Donghyuck se joga no sofá em meio a um suspiro exasperado, tentando acalmar seus nervos agitados. O silêncio se faz presente pela primeira vez desde a manhã ― o relógio fixo à parede da sala anuncia que são três e meia da tarde em ponto, e Donghyuck se pergunta como o tempo pode ter passado tão rápido. Ele se permite perder em pensamentos por alguns minutos, viajando até dois anos antes, quando pisou no orfanato Yang pela primeira vez ao lado de Mark.
Tomar a decisão de adotar uma criança não foi fácil para nenhum dos dois. O casal se sentia incompleto de certa forma, e até que a questão da paternidade viesse à tona demorou cerca de seis meses de muitas conversas e inseguranças ― "Será que seremos bons pais?", "E se não conseguirmos ajustar nossa rotina?", "Não sei se somos qualificados para criar uma criança". Mesmos com tantas dúvidas, os dois se comprometeram a tomar essa responsabilidade e se ajudarem em primeiro lugar, de modo a aprenderem em conjunto e oferecerem tudo de melhor para seu futuro filho ou filha.
E cá estão eles, oficialmente pais de Lee Yun, uma linda garotinha no auge dos seus quatro aninhos. Quando a adotaram, com dois anos na época, ficaram fascinados pelo modo espontâneo com o qual ela os abraçou e domou seus corações logo na primeira visita. "Ela é muito extrovertida e amorosa", disse a senhora Yang, dona e diretora do orfanato: "Desde que foi deixada aqui com meses de vida, nunca tivemos problemas com relação à interatividade por parte dela".
De início o casal penou para pegar o jeito da paternidade ― claro que tiveram muita ajuda dos seus respectivos pais ―, mas dentro de alguns meses não conseguiam sequer se lembrar de como era a vida deles sem Yun, sem todos os brinquedos, risos estridentes e correria pelo apartamento. Donghyuck sorri ao dar-se conta disso ― de como sua vida mudou em dois anos. É como estar vivendo um sonho que ele nunca pensou ser capaz de sonhar, porém não consegue imaginar sua vida sendo de outra forma agora.
O som da porta da frente abrindo e fechando instantes depois desperta Donghyuck de seus devaneios. Ele se levanta e suspira, passando as mãos pelos cabelos enquanto assiste Mark pendurar seu casaco, tirar os sapatos e deixar a pasta preta de lado.
― Hyuck! ― o canadense saúda com um sorriso e se aproxima. ― Como está, amor? ― deixa um selinho nos lábios bonitos de outrem.
― Cansado, mas bem ― responde Donghyuck. ― E você?
― O mesmo ― Mark suspira. ― E a Yun?
― Está dormindo. Brinquei um pouco com ela depois do almoço e ajudei com algumas atividades da escolinha. Ela está aprendendo a escrever o próprio nome, venha ver!
Donghyuck puxa o mais velho pelas mãos até a cozinha. Sobre a mesa redonda ainda estão dispostos os livros e cartilhas da escolinha, além do caderno e do lápis que Yun usava antes. No topo da folha pautada, em uma caligrafia torta, desajeitada e meio grotesca, o nome "Yun" encontra-se escrito. Mark sorri largo, com os olhos brilhando como quem encara a coisa mais preciosa do mundo ― e de fato é. Donghyuck deita a cabeça em seu ombro e suspira.
― Lindo, não é? Tive que me controlar pra não chorar na frente dela... Nossa princesinha está crescendo tão rápido, hyung.
Mark solta um riso nasal e concorda com a cabeça, praticamente sem palavras. A sensação que lhe preenche o peito é de orgulho: morno, intenso e quase palpável. Ele abraça Donghyuck pelos ombros, firme e amoroso, sob um silêncio embebido de admiração.
― Acha que ela vai sofrer quando estiver no ensino fundamental? Digo, por ter dois pais...
O coreano lhe encara, analisando o cenho repentinamente sério do parceiro. Essa é uma preocupação inevitável, e o próprio Donghyuck já se pegou pensando nisso, mas há coisas tão belas para desfrutar que todos os possíveis conflitos tornam-se banais.
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O que custa, Minhyung?
FanfictionDonghyuck sempre soube que Mark não é o que se poderia chamar de "romântico", mas mesmo assim ainda tenta fazê-lo entender que uma pitada de chamego e um punhado de palavras doces são essenciais quando se tem um namorado carente. [ Markhyuck, fluffy...