Extra: Eu quero amar você agora

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Minhyung estava puto. Não há palavra melhor e mais objetiva para descrever o seu humor naquele momento.

Depois de duas semanas em Daegu numa viagem a trabalho, tudo que Minhyung mais queria era ser recebido por seu namorado no aeroporto com um sorriso largo e braços abertos, mas o que teve foi um Lee Donghyuck aos risos com Lee Jeno, sequer notando que Mark caminhava em sua direção.

Jeno e Donghyuck conhecem-se desde o ensino médio e nutrem uma linda e sólida amizade capaz de deixar Minhyung se remoendo por dentro. A proximidade dos dois e a intimidade que possuem provocam em Mark uma estranha sensação de desconforto capaz de ruir seu bom humor e jogá-lo num mar de frustrações e sentimentos confusos, mas todos igualmente irritadiços.

Durante as duas semanas em que o mais velho viajou, Donghyuck acabou contraindo uma gripe forte; sem o namorado por perto Jeno foi a primeira pessoa para quem pediu ajuda, então toda a vez que Minhyung telefonava para o namorado era Jeno quem atendia. Mark, além de extremamente preocupado com a saúde do companheiro, ficava fora de si ao ouvir a voz de Lee Jeno naquele tom de displicência: "Oh, olá Mark hyung. Donghyuck-ah está descansando agora. Consegui controlar a febre dele hoje cedo e estava indo até o quarto para lhe dar o remédio que o médico receitou. Vou passar o celular pro Hyuck, só um momento!". Embora seus miolos já fervessem àquela altura, toda a frustração era imediatamente deixada de lado ao ouvir a voz rouquinha e fraca de Donghyuck: "Jagiya! Como você está? Espero que esteja comendo direito e... atchim! Desculpe. Você vai demorar muito para voltar?".

As últimas semanas foram de uma tortura sem parâmetros. Mesmo ligando para o Lee mais novo todos os dias, Minhyung não conseguia deixar de se preocupar um instante sequer. Saber que Jeno estava cuidando do seu pequeno lhe causava um conflito interno entre gratidão e ciúme genuíno, do tipo que o fazia cerrar o maxilar e xingar baixinho.

E agora, quando finalmente desembarcava em Seoul, foi recebido por uma cena digna de provocação. Donghyuck só notou a presença de Mark quando o mais velho pigarreou ao aproximar-se o suficiente.

― Hyung! ― Donghyuck arregalou os olhos para o namorado e abriu um sorriso tão grande que suas bochechas quase cobriram os olhinhos brilhantes. Abriu os braços e avançou em Mark, apertando-lhe o tronco num abraço veemente. ― Finalmente, senti tantas saudades!

Minhyung não conseguiu manter a pose ao finalmente sentir o calor do corpo tão bem conhecido por si. Algo em seu peito derreteu e ele sentiu-se prestes a desfalecer: largou a mala no chão e enlaçou o menor com os braços, enterrando o rosto nos cabelos sedosos. Aspirou o cheiro gostoso do shampoo de Donghyuck e deixou que ele preenchesse seus pulmões e amansasse seus nervos.

― Também senti sua falta, jagi ― respondeu Mark com a voz abafada. Ficaram ali juntinhos por mais alguns minutos antes de se afastarem. ― Como você está? A gripe se foi por completo?

― Sim ― Donghyuck assentiu. ― Jeno-ah cuidou muito bem de mim.

E naquele momento Minhyung olhou para Lee Jeno diretamente. Sentiu raiva da forma gentil como ele sorria, dos olhos bonitos e do cabelo tão bem arrumado. É muito fácil se encantar por ele, e isso não ajudava em nada no humor do canadense.

― Ah, claro ― resmungou engolindo um gosto amargo. ― Obrigado por cuidar do Hyuckie, Jeno-ssi.

― Não precisa me agradecer, hyung ― Jeno sorriu.

― Claro que precisa! ― Donghyuck interveio. ― Se não fosse por você eu com certeza estaria doente ainda.

Mark sentiu um soco de impotência em seu estômago. Estar longe do namorado bem quando ele caiu enfermo lhe impediu de cuidar dele como queria e deveria, fato este que o atormentava como um fantasma ― nada ― camarada. Sentia-se envergonhado pela própria ausência, embora soubesse que não tinha nenhuma culpa. Sem saber o que dizer, apenas apanhou sua mala e forçou um sorriso tranquilo:

O que custa, Minhyung?Onde histórias criam vida. Descubra agora