Impala 67 (único)

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Querido diário ou... Seja lá o que for isso. Uma caderneta? Agenda? Um pedaço de papel jogado na minha bolsa? Que seja, o intuito é de um diário e que se dane se não for.

Voltando; querido diário, venho, por meio deste, contar uma linda história.

Bom, linda apenas no final, levando em consideração as circunstâncias. O começo, eu posso dizer que foi engraçado ou... Não sei, divertido? Mas não foi lindo, isso posso garantir.

Eu não sabia que contar uma história na forma escrita seria difícil desse jeito. Veja só, estou desviando do assunto novamente.

Voltando pela segunda vez: A história de como conheci o - agora - amor da minha vida.

Em um belo dia... Não, na verdade, foi de noite, né?

Aahh, foi sim.

Em uma bela noite fria e congelante, saí de casa com meu Impala 67 em busca de uma cafeteria ainda aberta. Um café quente acompanhado de um bolo de chocolate era muito bem vindo naquele momento.

Até então, a noite estava calma. Até que um ronco estrondoso, potente e muito bonito para os meus ouvidos soou ao meu lado. O semáforo indicava pare, e o carro que julguei ser um Dodge Charger 1970 estava exatamente ao meu lado, parado no farol.

Aquele ronco não era uma simples pisada na embreagem e, sim, descaradamente, um pedido de racha. Uma forma de se mostrar melhor que os carros alheios, o qual era o meu, o único naquele lugar.

O ronco era alto, potente e proposital; isso eu tinha a absoluta certeza.

Se o intuito era ter a minha atenção, a pessoa que estava atrás do volante conseguiu tal feito. Fiquei vidrada no pouco que eu conseguia ver do carro e era lindo aos meus olhos. O vidro fumê me impossibilitava de ver o dono ou dona daquele lindo e potente carro.

O ronco ainda continuava, seu pé ainda estava na embreagem e o alto som soava como uma linda música para meus ouvidos.

Aquilo era, sem dúvidas, um pedido para racha e eu não costumava negar esse tipo de coisa. Mesmo que meu carro não seja apropriado para aquilo, eu gostava. A pessoa do meu lado parecia gostar também.

Bom, é isso mesmo que você está pensando, ele é o amor da minha vida hoje em dia, mas, naquela época, era apenas alguém atrás de um volante escondido pelo vidro fumê, querendo competir comigo.

Voltando ao passado...

Onde já se viu? Competir com a garota mais competitiva desse universo, puff!!

O semáforo indicou atenção e, no exato momento que o amarelo se apagou, o verde deu a luz e, sem demora, os dois carros engataram a marcha e pisaram no acelerador. Ambos estavam lado a lado, na rua vazia e "silenciosa" de Gwangju.

No final da rua, havia duas vias; uma para a direita e outra para a esquerda, e foi ao virar a esquina que me vi vencedora. Virei a esquina em primeiro e o vi pelo retrovisor virando a outra esquina.

Um sorriso vencedor surgiu em meus lábios, eu amava a adrenalina e principalmente ganhar rachas. Eu não gostava de competir ilegalmente nos dias de corrida, mas eu não negava uma racha quando era desafiada.

Olha só, eu daria uma bela escritora nas horas vagas, não?

Cheguei até a cafeteria que eu mais amava na cidade. O clima lá dentro era totalmente diferente do clima de fora. Era quentinho e o cheirinho de chocolate quente e café fresco eram bem evidentes. Não tardei a fazer meu pedido, um belo e caprichado bolo de chocolate e uma grande xícara de café que havia acabado de ser feito.

Relatos do passado, JmOnde histórias criam vida. Descubra agora