Extrema - Além do Tempo | Harry Styles|

Capítulo 2

O caminho até o hospital foi tenso. Aurora já havia contado o mais importante para o seu tio por telefone, mas ainda assim ele queria ouvir tudo novamente, como se não estivesse acreditando nela, ou na própria história em si. Ela não sabia como começar a contar para seu tio Charlie essa confusão envolvendo sua mãe. 

Então, Aurora retorcia nas próprias mãos o moletom que usava, numa tentativa de distrair os nervos a flor da pele. Aquele moletom havia pertencido a sua mãe, na época em que ela frequentava a mesma escola que Aurora estava agora, provavelmente as mesmas salas de aula e até mesmo com alguns professores em comum.

- Aurora, me conte como tudo aconteceu. - seu tio lhe tirou de seus devaneios.

 - Eu não sei, quer dizer, eu estava na escola e de repente ela estava lá ao meu lado. Ela estava tão diferente Charlie, tão machucada. Não sei como ela me encontrou lá, mas se não fosse outra pessoa pedindo por ajuda eu não sei se teria conseguido ajudar minha própria mãe... 

- Calma, vai ficar tudo bem. Você fez bem em me chamar. Vamos dar um jeito nessa bagunça e vamos descobrir o que de fato aconteceu.

Apesar da voz do seu tio querer passar uma sensação de calma, ele estava muito nervoso e Aurora conseguia perceber que por debaixo daquela calmaria toda ele estava se sentindo tão mal quanto ela mesma. 

Afinal de contas, a mãe de Aurora era a irmã mais velha de Charlie e de certa forma, fora ela quem sempre havia cuidado dele desde a infância, e não o contrário. Ao chegar no hospital seu tio desceu do carro e pediu que ela esperasse por ele na recepção. Ele tinha os contatos certos e sabia com quem conversar dentro do hospital pra não chamar a atenção. Mas Aurora não queria ficar sozinha e reagiu lhe lançando um olhar em pânico, porém Charlie apenas disse: 

- Só espere. Não fale com ninguém. Vou ver em que pé as coisas estão e te procuro. Não podemos fazer alarde da situação. 

 - Mas eles precisam saber quem ela é para poder cuidar melhor dela Charlie. - Aurora não tinha certeza de que sua mãe conseguiria sobreviver e aquilo estava lhe deixando muito angustiada.

- E eles vão saber Aurora, se for melhor assim, eles vão saber quem ela é. Agora faça o que eu lhe falei, assim que puder eu vou até você.  - Concordando com a cabeça, Aurora foi caminhando lentamente até a recepção. Ela tinha medo do que poderia acontecer, mas também queria encontrar alguma maneira de ajudar a mãe. 

Sara Mahoney era como um camaleão, ela conseguia assumir tantas personalidades quanto quisesse. Aurora invejava ela por isso, mas tinha uma certa intuição de que também fora essa mesma habilidade que a tinha colocado nessa situação. 

Quando já estava sentada em uma confortável cadeira da recepção, Aurora não se permitiu relaxar. Ela observava atentamente tudo que acontecia próximo a ela, com medo de perder o momento em que alguém fosse falar alguma coisa a respeito de sua mãe. 

No entanto, com o passar do tempo, mesmo contra a sua vontade, ela foi se deixando entrar numa preguiça na confortável cadeira, talvez fosse o estresse emocional ou os pensamentos incessantes que a fizeram entrar em um certo estado de torpor. Ela estava em uma espécie de transe quando uma mão checou sua temperatura e a despertou. 

- Ah! - ela arfou com o choque. 

Não sabendo se havia sido o toque inesperado ou se o havia sido o susto por alguém lhe tocar, mas ela ficou em pé no mesmo momento, como se uma descarga de adrenalina passasse por seu corpo. O homem misterioso que ela tinha visto na escola estava na sua frente, havia sido ele que a tinha tocado e então pareceu recuar tão surpreso quanto Aurora. Ela estava cada vez mais intrigada com esse homem.