Capítulo 01.

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something in the way he moves attracts me like no other lover

something in the way he woos me

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A todos que olhassem o garoto alto e esguio correndo pelas ruas quentes de Blacktown, contra um pôr-do-sol tão dourado quanto seus cabelos rebeldes, torceriam o nariz e murmurariam o quão perdida estava a juventude nos dias atuais. Mas Luke Hemmings não se importava com nada daquilo enquanto tirava o celular apertado no bolso do seu jeans colado e procurava o nome do melhor amigo nas ligações recentes. 15 ligações perdidas, 20 sms e 12 mensagens nowhatsapp. Com um riso que quebrou o silêncio calmo de um bairro que estava perpetuamente preso à enfadonha vida sem graça e a todos os costumes velados de um modo cristão e correto, ouviu a voz vinda do telefone como se para quebrar todos os tabus.

– Luke Robert Hemmings, seu grande filho da puta! – Calum gritou, como se fosse necessário no momento e assim pudesse extravasar a raiva que estava sentindo.

E Luke, ofegante e com os cabelos já molhados de suor, riu ainda mais alto, os passos começando a hesitar depois de tantos minutos em um ritmo acelerado. Começava a sentir dor e, trôpego, quase escorregou no asfalto por causa dos tênis escorregadios e decidiu que não precisava mais deles.

– VOCÊ NÃO VAI ACREDITAR! – O loiro gritou, destoando-se completamente dos padrões aceitáveis, enquanto arrancava os tênis e os jogava numa lata de lixo. Sempre odiou aquele presente de sua mãe. – EU PASSEI! EU ESTOU NA FACULDADE, CALUM. EU ESTOU NA PORRA DA FACULDADE!

Enquanto ria, incrédulo e maravilhado, o silêncio de Calum era sua única resposta. Quando disse, antes de sair do apartamento que dividiam, que iria até a casa dos pais buscar a carta que decidiria seu futuro, o moreno pareceu mais nervoso que o próprio Luke. A carta ficou perdida em alguma esquina quando saiu tão abruptamente de casa quanto entrou, as letras ricamente impressas no papel gravadas em fogo em sua retina. De repente o céu, lá onde o crepúsculo desenhava formas, cores e texturas não parecia mais tão distante.

– Você está vindo pra cá? – Calum perguntou depois de longos segundos. Ele mal parecia acreditar, tão perplexo quanto Luke estava feliz. Ainda rindo – ele realmente não conseguia parar, droga – então voltou a correr, sentindo o calor do asfalto nas solas do pé. – Que porra, Luke, você está vindo pra cá?

– Sim. – Respondeu Luke, ofegante e entusiasmado. Sua voz parecia embargada, diferente do que estava acostumado. – E eu prometo que vou te fazer o melhor boquete do mundo.

– Seu... – O insulto se perdeu no ar quando algo caiu com estrépito no chão e Calum soltou um palavrão. – Mas que droga, eu estou saindo de cueca pra rua.

– QUE SE FODA TODO MUNDO! – Luke gritou alto o suficiente para que conseguisse ser ouvido do outro lado da cidade. – Eu estou chegando, caralho, deixa essa sua bunda linda dentro de casa.

Mas Calum não pareceu ouvi-lo – ou o ignorou, ele costumava fazer isso constantemente – e alguns segundos depois conseguiu ouvir a respiração de Calum tão ofegante quanto a sua do outro lado da linha. Com os cabelos dourados grudados na testa, descalço e ofegante, avistou Calum ao cruzar a rua e ele corria em sua direção em um estado ainda pior. Seu riso rasgou a garganta seca mais uma vez quando viu o moreno correndo em sua direção sem camiseta, sem calça e sem sapatos, usando somente uma daquelas cuecas apertadas e listradas que provavelmente comprou quando entrou na puberdade.

– VOCÊ É UM FILHO DA PUTA, CALUM THOMAS HOOD. – Luke gritou alto, ignorando todos os olhares direcionados aos dois (principalmente a certo garoto moreno correndo quase pelado no meio da rua) e quando a distância se tornou nula, conseguiu ver com perfeição o sorriso de dentes brancos atrás dos lábios cheios. Quando se abraçaram, o choque dos corpos foi quase doloroso, as pernas de Calum transpassando seu quadril sem nenhum pudor, o corpo suado junto ao seu, o riso dos dois quebrando o silêncio perpétuo. – Meu Deus, você é realmente um filho da puta.

(Cake) We Are YoungOnde histórias criam vida. Descubra agora