Ó planeta azul

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O vi duas vezes. A primeira em Vênus, a seguinte em Marte. Agora o reencontrei na terra.

Apaixonei-me subitamente pelo rapaz a cada encontro, talvez pelo seu sorriso simétrico, talvez pela sua voz grave levemente rouca que é capaz de me fazer arrepiar-me mesmo estando a cem quilômetros de distância, talvez pelos seus olhos com seu tom que faz questionar-me se são verdes ou azuis, talvez pela sua calma e mania de observação. Ó céus, existem tantos motivos.

Depois de nosso primeiro encontro em Vênus passei a escrever sobre ele, sobre como a sua simples existência era capaz de preencher o oco existente em minha alma. Andava eu como borboleta leve, sentia como se o chão não fosse digno de tocar-me. Ó céus, flutuava.

Até que por um simples capricho da minha família fui obrigada a casar-me com Apolo. Apolo havia sido minha paixão adolescente, até o momento que percebi que sua aparência era totalmente diferente do seu interior. Ó céus, justo Apolo?

Havia se passado mais tempo do que possam imaginar, tudo havia mudado em minha vida.  Meus pais desistiram da brilhante idéia de me casar com Apolo depois que perceberam que ele não me fazia bem e principalmente depois de descobrirem as traições. Procurei-o como uma alma procura seu corpo, isso durou anos e anos, pensei nas infinitas possibilidades de onde ele estaria e o que estaria fazendo. Ó céus, onde te escondestes?

O planeta estava em plena primavera com seus enormes campos verde, sendo contrastados com as cores das flores de diversos tipos. E lá estava ele sozinho. Sem pensar em consequências clamei pelo seu nome e apressar-me ao seu encontro. Ó céus, ele estava ali, bem diante de meus olhos.

– Onde andastes? Sabes o quanto te procurei?– Questionei ofegante pela minha corrida para encontrá-lo. E ele abriu-me um sorriso.

– Estava eu a fugir da dor de te ver ao lado de Apolo, mas se me procuraste... – Supôs esperando uma resposta.

– Não estou com Apolo, não o amo. Nunca o amei, só amei uma pessoa em toda minha vida. ­­– Disse com um sorriso rasgando minha face.

– Quem tu amaste? – Questionou inseguro.

– Ainda tem duvida? Amei-te com todo meu coração. – Disse ainda incrédula com sua pergunta.

Ele riu como se estivesse disfarçando o próprio nervosismo.

– Se disseste eu o quanto te amo, tu não acreditarias. – Disse ele me encarando.

– Talvez esse amor seja coisa de outro planeta.

Ó planeta azul, agradeço-te imensamente por teres me proporcionado um momento tão belo e importante em minha vida. A vista era encantadora, nada precisava ser acrescentado. Aliás, o que completou a beleza daquele lugar foi o meu amado. Como se estivesse predestinado a terminar assim, como o clichê das histórias que foram escritas e reescritas ao longo dos séculos, assim se inicia a nossa historia. Sim, se inicia, pois para amores não existem pontos finais apenas vírgulas.

A noite em Vênus.Onde histórias criam vida. Descubra agora