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A porta do elevador se abre, não nos dando tempo de falar qualquer coisa. E, bom, não havia muito o que falar: toda a ação dos minutos anteriores falava por si só. Bradley saiu caminhando do elevador na frente, como eu pensei que ele faria, e não falou nada, apenas se virou e me direcionou um leve aceno de cabeça, se despedindo com o que eu tinha certeza que era o sorriso de canto de boca mais malicioso que eu havia visto na vida.

Céus.

— Professor. — Aceno e saio do cubículo andando ainda com as pernas bambas em outra direção. Por sorte, ou pura ironia do destino, a escola estava quase deserta (o que realmente não surpreendia, a julgar pelo horário). Perdida em devaneios, quase morro do coração ao esbarrar em alguém.

— Oh, me desculpe. — Me apresso em dizer para a mulher.
— Tudo bem, também não estava olhando por onde andava. — Ela diz sorrindo timidamente, olhando para trás rapidamente na direção de Bradley. Ah, sim. Acredite, garota, eu sei bem como é isso. Agora tente ser fodida por ele no elevador e você vai ver o que isso faz com a sua distração...
— Espero que não tenha demorado muito. O elevador, eu digo. Eu estava auxiliando os técnicos.
— Ah... É claro que... Não foi nada. Na verdade mal vimos o tempo passar. Ele me ajudou bastante. Sabe, com a.... Minha claustrofobia.

Stefani, faça o favor de calar a sua boca grande e ir embora antes que você faça besteira.

Ela me olha estranho, mas sorri em seguida.

— Que bom! Tenha uma boa noite! — Finalmente diz depois de me analisar.
— Boa noite! E obrigada. — Aperto minha mochila e começo a caminhar em passos largos até o meu carro.

O estacionamento estava bastante escuro e quase nenhum carro havia sobrado. Chutei que Bradley já havia ido embora e ri comigo mesma do que havia acontecido enquanto ia destrancar a porta do veículo, mas fui interrompida de novo...

Por uma voz grossa e inconfundível.

— Dificuldades com a trava? - Ele estava perto, perto demais. Como não o vi chegar ali? Esse maldito deve estar acostumado a surpreender alunas sorrateiramente. Não que eu esteja reclamando. Me viro e dou de cara com seus olhos azuis me encarando.

— Na verdade... Hã, sim. Mas já me acostumei a isso. Essa lata velha vem me dando bastante trabalho.
— Quando precisar de carona por... É, não conseguir abrí-lo, pode me chamar.

Bradley, tímido? Essa realmente eu não esperava. Aproveito pra jogar uma isca.

— Seria muito útil agora. — Digo, sustentando seu olhar no meu. É claro que não havia problema nenhum com meu carro. Eu só queria mais alguns minutos com ele.

— Nesse caso... — Ele olha em volta antes de continuar. — Pode entrar, Stefani.

Ele contorna o veículo e abre a porta pra mim, o que me dá um misto de frio na barriga e... Algo que não sei bem descrever. Eu o sigo e me sento no banco do passageiro, colocando minha bolsa aos meus pés. Bradley dá uma última checada em mim antes de fechar a porta, e seu olhar me faz ter um pequeno calafrio.

— Você pode colocar a bolsa lá atrás se quiser. Fique à vontade. — Ele diz se sentando e ajeitando os cabelos antes de dar partida.

Apenas balanço a cabeça e faço isso, voltando minha atenção à ele. Eu não fazia ideia do que viria a seguir. Vindo dele, eu esperaria qualquer coisa - e sinceramente, faria qualquer coisa.

Ele não me pergunta onde moro, o que eu realmente não esperava. Começa a dirigir concentrado, como se estivesse bolando um plano. Decido quebrar a tensão colocando minha mão levemente em sua coxa, perto o suficiente de seu membro pra fazê-lo acordar do devaneio e me olhar com a mesma intensidade que vi em seus olhos alguns momentos antes.

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