II. O meio da entrega voluntariosa de Deus é seu grande amor.

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Alem disso, Deus dá de uma maneira que, tal como sua divina majestade, vai alem de toda medida. O que Ele nos dá, não o dá como recompensa de nossa dignidade, ou de ignorância de nossa indignidade, mas sim de puro amor; Ele "amou ao mundo". Deus, como doador, realmente assim o É de todo coração, e é impulsionado por Seu amor divino, que não está condicionado por nenhum mérito da parte dos homens. Não existe nem em Deus nem nos homens uma virtude mais excelsa do que o amor. Pois por aquilo que se ama, se empenha tudo, corpo e vida. Certamente, a paciência, a castidade, a justiça, também são virtudes muito apreciáveis – no entanto, parecem pouca coisa comparadas com a virtude do amor, que é a suma de todas as demais. O que possui a virtude da justiça, dá a cada um o prêmio e a recompensa que por seus méritos lhes corresponde. Mas à aquele quem amo, a esse me entrego totalmente: para tudo o que se necessite, me acharei disposto. Assim, quando o Senhor nosso Deus nos dá algo, o dá não somente por causa de sua paciência, não somente por ser o administrador da justiça, mas sim por razão dessa virtude suprema que é o amor. Isso deve despertar nos corações humanos uma nova vida, tirar do meio deles toda tristeza, e atrair todos os olhares até o amor abismal que habita no coração de Deus – Ele, o doador máximo, doa impulsionado pela mais elevada virtude, e essa virtude confere à dádiva seu caráter tão precioso como dom que provem do amor. Quando nesse dom intervém o coração, se pode dizer "quanto aprecio esse presente, porque vejo que é de coração!" Não é tanto o presente em si que tomamos em conta, mas sim o afeto com que foi feito, o "coração": isso é o que dá seu verdadeiro valor. Se Deus me houvesse dado um só olho, um só pé, uma mão apenas, e se eu soubesse que isso Ele o fez por amor divino e paternal, eu deveria dizer: "esse olho me é mais precioso do que mil olhos." Assim mesmo, se toma consciência de que Deus lhe obsequiou o batismo, você deve sentir-se todos os dias como se já estivesse no reino dos céus – pois não é tanto o grande prestígio do batismo o que nos comove, mas sim o grande amor que Deus nos demonstra com ele.

O Presente de Deus - Martinho LuteroOnde histórias criam vida. Descubra agora