CAPÍTULO III

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Quando alcancei a areia, estava exausta. Meu coração ainda batia acelerado, e não só pelo esforço físico, mas também pelo fato de ter encontrado uma mulher boiando em meio aquela imensidão azul. Que loucura! Tentei nadar o mais rápido que pude, eu tinha ânsia de saber como ela estava, mas não foi tão fácil nadar com apenas um braço enquanto carregava peso. Se bem que ela era pequena, não pesava tanto assim.


Ela estava desacordada, e aparentemente bem machucada. Boiava agarrada a um pedaço de madeira que provavelmente deveria ser o resto de alguma embarcação. Coloquei-a deitada na areia e chequei os sinais vitais, não havia nenhum. Levei as mãos à cabeça tentando puxar na minha memória quais deveriam ser os procedimentos corretos, eu nunca havia precisado usar esse conhecimento antes.


-- Droga! - disse começando uma massagem cardíaca - Você não pode morrer. - parei para fazer respiração boca a boca. - Vamos! Respira! Respira!


Continuei com aquela manobra por algum tempo. Meu consciente pedia para parar, dizia que ela havia morrido e não tinha mais volta. No entanto, meu coração pedia para continuar, com mais força, pedia para não desistir. Eu não podia desistir dela, não podia!


-- Vamos moça. Reage! Por favor...


Sorri sentindo um alívio dominar o meu coração quando ela começou a tossir e a cuspir água. Rapidamente a ergui e apoiei em meu colo, deixando-a quase sentada. Retirei os fios de cabelos loiros que estavam espalhados por todo o seu rosto, encontrando um pequeno corte em sua testa.


Ela estava atordoada, olhava em volta, mais necessariamente para água e parecia que ainda não havia percebido a minha presença.


-- Oi. - eu disse chamando sua atenção para mim.


Senti meu coração dar um salto, talvez cambalhotas dentro do meu peito quando ela olhou dentro dos meus olhos. Seus olhos tinham a cor daquele mar, e apesar do que acabara de passar, tinha muita doçura dentro deles. Por alguns segundos eu me perdi neles.


Ela me encarou intensamente, levando sua mão até o meu rosto. A mulher examinou cada traço da minha feição, e por último, tocou os meus lábios. Meu corpo enrijeceu diante do breve contato.


-- Oi. - ela disse ainda tossindo. - Onde eu estou?


-- Estamos na Praia do Porto.


-- Praia do Porto?


-- Sim.


Ela pressionou os lábios um contra o outro, fazendo com que o tom rosado de sua boca sumisse por alguns instantes. Seus olhos encheram-se de água e a mulher começou a chorar silenciosamente. Preocupei-me. Sentei acomodando melhor ela em meu colo.


-- Moça? Está com dor? Está sentindo algo?


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⏰ Última atualização: Mar 28, 2019 ⏰

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Quimera - Romance LésbicoOnde histórias criam vida. Descubra agora