Qual é agora a maneira como posso apropriar-me dessa dádiva? Qual a bolsa, a arca em que se pode depositar esse tesouro? É a fé, a saber, a fé com que se crê – essa faz que abramos as mãos e a bolsa. Pois assim como Deus é o doador por meio do amor, nós somos os receptadores por meio da fé. Vocês não precisam a merecer mediante uma vida monástica. Suas próprias obras nada têm que ver nesse assunto. O único que deve lhes importar é que o deixem Ele dar – em outras palavras: que mantenhas a boca aberta. Eu não tenho que fazer nada, simplesmente ficar quieto, e esperar que me coloquem a comida na boca, por assim dizer. Dessa maneira o dom é dado por amor e recebido por fé. Se você crê isso: "De tal maneira amou Deus ao mundo, que há dado a seu Filho unigênito, para que todo aquele que Nele crê não se perda, mas tenha a vida eterna", então com toda certeza é salvo e bem-aventurado – porque o dom é demasiadamente grande como para duvidar-se da capacidade de tragar a morte. Como o jogar uma gotinha d'água nas chamas de um forno, assim é o pecado de todo o mundo comparado com essa dádiva. Nem bem o pecado entre em contato com Cristo, já fica também extinguido, como se extingue uma chispa de fogo quando essa cai no mar. Mas isso só acontece quando alguém se apropria desse tesouro mediante a fé e coloca em Cristo toda sua confiança. Isso é o que nos dize o texto: "De tal maneira Deus amou o mundo". Palavras áureas, palavras de vida! Queira Deus que possamos captá-las! Pois ao que pensa nessas palavras, nenhum diabo lhe pode assustar – tem que ter o coração repleto de alegria e dizer: "Tenho ateu Filho, e como testemunha me tem dado alem disso o Evangelho, quer dizer, Tua própria palavra. Já não há engano possível. O creio, Senhor, e sei que mais não tenho que fazer. Ou, se duvido, concede-me Tua graça para que eu o creia" Assim pois, aprenda cada qual crer com mais e mais firmeza – porque o crer é indispensável para receber. E dessa maneira o homem chega a ser feliz e alegre, de modo que com gosto fará tudo e padecerá tudo,porque sabe que possui um Deus que lhe é propício.
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O Presente de Deus - Martinho Lutero
EspiritualO Presente de Deus é um sermão sobre João 3:16, pregado por uma das figuras centrais da Reforma Protestante, o Reformador Martinho Lutero, em 25 de maio de 1534 para a segunda-feira do Pentecostes. "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o...