Xanadu - o ritual

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1.363 D.P.C


— Valkirya, não podemos fazer isso! Você sabe o risco que corremos ao desobedecer a ordem do rei Elcaliseu! — exclamou Stengard, segurando a mão de sua esposa.

— Um mero rei não pode impedir uma mãe de gerar seu próprio filho! Stengard, você sempre soube que eu quis ter um filho! — esbravejou Valkirya, lançando um punhal contra a parede de tom cinza rústico.

— Já perdemos nosso primeiro filho para o rei e sua feiticeira. Ela nos amaldiçoou para nunca mais termos filhos. Já perdi um filho e não quero perder você! — sussurrou Stengard, virando as costas e limpando uma lágrima que escorria de seu rosto.

Os dias passaram, e Valkirya continuava obcecada pela ideia de ter um filho. Ela leu livros e mais livros para tentar quebrar a maldição da feiticeira real. Stengard via todo o sofrimento de sua esposa e seu esforço desesperado.

— Valkirya, meu amor, descanse um pouco! Você nem come mais, está pálida, não dorme, passa noites e mais noites lendo esses feitiços! — indagou Stengard.

— Você sabe a importância disso para mim! Enquanto eu não encontrar um jeito de ter meu filho, não vou descansar, e isso pode levar anos! — afirmou Valkirya, voltando à sua luta incansável.

Desesperado, Stengard decidiu ajudar e, sem informar Valkirya, partiu em busca de respostas. Ele seguiu a cavalo para Xanadu, mesmo sem saber se o vilarejo realmente existia. O que sabia era que, no caminho, havia uma vasta e densa floresta negra habitada por criaturas tenebrosas. Ignorando os perigos, Stengard seguiu em frente, determinado a ajudar sua esposa.

— Valkirya, onde está Stengard? A tropa do rei está atrás de um camponês que foi avistado saindo das terras do rei sem permissão! — entrou Bleir, correndo, ofegante e assustada. Blear, uma mulher de meia-idade, cuidou de Valkirya após a morte de seus pais e era uma guardiã designada para protegê-la.

— Ele disse que iria para o sul da província, e isso já tem oito dias, Bleir! — exclamou Valkirya, percebendo o tempo que se passou.

— Fique calma — disse Bleir, sendo interrompida por um dos guardas reais que adentrou a casa.

— Vocês não podem revirar tudo desse jeito! Vocês vão me pagar, seus imundos! — gritou Valkirya, enfurecida.

— O que você vai fazer, bruxa branca? Sem feitiço, é inútil! E guarde sua língua para não ficar sem! — disse o guarda, retirando a espada do rosto de Valkirya, que ficou com um pequeno corte.

Valkirya era uma das poucas bruxas brancas que ainda viviam. Elas eram feiticeiras de alto escalão, invocadoras de almas e poções, e suas inimigas mortais eram as feiticeiras de magia negra.

Enquanto isso, Stengard enfrentava dificuldades na floresta. Mesmo assim, estava determinado a encontrar a bruxa branca que possuía o colar das seis bruxas, que vivia escondida em Xanadu. O vilarejo era composto por casas de pedras vulcânicas e vielas de terra avermelhada. Algumas crianças corriam descalças, vestindo roupas brancas. Os adultos também se vestiam da mesma forma e olhavam Stengard com desconfiança, retirando-se para suas casas.

— O que você procura, camponês? — ecoou uma voz feminina sobre o silêncio do vilarejo.

— Eu procuro a bruxa branca — respondeu ele, olhando ao redor.

— Como você soube? Como encontrou Xanadu? Todos que tentaram passar pela floresta não sobreviveram! — disse Irina, surgindo entre a névoa que cobria o vilarejo. Ela desconfiava que Stengard não estava ali por acaso.

— Sou esposo de uma bruxa branca e estou aqui por ela. Sempre ouvi dizer nas terras do rei que Xanadu existia, mas ninguém nunca encontrou — falou ele, dando alguns passos para trás, inseguro.

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