Capítulo Único: Do meu jeito

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Donghyuck bufou pela sexta vez consecutiva desde que haviam iniciado aquela conversa que ambos sabiam não levar a lugar nenhum, mas quando bate o tédio não há nada melhor do que pôr em pauta causas perdidas. Empertigou-se no sofá da sala e fitou o rapaz diante de si, acomodado numa poltrona giratória: Minhyung o estudava de volta com aquela carranca entediada que Donghyuck aprendeu a interpretar como ninguém.

― Não estou entendendo onde você quer chegar, Hyuck.

― Não se faça de idiota, Lee Minhyung! ― Bufou sem paciência. ― Você entendeu perfeitamente o que eu disse.

Mark revirou os olhos e umedeceu os lábios, arquitetando uma resposta boa o bastante para convencer Donghyuck a deixar o assunto de lado por tempo indeterminado.

― Jagi, você sabe que eu não sou uma pessoa carinhosa ― Disse.

― Não estou pedindo que você seja um maldito meloso comigo, Mark ― o mais novo sabia que Minhyung odiava quando ele proferia seu apelido naquele tom de descaso ―, só quero que você tente ser um pouquinho mais sensível, entende?

― E tem diferença?

Donghyuck não respondeu, apenas levantou-se do sofá antes que disparasse um belo xingamento de baixo calão contra o namorado. Sentindo-se quente de raiva, marchou resignado rumo ao quarto que dividia com o canadense e fechou a porta atrás de si, permitindo-se soltar um muxoxo manhoso.

Sentou-se na cama, os braços cruzados e um bico enorme nos lábios. Já deveria estar acostumado com a falta de sensibilidade de Mark depois de longos dois anos de namoro, mas, poxa, o que custava fazer um pouquinho de esforço para tentar ser mais carinhoso? Donghyuck conhecia a personalidade do amado de cabo a rabo, não é como se não soubesse que romance e chamego definitivamente não fazem parte do repertório de Lee Minhyung, contudo nunca o viu sequer tentar demonstrar um pouco mais de carinho.

Donghyuck tinha sua carência, e tudo que mais queria era que seu namorado a extinguisse com um bom cafuné, beijinhos no rosto e declarações clichês, não apenas com uma foda intensa ― que ele jamais recusaria, claro, mas sexo não resolve tudo. Bagunçou os próprios cabelos para descontar sua frustração ao passo em que tentava estruturar em sua mente uma forma de conseguir explicitar a Minhyung seus sentimentos mais profundos em relação àquele assunto ― que já estava exaurindo suas forças.

Com o objetivo de relaxar seu corpo levemente tenso, Donghyuck seguiu para o banheiro da suíte e despiu-se sem a menor pressa. Era praticamente um ritual tomar uma bela ducha morna quando estava frustrado em alguma instância, e para ter sucesso em seu método deveria prezar, acima de tudo, a calma e a parcimônia nos movimentos. Após colocar as roupas usada no cesto de roupa suja, Lee postou-se diante do espelho acima da pia e apoiou ambas as mãos no mármore frio. Examinou o rosto de olhos brilhantes, e só então notou que havia lágrimas presas ali.

Não tinha vontade de chorar, mas decidiu liberar as gotículas quentes e salgadas. Assistiu-as cortarem suas bochechas lisas e pálidas, contornarem-lhe o queixo e morrerem no início do pescoço, preguiçosas demais para darem continuidade à jornada. Não sentiu alívio, não sentiu tristeza. Não sentiu. Já tinha se dado por vencido e tomado sua decisão: amava Minhyung independentemente do quão insensível ele pudesse ser se comparado à sua carência, não colocaria um fim no relacionamento por isso, no entanto...

O que custa, Minhyung?, pensava consigo mesmo.

Secou o rosto com as mãos e entrou no box antes de ligar o registro. Ajustou a água na temperatura certa do seu pequeno ritual e ficou ali embaixo, de olhos fechados, deixando-se molhar por completo. Esfregou seu corpo com um sabonete refrescante e lavou com cabelos com devoção para enfim encerrar o banho e enrolar-se numa toalha. Ainda no banheiro, ligou o secador e secou bem suas madeixas antes de voltar para o quarto apenas com a toalha bem presa nos quadris.

O que custa, Minhyung?Onde histórias criam vida. Descubra agora