some type of love

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E A R T H
J O H N S O N

               — É que eu tenho medo, Gina. — Resmungo, sentindo os dedos delicados da mais velha trilharem linhas pela minha bochecha.

                   Eu não sabia exatamente quando ela chegou aqui, mas era de manhãzinha e eu tinha dezessete chamadas perdidas de Brandon, sem contar as de Noah. Ela apareceu toda preocupada, pra me encontrar uma total bagunça. Por causa de um selinho.

                — Onde você está agora, Earth? — Questiona, juntando meus cabelos agora.

                  — Em casa? — Murmuro, demora algum tempo até que aquilo me atingisse de verdade.

                   Eu estava na minha casa. Eu tenho quase dezessete anos, uma filha de quase um e estava morando na rua com ela até dois meses atrás. Eu passei por uns bocados até chegar aqui, e, de alguma forma, eu consegui.

                      — Exato. Você já conquistou muito pra estar com medo de uma coisa assim. — Afirma, a escuto suspirar — Principalmente pelo Brandon. Nós duas sabemos que ele cuida de você e da Sun como se fossem de porcelana, e, não é porque ele é meu filho, mas o Bee é um príncipe e nunca te faria nada de mal.

                  — Eu sei que não, Gina. — Me concentro em parar de chorar, agora sentada. — O problema sou eu, sabe? E se der tudo errado de novo?

                    — Eu não vou te falar mais nada, Earth. — Ela me empurra de leve, se levantando.

                    É incrível a capacidade de Gina de parecer uma mãe e uma adolescente ao mesmo tempo.

                     — Vou ligar para as crianças e chamar eles pra comer aqui. Vamos fazer o almoço, vem.

- - -

                      — O Ed chamou a gente pra passar o Ano Novo lá. — Brandon anuncia, enquanto cortava a salada, de jeito preguiçoso e debruçado na bancada.

                      Os três chegaram aqui em dois tempos. Halie estava na sala com o pai dela e Sun, enquanto Noah, Gina, Brandon e eu preparamos o almoço. Eu quase não tinha aberto a boca.

                    — Na Times Square? —Noah questiona, as sobrancelhas erguidas e os pratos na mão. — Mamãe vai pagar minha passagem?

                    — Eu já pari e alimentei por tempo o suficiente, agora se vira. — Tia Gina coloca os talheres sobre a mesa, passando por mim e não economizando tempo em me analisar. Lá vem. — Earth vai também, né?

               — Vai sim. — Brandon devolve, contornando a ilha de madeira e parando ao meu lado, sua mãe já havia sumido do cômodo. — Senti sua falta lá em casa ontem. Ainda não me acostumei em acordar e não achar vocês.

              Sinto meu coração acelerar quase que instantaneamente. A faca escorrega entre meus dedos e por um milagre eu não machuquei.

               — Cuidado! — Ele ri, tirando metade das cenouras que eu descascava e colocando em seu pote. — Quem deixou a criança mexer com faca?

                — Deve ser a mesma pessoa que deixou você sair de casa com esse celular pendurado no quadril — Brinco, erguendo as sobrancelhas e indicando para as correntes que seguravam o aparelho.

                     — Você está muito ousadinha, Earth. — O de óculos se aproxima, o antebraço apoiado na bancada agora. — Eu sei que você está um pouco confusa por causa de ontem.

                     — E-eu não estou, é só que...

                      — Que eu te beijei e saí, é isso, mas eu realmente quero colocar as coisas no lugar, e... — Foi a minha vez de interrompê-lo, com as sobrancelhas juntas e um sorrisinho um tanto debochado.

                    — Selinho não é beijo, Brandon.

"𝑨𝑳𝑹𝑰𝑮𝑯𝑻", 𝘣𝘳𝘢𝘯𝘥𝘰𝘯 𝘢𝘳𝘳𝘦𝘢𝘨𝘢.Onde histórias criam vida. Descubra agora