercado literário bastante retraído quando voltado ao escritor brasileiro, principalmente quando se trata de apostar no jovem escritor brasileiro. Hoje é cobrado que o escritor tenha um público antes mesmo de ser publicado. Entendo as minúcias do mercado, mas na ponta mais frágil é exigido que o escritor conheça tudo ou boa parte da produção de um livro, o que era impensado 50 anos atrás. E por que ele precisa conhecer os processos que envolvem a produção de um livro? Porque essa é praticamente a única forma de conseguir alguma visibilidade. E isso se tratando de livro físico ou digital, não importa. Só a escrita hoje já não basta, é preciso ter a mínima noção de cada etapa para pelo menos escolher os profissionais adequados para algumas delas.
6 – Qual autor (a) te inspirou a escrever? Qual é o seu favorito? Acha que sua escrita se assemelha com a dele (a) de alguma maneira?
RODRIGO MARTINS: Já respondi isso algumas vezes na vida e em boa parte delas as respostas são diferentes. Mas certamente Tolkien, Vitor Hugo e Alphonsus de Guimaraens. Apesar de me achar uma colcha de retalhos de vários autores, os tecidos desses três se sobressaem aos demais. Quando leio meus textos vejo nesses três a fantasia, o social e a poesia representados.
7 – O que a escrita significa para você? Já pensou em desistir?
RODRIGO MARTINS: Nem hobbie nem necessidade, mas vejo como uma expressão. É uma parte de mim, de me comunicar com o mundo e até comigo mesmo. E nesse hábito tornado exercício vejo uma possibilidade de levar parte de meus pensamentos ou de mim mesmo a outras pessoas, de dialogar com elas além do tempo e do espaço. Nunca pensei em desistir do ato, mas de alguns projetos.
8 – Como desenvolveu seus personagens? Inspirou-se em pessoas reais? Qual mais se parece com você (fisicamente, intelectualmente, etc)?
RODRIGO MARTINS: Não imaginei um tipo físico para o zumbi Thallimus justamente para focar em sua personalidade, que é a de alguém que precisa a todo momento se adaptar à sua realidade transfigurada. Aproveito para, a partir disso, lançar questões que são minhas mesmo, diante de circunstâncias em que o indivíduo é tragado, e responder de acordo com o que acreditamos é difícil, senão impossível. Nesse aspecto acho que Thallimus é bem parecido comigo ou com o que lido atualmente. Algo interessante foi uma brincadeira que fiz com o vampiro Firi, sobre a alcunha de "anacrônico" que recebo por gostar dos clássicos. A literatura é maravilhosa por construir e desconstruir.
9 – Seus livros possuem alguma mensagem que deseja passar? Se sim, qual seria?
RODRIGO MARTINS: Sim, procuro recompensar os leitores antes mesmo que leiam. Penso que se alguém estiver disposto a gastar algum tempo de sua vida lendo meus livros, conhecendo minhas histórias e o mundo que habita em mim, devo dar algo em troca desse tempo. Procuro passar aquilo que acredito, que é possível sempre mudar, que os valores da amizade e do amor fazem parte do ser humano para ser exercitados, que o conhecimento é uma joia a ser conquistada e compartilhada. Procuro mostrar também que a violência cultivada pela sociedade ao longo da História é uma mancha incômoda que nos afeta e afetará durante um bom tempo.
10 – Você escuta música enquanto escreve? Se sim, quais artistas? Em que te contribui na hora de escrever?
RODRIGO MARTINS: Sim, sempre. Sou uma pessoa bem musical. Gosto de Miles Davis, John Coltrane, Black Sabbath, Blind Guardian e música folclórica instrumental. Ajuda muito a me concentrar, além de ser uma preferência. Gosto de perceber a sensibilidade do artista, os detalhes em relação ao todo. Tanto que todo o projeto de As Terras de Ayrin será permeado de citações com letras de bandas de rock e heavy metal.
11 – Qual seu sonho como escritor?
RODRIGO MARTINS: Poder viver da escrita, seja por sustento ou suplemento. Além disso, ter a possibilidade de levar entretenimento e mensagens que possam de certa forma interferir positivamente na vida das pessoas.
12 – E, por último, fale um pouco mais sobre você. Quais seus sonhos e anseios, o que faz atualmente em sua vida (faculdade, profissão, etc) ou se planeja levar adiante o seu trabalho como escritor. E deixe uma mensagem para seus leitores!
RODRIGO MARTINS: Sou professor, formado em Letras. Adoro lecionar, sou um apaixonado pelo Fluminense, pelo Rio de Janeiro, amo gastronomia e jardinagem, uma boa cerveja e um bom papo. Espero que os leitores curtam O Zumbi de Punho único porque a continuação dele já está pronta e outros livros virão, tanto as aventuras de Thallimus quanto de outros personagens de As Terras de Ayrin. Em nossas reuniões estamos conversando sobre mais um personagem com histórias próprias escritas por mim, então é capaz de isso acontecer para o meio do ano. Por último e não menos importante, agradeço a todos os que leram, apoiaram e acreditaram nesse projeto. Estendo o agradecimento ao Leitor Indica pela iniciativa de fazer pela literatura brasileira, vasculhando um underground bastante rico e diversificado. Obrigado!
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USER DO AUTOR NO WATTPAD - @RM1922
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O Leitor Indica - Entrevistas
DiversosO LEITOR INDICA é um projeto sem fins lucrativos que visa divulgar autores em potencial no campo da Literatura brasileira e que vem recebendo destaque nas redes sociais e plataformas de leitura que os têm projetado para a mídia e o grande público. _...