De novo não.

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“Então você respira fundo, porque sabe que se uma lágrima cair, não vai mais conseguir parar de chorar.”

As vantagens de ser invisível. - filme.


— NÃO DERRUBEM MINHA PIMENTINHA! – Ethan gritou passando por nós, enquanto os dois meninos ao meu lado se preparavam para me jogar para cima. Sorri ao tempo que segurava a barra da minha saia. Olívia olhou com uma expressão de reprovação para o irmão, que caminhava colocando seus equipamentos pro treino.

— Está tudo bem amiga, ninguém vai te derrubar. – Olívia tentou me tranquilizar. Respirei fundo e concordei com a cabeça. Os dois garotos ao meu lado, se abaixaram e seguraram na minha perna, Olívia sorriu animada, e quando eu menos esperava, os dois garotos me jogaram por ar. Eu gritei. Eles me equilibravam na palma das suas mãos, escondi o rosto com as mãos.

— Luna tira a mão do rosto! – Mia mandou, olhei entre os dedos pra ela que estava parada ao lado da Olívia, que sorria – Agora. – ela mandou novamente. Fiz o que ela pediu, respirei fundo olhando pra frente – Podem jogar meninos. – ela deu a ordem de repente.

— O que? – falei rápido – Mia não! – protestei, mas não adiantou, no mesmo segundo os garotos me jogaram para cima, me fazendo girar. Gritei de novo, e com a mesma rapidez que subi, desci caindo nos braços do dois garotos, que riram, eles me colocaram no chão – A gente pode fazer isso de novo? – perguntei sorrindo. Mia riu, mas concordou com um aceno de mão, enquanto se afastava.

— Eu estou sentindo meu corpo todo doer. – falei fechando o armário depois de pegar meus livros.

— Falei pra você se aquecer mais. – Olívia mexia na sua mochila.

— Talvez. – olhei pro corredor e vi Ethan e o meninos do time que caminhavam ao seu lado, sorri ao notar como aquela cena parecia de algum filme clichê. Quando eles passaram por nós conversando, super animados, Ethan olhou pra mim e piscou. Eu me senti boba como sempre.

— Vocês deveriam assumir logo esse relacionamento. – Olívia falou ao me olhar.

— Não começa. – avisei.

— Porque não? – ela perguntou enquanto começei a me afastar para ir para a sala, eu não respondi – Hey, me espera! – ela correu para me alcançar.

A aula era de história, e a minha concentração era quase zero. Eu estava rabiscando uma coisa qualquer no caderno, ao tempo que intercalada o olhar entre o caderno e o professor. Próximo ao horário do intervalo, algumas pessoas começaram a olhar os seus celulares, com certeza alguma fofoca senso compartilhada  nos grupos de Whatsapp. Eu não liguei no começo, mas quando os olhares e as risadinhas começaram a se voltar para mim, algo me preocupou. Olhei pra Olívia que lia alguma coisa no celular, com os olhos mais abertos que o normal, ela me olhou, eu perguntei o que era, mas ela limitouse em negar com a cabeça. Meu celular vibrou, eu não aguentei a curiosidade, peguei o celular e olhei. Meu coração quase parou quando li aquilo. Não, de novo não. O sinal tocou anunciando o final da aula.

— Luna o Ethan nunca faria isso. – Olívia disse perto de mim, e eu realmente não sabia o quanto, porque meu olhar não saia da tela do celular. Mas algumas meninas rindo de mim me tiraram daquele transe. Meus olhos se encheram de lágrimas em resultado da raiva, da vergonha e da decepção que eu estava sentindo. Peguei minhas coisas e joguei na mochila de qualquer jeito. Sai da sala com a Olívia me chamando, mas ignorei, e sem muita certeza de onde estava indo. Olhei pro final do corredor entre as pessoas que me olhavam e riam, ou apenas cochichavam e vi o Ethan, ele caminhava na minha direção, eu pensei em ir pro outro lado. Mas todas aquelas vozes ao meu redor, fizeram minha raiva crescer. Olívia segurou minha mão, mas eu me soltei de seu toque e caminhei a passos firmes até o garoto que vinha na minha direção. Senti minhas lágrimas descerem sem controle algum, quando parei na frente dele, senti uma mistura do arrependimento, com a dor que esmaga a meu peito.

Defeitos tão perfeitosOnde histórias criam vida. Descubra agora