As Três Irmãs #ContestLetters

Capítulo 06

*AAAAA agora a coisa começa a apertar na história hahaha preparados?  Espero que gostem do capítulo, junto com uma música instrumental que acho que dará o tom da treta que está para acontecer hahaha *

            Mais de uma semana havia se passado desde o sequestro da irmã e até agora Titania não dera sinal de vida. Se o objetivo era ficar invisível, ela conseguira. E isso só deixava Ravenna mais preocupada ainda.

A guerreira olhou para o espelho gigante no antigo quarto da mãe: como futura soberana, ela fora transferida para os aposentos reais para se arrumar para sua coroação. Apesar do luto que percorria o reino, havia uma expectativa para com a nova rainha: será que ela descobriria quem fez tudo aquilo? Ravenna sabia quem era a autora, mas achou por bem não revelar para os súditos que fora sua própria irmã mais velha que cometera o crime. Então, para todos que viram o decreto que ela lançara no dia da morte da mãe, Titania e Aura haviam sido sequestradas em conjunto, e a Coroa estava à procura do culpado.

O funeral de Alexandra II fora digno de nota. A soberana, apesar de rígida com suas filhas, era muito amada pelo povo, e o evento durara cerca de dois dias, já que o seguinte ao enterro foi decretado feriado nacional. A tradição therissiana estipulava que os soberanos fossem enterrados dentro das montanhas que circundavam o Castelo, adentrando uma passagem nos níveis inferiores da construção, após percorrerem toda a extensão de Cittanova para que os súditos se despedissem. Ravenna ajudara a carregar o caixão junto com a guarda real, para ser depositado no jazigo da família Firenze, num mausoléu esculpido na pedra. Ali embaixo, os cristais que preenchiam o relevo cintilaram com a passagem da procissão, imitando o céu noturno do lado de fora.

A jovem encarou seu reflexo: seus cabelos pretos foram cortados por ela mesma na metade do pescoço e sua armadura de aço reluzia após ter sido polida pelas empregadas. As manchas e batidas que antes tinha foram retiradas e ela sentia como se a armadura não lhe pertencesse, e sim a algum jovem que nunca vira um campo de treinamento. As pessoas ficaram surpresas com as mudanças na moça, em especial o cabelo escuro, mas ela usou uma desculpa de ter adquirido uma tinta específica para isso no Sul – o que não era nem um pouco verdade, mas precisava dizer alguma coisa.

Uma capa vermelha com pele na gola envolvia Ravenna e, pela primeira vez, ela sentiu o peso do mundo nos ombros; não que como chefe do exército ela não sentisse, mas dessa vez era como se literalmente todas as pessoas, boas e más; todas as folhas que cercavam o Reino; cada pedra dos muros e dos castelos pesassem nos braços e viu como a mãe devia sofrer tentando abraçar aquele mundo e não conseguindo. Não era à toa que ela estivesse tão desesperada para coroar Titania!

— Estamos prontos para a senhora, Majestade – disse um dos conselheiros na soleira da porta. Ravenna se afastou do reflexo e caminhou para o salão de coroação. Lá, todos os nobres estavam presentes, trajando suas ricas vestes e, no final se encontrava o ancião, segurando a coroa nas mãos. Ele tinha sido desacordado por Titania durante a Festa das Oferendas com um feitiço, mas não se ferira.

A moça hesitou por alguns segundos quando todos os olhares se viraram para ela. Odiava ser o centro das atenções quando a situação era tão ruim como aquela. Então caminhou lentamente, cabeça erguida, as pessoas em seu entorno fazendo reverências à medida que avançava.

— A senhorita jura – começou o ancião conforme a princesa cruzava o salão – ser a representante da Justiça e governar de forma igualitária por todo o reino até as Terras Desconhecidas no além-mar?

— Ju... – algo relampejou na mente de Ravenna. Como ela não pensara nisso antes?! Para onde mais ela teria sumido senão para aquela mancha no mapa que ninguém ousava entrar?! Eu preciso sair daqui. Mas não tinha como ela simplesmente marchar para fora da cerimônia. Se fizesse isso todos questionariam se estava apta para o trono, e já tinha coisas demais na cabeça para criar mais um problema para resolver.